quarta-feira, 30 de junho de 2010

Ciclo de vida dos flebótomos


Regis enviou uma boa indicação de vídeo sobre o ciclo de vida dos flebótomos:
“Oi Pessoal,
O link abaixo mostra um video no site do Washington Post com o Dr. Ed Rowton explicando o ciclo de vida dos flebotomos no seu insetario no Walter Reed.
Abracos,
Regis.”
Abaixo o vídeo do Washington Post:

terça-feira, 29 de junho de 2010

Mais um artigo do LIMI publicado sobre a patogênese da malária grave


ResearchBlogging.org
Post de Bruno B. Andrade
São várias as evidências recentes de que o heme apresenta forte associação com a malária grave. A maioria das publicações envolve a enzima heme oxigenase-1 (HO-1) na proteção contra a malária cerebral e outras complicações da infecção causada pelo Plasmodium falciparum. Por muito tempo, inclusive no Brasil, a gravidade da malária causada pelo Plasmodium vivax foi negligenciada, por ser considerada “benigna”. No Brasil e em várias outras localidades, há um aumento de notificações de casos atípicos e internações causadas pela malária vivax. É muito importante, portanto, descrever os mecanismos gerais da imunopatogênese da malária vivax, juntamente com os mediadores determinantes de gravidade. Neste contexto, pesquisadores do LIMI exploraram a questão do balanço inflamatório e de biomarcadores na malária vivax em dois artigos publicados neste ano (Andrade et al Malar J 2010 e Andrade et al Plos Negl Trop Dis 2010). De acordo com estes trabalhos, a gravidade da malária vivax mostra-se fortemente associada com um balanço de mediadores que favorece a inflamação sistêmica. Dentre os mediadores descritos, a enzima superóxido dismutase-1 (SOD1) apresenta-se como forte candidato a biomarcador da malária grave.
Faltava ao grupo esclarecer se a SOD1 ou mesmo o heme teriam algum papel na patogênese da malária vivax. Esta questão foi esclarecida no mais novo artigo do grupo em malária, publicado recentemente na edição de 15 de Julho do Journal of Immunology (Epub ahead of print in June 18 - doi:10.4049/jimmunol.0904179). O grupo propõe um dos fatores contribuintes para a malária vivax grave é a liberação de heme em razão da intensa hemólise. O heme regula negativamente a liberação de prostraglandina E2 e TGF-beta, de maneira semelhante ao que já foi publicado sobre a hemozoína (produto da metabolização da hemoglobina pelo Plasmodium) por outros grupos. A novidade do trabalho é mostrar justamente que essa regulação feita pelo heme depende da SOD-1, e não da HO-1. 
Várias questões surgem depois da publicação destes achados., incluindo: 
  1. Quais são as diferenças entre o heme e a hemozoína em termos de ação sobre o sistema imune? Os dados até agora são escassos.
  2. Este fenômeno é restrito a casos específicos de malária vivax? Para responder isso, os resultados precisam ser validados em outras áreas endêmicas no Brasil e no mundo.
  3. Será que a SOD1 é mais importante que a HO-1 na patogênese da malária grave? Os resultados experimentais sugerem fortemente que a HO-1 tem papel importante na malária grave. Falta verificar o quanto a SOD1 é importante em outros fenômenos envolvidos nos desfechos graves da doença.
  4. Qual a vantagem em investir na SOD1 para combater a malária grave? Há já disponível uma medicação que é capaz de reduzir a atividade da SOD1. O DETC (diethyldithiocarbamate), inclusive já foi usado em pacientes com HIV e mostrou poder de retardar a progressão da infecção. Resta avaliar se o tratamento com inibidores da SOD1 podem ter valor terapêutico na malária grave.
Esta não é a primeira incursão do grupo na compreensão dos efeitos da SOD1 sobre o sistema imune. Ainda em 2009, o LIMI publicou também no Journal of Immunology interessantes resultados que indicam que a SOD1 apresenta um papel deletério na leishmaniose, na medida em que reduz a produção de íons superóxidos e diminui o poder microbicida de macrófagos humanos (Khouri et al J Immunol 2009).

Andrade, B., Araujo-Santos, T., Luz, N., Khouri, R., Bozza, M., Camargo, L., Barral, A., Borges, V., & Barral-Netto, M. (2010). Heme Impairs Prostaglandin E2 and TGF-  Production by Human Mononuclear Cells via Cu/Zn Superoxide Dismutase: Insight into the Pathogenesis of Severe Malaria The Journal of Immunology DOI: 10.4049/jimmunol.0904179

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Hipertenso e vai acompanhar jogo do Brasil? coma chocolate escuro antes!

ResearchBlogging.org
O chocolate tem sido objeto de grande atenção científica e temos acompanhado. o assunto neste blog (aqui o último post neste tema), assim como foi comentado por Luis Claudio no seu blog "Medicina Baseada em Evidências", em relação ao benefício cardiovascular (aqui). 
Há pouco tempo, o Hypertension, da American Heart Association, publicou o trabalho “Does Dark Chocolate Have a Role in the Prevention and Management of Hypertension? Commentary on the Evidence” (Hypertension. 2010;55:1289). Os autores revisam 13 estudos de qualidade que investigaram o efeito do chocolate sobre a pressão arterial. O consumo de chocolate escuro levou a uma redução da pressão em 6 dos 7 estudos abertos mas em somente 1 dos 6 estudos duplo cegos. Estes achados podem levar à suspeita de um efeito placebo. Além do mais, resta a dúvida se é realmente possível conduzir um estudo realmente às cegas sobre o consumo de chocolate. O que poderia ser usado como placebo? O que poderia ser usado para ter a textura, gosto e odor de chocolate escuro?
Vários fatores dificultam a comparação dos estudos: Eles foram realizados com número baixo de indivíduos; os métodos de medida da pressão arterial foram diferentes, alguns utilizaram equipamentos com baixa acurácia. 
Algumas perguntas não foram esclarecidas: o efeito do chocolate é dose e/ou tempo dependente? há uma relação entre o nível inicial da pressão o efeito do chocolate?
Para complicar ainda mais, foram usadas diferentes marcas de chocolate. É sabido que os processamento para preparo do chocolate altera a composição química do chocolate, incluindo o seu teor de flavonoides. Tudo isto, somado aos resultados conflitantes, leva a que a revisão conclua que o efeito do chocolate sobre a pressão arterial não é passível de conclusão clara. 
Um ponto importante é que não há indicações que o chocolate leve ao aumento da pressão arterial. Os autores concluem num tom positivo:
“Addressing the unanswered questions through high-quality research has potential to establish that dark chocolate/cocoa lowers BP and to optimize its antihypertensive effects while retaining and even amplifying other beneficial actions. The research portfolio should seek to identify adverse effects of dark chocolate and to define the proportion of the at-risk population for whom it is an acceptable long-term intervention. Addressing the unanswered questions may lead to a palatable recommendation for reducing cardiovascular risk for millions of prehypertensive and hypertensive people.”
Mesmo que ainda não possamos abater os gastos de chocolate como tratamento de saúde, já podemos consumi-lo pela possibilidade de ação terapêutica, mesmo que seja pelo efeito placebo.
Declaração de conflito de interesse: Não tenho ações de companhias de chocolate, não tenho fazendas de cacau, mas gosto bastante de chocolate.


Egan, B., Laken, M., Donovan, J., & Woolson, R. (2010). Does Dark Chocolate Have a Role in the Prevention and Management of Hypertension?: Commentary on the Evidence Hypertension, 55 (6), 1289-1295 DOI: 10.1161/HYPERTENSIONAHA.110.151522

domingo, 27 de junho de 2010

Raul canta Cambalache

Eu só descobri isto ontem (Obrigado Nassif).
Raul Seixas, sempre surpreendente, fez uma versão de Cambalache. O original é muito bom e a versão também.
Coisas de domingo:

sábado, 26 de junho de 2010

Um único pesquisador levou o Fator de Impacto de uma revista para o segundo lugar geral

O amigo Benildo Cavada, Professor da UFC, enviou uma bomba sobre como pode ser fácil fazer disparar o fator de impacto de uma revista. O fator de impacto da Acta Crystallographica - Section A aumentou, no último ano, mais de 20 vezes passando para 49.9, maior que o do New England Journal of Medicine, Cell etc. Ela ficou no segundo lugar no ranking de TODAS as revistas analisadas pelo ISI.
Como isto aconteceu? Se deveu à publicação de um único artigo "A short history of SHELX," o qual foi citado mais de 6.600 vezes. O artigo revia o desenvolvimento do sistema computacional SHELX. O artigo inclui uma frase que instrui os leitores a citar o paper quando os programas SHELX, de código aberto, são usados para determinação de estrutura cristalográfica.
Isto é uma demonstração clara de como o sistema é sujeito a manipulações. Vários outros pequenos estratagemas têm sido empregados por editores. Tudo isto deve nos levar a ser bastante cautelosos no julgamento de fatores de impacto e, principalmente, analisar o artigo e não analisar somente a revista onde foi publicado.
----- Mensagem encaminhada ----
De: ….>
Para:….
Enviadas: Terça-feira, 22 de Junho de 2010 9:37:01
Assunto: [ccp4bb] Impact Factors
Dear all,
We are all used to the tyranny of impact factors: high impact publication in "well esteemed" journals, as dictated by the Supreme Authority - excuse me, I meant  Thomson Reuters - often substitutes the judgement of interview panels, grant review panels and sometimes is a decision-maker for lazy referees. A 'high impact' publication in your CV often counts as much as consistent work done for years and is considered the gateway for good jobs and careers. And, alas, your Acta Cryst papers, would not count ...
Since yesterday though, a single person, no other than the ccp4bb bulletin board subscriber and contributor, and an emblematic figure of our community, George Sheldrick, has managed with one action to showcase the flaws of this system. Since yesterday, officially, the top ranking journal according to the official Thomson Reuters Impact factor is: Acta Crystallographica Part A. How was that made possible? Simply by publishing a 'short history about SHELX' and requesting users to cite it. It took two years, but now Acta A has displaced Cell, Nature, Science and even New England Journal of Medicine from the top ranks.
Well, good luck to all the methods-folk who are up for tenure, here is your chance guys and girls ... it will not last long!!!
Best regards,
T…..
Specifically, the publication with second highest impact factor in the "science" category is Acta Crystallographica - Section A, knocking none other than theNew England Journal of Medicine from the runner's up position. This title's impact factor rocketed up to 49.926 this year, more than 20-fold higher than last year. A single article published in a 2008 issue of the journal seems to be responsible for the meteoric rise in theActa Crystallographica - Section A's impact factor. "A short history of SHELX,"by University of Göttingen crystallographer George Sheldrick,which reviewed the development of the computer system SHELX, has been cited more than 6,600 times, according to ISI. This paper includes a sentence that essentially instructs readers to cite the paper they're reading -- "This paper could serve as a general literature citation when one or more of the open-source SHELX programs (and the Bruker AXS version SHELXTL) are employed in the course of a crystal-structure determination." (Note: This may be a good way to boost your citations.)

sexta-feira, 25 de junho de 2010

D.Jandira no dia do Brasil vs Portugal


Hoje é um dia edipiano, embora não chamemos a Portugal da mãe pátria. Melhor não lembrar 1966, quando perdemos para os lusos comandados por Eusébio na Inglaterra.
Vamos assim tratar de outra coisa. Você conhece D. Jandira?
Do site dela:
“Dona Jandira
Quem sou eu
Nascida em Maceió, Alagoas, vinda de uma família de músicos, não seguiu a carreira de cantora, muito pelo preconceito da época. Trabalhou durante muito tempo como professora (formada em Pedagogia) e artesã, motivo pelo qual veio para Minas Gerais. Aos 66 anos de idade, resolveu se inscrever na Ordem dos Músicos para coordenar o coral "Os bem-te-vis", fundado por ela. Durante sua avaliação, estava presente na banca examinadora um dos diretores da ordem, José Dias, um experiente músico, compositor e arranjador, enfim, uma pessoa de extrema sensibilidade, que ao ouvi-la, percebeu que ali estava um grande talento. A partir do seu primeiro show (13/12/2004) tornou-se uma das mais requisitadas artistas do gênero. Em seu repertório, Dona Jandira preocupa-se em resgatar o que há de melhor da nossa MPB. Músicas de Lupcínio Rodrigues, Dolores Duran, Cartola, Chico Buarque, Paulinho da Viola, Tom Jobim, Vinícius de Morais dentre outros grandes nomes, ganham um brilho especial com sua voz e estilo peculiar. Excelente intérprete, dona de uma belíssima voz e uma alegria contagiante, Dona Jandira atinge o público de todas as idades, emocionando a todos por onde passa.”
Veja D. Jandira cantando Na Baixa do Sapateiro

quarta-feira, 23 de junho de 2010

O artigo científico e seus impactos


Fiz uma apresentação para os alunos da PG da área da saúde da UFMA sobre o artigo científico e seus impactos.
Coloco a apresentação abaixo.
Há vários que precisariam de audio para explicar melhor, mas não tenho capacitação para colocar uns trechos de audio para explicar. 
Um dos trechos que necessita explicação é o referente aos ítens do artigo científico. Não tentei ser abrangente,  somente comentei alguns pontos que ou vejo maiores problemas.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Imunologia 2.0 Onde está o futuro da imunologia?


Uma série de artigos, de muito boa qualidade, sobre as perspectivas  da imunologia está no número atual da Nature Immunology em comemoração aos seus 10 anos.
Veja a lista:
Innate immunity: quo vadis? por Ruslan Medzhitov
doi:10.1038/ni0710-551
Illuminating emergent activity in the immune system by real-time imaging, por Matthew F Krummel
doi:10.1038/ni0710-554
The future of mucosal immunology: studying an integrated system-wide organ, por Navkiran Gill, Marta Wlodarska & B Brett Finlay
doi:10.1038/ni0710-558
Understanding immunity requires more than immunology, por Kevin J Tracey
doi:10.1038/ni0710-56
Tools and landscapes of epigenetics, por Alexander Tarakhovsky
doi:10.1038/ni0710-565
O blog do The Scientist, ao comentar esta série de artigos, enfatizou a escolha entre o dirigir o foco para o sistema nervoso, para as mucosas ou aprofundar nas suas perguntas internas. O post (Immunology 2.0: brain, gut?) é interessante.
“Tracey's interests lie in the intersection of neurophysiology and immunology, which took the spotlight after the discovery that action potentials of the vagus nerve regulate the release of cytokines from the spleen and other organs. "That's just the beginning. I think there is going to be a lot of nerves and a lot of circuits that control the immune system," Tracey told The Scientist. If so, future medical devices to control these circuits may act like immune-system pacemakers, Tracey predicted, and when implanted along nerves could treat inflammatory diseases including arthritis, colitis, diabetes, heart disease and arteriosclerosis. 
B. Brett Finlay, in contrast, argues that the future of immunology lies in the gut. ... differences in intestinal microbes can have substantial effects on the immune system. Even which company a lab buys their mice from can influence the mice's gut microbiota, which in turn influences their immune system and immune response. "Knowing what we know now, it might explain why one lab finds one thing and another finds another," said Finlay. 
... Ruslan Medzhitov, an immunologist at the Yale University School of Medicine, argues the field should go back to basics ... 
These "gaps" include how the immune system protects against each different type of invader, how and why some immune responses are protective while others aren't, how bodies sense and interact with commensal and pathogenic microbes, and a better understanding of the body's black box of type two immunity -- the response to parasites and allergens, characterized by a stronger antibody response. "There is no knowledge of how allergens work," said Medzhitov. “
Muito bons textos. Melhor lê-los antes do próximo jogo da seleção.
Ilustração: Obtida do texto de Ruzlan Medzhitov.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Ciência para reduzir a pobreza


“Meeting the interlinked global challenges of poverty reduction, social justice and environmental sustainability is the great moral
and political imperative of our age”
Para quais problemas deve se voltar a atividade científica? Para muitos, a resposta é simplesmente para as grande perguntas capazes de aumentar a nossa compreensão sobre o mundo que nos cerca. Esta é, em grande parte, a agenda dos países desenvolvidos e, por inércia, reproduzida em quase todos os outros países, inclusive, em boa parte, o Brasil. Seguir os temas internacionais é confortável, possibilita o aumento da visibilidade da ciência, e dos cientistas, locais. Tudo isto aumenta as possibilidades de formação de pessoal capacitado em ciência e participação em projetos conjuntos internacionais.
Há, contudo, uma outra agenda para a ciência que tende a ser negligenciada. A ciência para reduzir as desigualdades. Há pouco foi lançado o New Manifesto alertando para que “Vivemos num tempo de avanços científicos e tecnológicos sem precedentes. O mundo está cada vez mais globalizado e interconectado, contudo a pobreza aumenta, o meio ambiente está em crise e o progresso para atingir os objetivos de desenvolvimento do milênio está interrompido.”
O primeiro parágrafo do documento é bastante informativo: 
“O gasto anual com pesquisa e desenvolvimento ultrapassa um trilhão de dólares. Os objetivos militares e relacionados com segurança são a maior área de gasto. Contudo a cada dia, nas regiões mais pobres do mundo, milhares de crianças morrem de doenças relacionadas com a água, mais de um bilhão de pessoas passa fome e mais de mil morre durante a gravidez ou ao nascer. Ao mesmo tempo, as futuras gerações enfrentam enormes desafios sociais, ambientais e econômicas de ameaças relacionadas com a mudança climática. A governança global, a economia e a política frequentemente trabalham contra os interesses dos povos e países mais pobres, aumentando as desigualdades”.
Muitos devem pensar que se trata de algum manifesto venezuelano ou cubano, talvez com parceria iraniana. Ledo engano. O New Manifesto é da STPES Centre, da Universidade de Sussex, do Economic and Social Research Council e do Institute of Development Studies e foi lançado na Royal Society em Londres. O novo Manifesto prossegue esforço já desenvolvido antes. Em 1970, um documento denominado The Sussex Manifesto ajudou a moldar o pensamento da ciência e tecnologia para o desenvolvimento. Como estamos hoje e do que precisamos para progredir nos objetivos de reduzir as desigualdades? A iniciativa New Manifesto visa, justamente, reorientar este esforço.
Para que o novo manifesto não seja apenas um documento que expressa boas intenções mas que se transforma em letra morta, é necessário criar os meios para que cientistas se dediquem aos temas da agenda da redução das desigualdades. Será necessário financiar, com ênfase, tópicos desta agenda e promover uma alteração nos critérios de avaliação da atividade científica, com inclusão de medidas que avaliem o progresso no avanço dos temas desta nova agenda.
A partir de 2003, o Brasil passou a implementar uma política de valorização de atividades científicas para inclusão social. Foi mesmo criada uma Secretaria específica no Ministério de Ciência e Tecnologia e vários editais foram lançados neste tema. Apesar disto, a atividade científica neste aspecto é insipiente e não avançamos nos critérios de valorização acadêmica destas atividades. Precisamos ser mais incisivos nestes aspectos.

domingo, 20 de junho de 2010

Lançado edital de R$ 41 milhões para o Programa Nacional de Pós-Doutorado

"Chamada é fruto de parceria entre o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Inscrição vai até 2 de agosto





O edital destinará R$ 41,25 milhões para incentivar a atuação de jovens doutores em projetos de pesquisa. A nova edição do Programa foi lançada na 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), com a assinatura das três agências durante a cerimônia de abertura do evento, em 26 de maio.
O PNPD incentiva a absorção de jovens doutores nos projetos de pesquisa e desenvolvimento em áreas estratégicas para o país, reforçando a pós-graduação e os grupos de pesquisa nacionais, além de apoiar empresas de base tecnológica (EBT), entidades setoriais de apoio à pesquisa, desenvolvimento e inovação nas empresas (ETS) e núcleos de inovações tecnológicas (NIT) das instituições científicas e tecnológicas (ICT), que incluirão esses novos doutores em seus projetos.
Parcela mínima de 30% do valor total do edital será destinada a projetos a serem desenvolvidos por pesquisadores vinculados a instituições executoras sediadas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Os projetos aprovados pelo edital terão a concessão de bolsa de pós-doutorado, no valor mensal de R$ 3,3 mil, paga pelas agências, além de recursos de custeio para o bolsista no valor anual de R$ 12 mil.
As propostas também poderão prever contrapartida de outras instituições que sejam parceiras do projeto, como exemplo as fundações estaduais de amparo à pesquisa (FAP), empresas, institutos de pesquisa, instituições de ensino superior, fundações universitárias, organizações não-governamentais, entre outras.

As inscrições devem ser feitas por meio do Formulário de Propostas On-line disponível em:

-Linha 1 (projetos vinculados a programas de pós-graduação):www.capes.gov.br

- Linhas 2 (projetos vinculados a empresas) e 
3 (projetos vinculados a grupos de pesquisa)www.carloschagas.cnpq.br

A divulgação dos resultados e o início das contratações estão previstas para setembro de 2010."

Confira o edital na íntegra:http://www.cnpq.br/editais/ct/2010/028.htm
(Assessoria de Comunicação do CNPq)

sábado, 19 de junho de 2010

101 Razões para tomar café


O blog AMICOR, do Dr. Aloyzio Achutti, publicou recentemente um post sobre o livro "101 Razões para Tomar Café". 
Segundo o texto de divulgação no site da editora: 
“Um estudo definitivo sobre a bebida: saúde, história, sabor e cultura ... o resultado de anos de pesquisa do médico Darcy Roberto Lima. Direcionado aos apaixonados por café, o autor transformou seus estudos em conteúdo leve e inédito sobre a bebida e publica, pela Café Editora, o livro 101 Razões para Tomar Café. … E sendo o Brasil um dos maiores países produtores do grão e contabilizando tantos amantes da bebida, não poderíamos deixar de encontrar 101 razões para mostrar por que somos tão apaixonados por ele.”
Sobre o autor o texto da editora diz (acrescentei o vínculo para o CV Lattes): “Darcy Roberto Lima (CV Lattes) é gaúcho de Cruz Alta, médico e escritor. É ... professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde pesquisa os efeitos do café na saúde humana há mais de vinte anos. .... Depois de oito anos de trabalho os pesquisadores concluíram que o consumo diário e moderado de café é benéfico ao cérebro, pois a bebida estimula o sistema de vigília, aumenta a atenção, a concentração e a memória, melhorando assim a atividade intelectual.”
Sobre o autor, olhei o seu CV Lattes e encontrei a produção listada mais abaixo. O texto da Science WAKE UP SMELL THE RESEARCH (5 March 1999:Vol. 283. no. 5407, p. 1445) não é um artigo publicado por ele, mas um texto onde ele é citado:
"It's a brand new area," says psychiatrist Peter Martin, who hatched the idea with a Brazilian pharmacologist, Darcy Roberto Lima of the University of Rio de Janeiro. "Not much is known" about what makes coffee tick, says Martin, because "everybody's focused on caffeine."
Ou seja, não encontrei trabalhos sobre café exceto o primeiro, mas este, no site do PubMed, aparece como uma publicação de dados preliminares:
Acta Pharmacol Sin. 2000 Dec;21(12):1059-70.
Can coffee help fighting the drug problem? Preliminary results of a Brazilian youth drug study.
Não tenho conflito de interesse: Gosto bastante de café, mas não conheço o livro ou o autor, portanto o texto acima é de divulgação, não de recomendação. Não tenho publicações com dados originais  nem projetos no tema do café.
Ilustração: do site da Editora.

LIMA, D. R. A. . CAN COFFEE HELP FIGHTING THE DRUG PROBLEM?. Acta Pharmacologica Sinica (Shànghai), v. 21, p. 1057-1216, 2000.
2
LIMA, D. R. A. . WAKE UP AND SMELL THE RESEARCH. SciencepastedGraphic.pdf, v. 283, p. 1445, 1999.
3
LIMA, D. R. A. . HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA: CIVILIZAÇÕES ANTIGAS. Informação Psiquiátrica, v. 17, p. 34-38, 1998.
4
LIMA, D. R. A. . HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA: GRÉCIA CLÁSSICA. Informação Psiquiátrica, v. 17, p. 77-79, 1998.
5
LIMA, D. R. A. . HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA: IDADE MÉDIA E RENASCENÇA. Informação Psiquiátrica, v. 17, p. 119-120, 1998.
6
LIMA, D. R. A. . HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA: ERA FREUD. Informação Psiquiátrica, v. 17, p. 1, 1998.
7
LIMA, D. R. A. . HISTÓRIA DA PSIQUIATRIA: PSIQUIATRIA MODERNA. Informação Psiquiátrica, v. 17, p. 154-155, 1998.
8
SANTOS, R. M. M. ; LIMA, D. R. A. . AIDS, DROGAS E OS JOVENS. Pediatria Moderna, v. XXXIII, p. 169-176, 1997.
9
SANTOS, R. M. M. ; LIMA, D. R. A. . OS JOVENS E AS DROGAS. Pediatria Moderna, v. XXXIII, p. 128-136, 1997.
10
LIMA, D. R. A. . FARMACOCINÉTICA CLÍNICA. Pediatria Moderna, v. XXX, p. 466-480, 1994.
11
LIMA, D. R. A. . MONITORIZAÇÃO TERAPÊUTICA EM PEDIATRIA. Pediatria Moderna, v. XXX, p. 481-486, 1994.
12
LIMA, D. R. A. . FARMACOGENÉTICA. Pediatria Moderna, v. XXX, p. 487-489, 1994.
13
LIMA, D. R. A. . ADERÊNCIA AO TRATAMENTO E AUTOMEDICAÇÃO FAMILIAR. Pediatria Moderna, v. XXX, p. 490-494, 1994.
14
LIMA, D. R. A. . TERATOLOGIA. Pediatria Moderna, v. XXX, p. 495-502, 1994.
15
LIMA, D. R. A. . DOENÇAS IATROGÊNICAS MEDICAMENTOSAS. Pediatria Moderna, v. XXX, p. 503-515, 1994.
16
LIMA, D. R. A. . FARMACOVIGILÂNCIA. Pediatria Moderna, v. XXX, p. 516-523, 1994.
17
LIMA, D. R. A. . PESQUISA HUMANA E ENSAIOS CLÍNICOS. Pediatria Moderna, v. XXX, p. 524-531, 1994.
18
LIMA, D. R. A. . PROBLEMAS COMUNS EM PEDIATRIA. Pediatria Moderna, v. XXX, p. 532-556, 1994.
19
LIMA, D. R. A. . DOENÇAS CARDIOVASCULARES. Pediatria Moderna, v. XXX, p. 557-586, 1994.
20
LIMA, D. R. A. . DOENÇAS RESPIRATÓRIAS. Pediatria Moderna, v. XXX, p. 587-600, 1994.
21
LIMA, D. R. A. . DOENÇAS RENAIS. Pediatria Moderna, v. XXX, p. 601-619, 1994.
22
LIMA, D. R. A. . DOENÇAS INFECCIOSAS. Pediatria Moderna, v. XXX, p. 620-641, 1994.
23
LIMA, D. R. A. . DOENÇAS NEUROPSIQUIÁTRICAS. Pediatria Moderna, v. XXX, p. 642-657, 1994.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Morte de Saramago: “o mundo ficou ainda mais burro e ainda mais cego hoje"


Faleceu hoje José Saramago, o primeiro escritor de língua portuguesa receber um Prêmio Nobel de literatura. Aos 87 anos, deveríamos estar preparados para este desfecho, contudo, quando faltam valores fortes para se contrapor às desigualdades e injustiças, creio que alimentávamos o desejo, irreal, de que sobrevivesse ainda muito.
As misérias do mundo estão aí, e só há dois modos de reagir diante delas: ou entender que não se tem a culpa e, portanto, encolher os ombros e dizer que não está nas suas mãos remediá-lo — e isto é certo —, ou, melhor, assumir que, ainda quando não está nas nossas mãos resolvê-lo, devemos comportar-nos como se assim fosse.  La Jornada, México, 3 de Dezembro de 1998”
Escreveu ainda ocasionalmente no blog, mas com pouca frequencia.
A morte de Saramago é uma grande perda para o mundo, na literatura e no pensamento favorável à redução das desigualdades sociais. No pensamento e na defesa das idéias de esquerda Saramago continuava inquebrantável. Já com mais de 80 anos alimentava regularmente o seu blog, onde denunciava as injustiças e a beligerância da política capitalista.
“Esta palavra esperança, com maiúscula ou sem ela, o melhor é riscá-la do nosso vocabulário. Só os exilados e os desterrados que se conformaram com o desterro e o exílio a devem usar, à falta de melhor. Dá-lhes consolo e alívio. Os não conformados têm outra palavra mais enérgica: vontade.” “Esta palavra esperança”, in Deste Mundo e do Outro, Editorial Caminho, 7.ª ed., P. 153.


Em agosto de 2009, Saramago suspendeu a atividade no seu blog (Caderno de Saramago) indicando que iniciava um novo livro.
"Às despedidas sempre conveio que fossem breves. Não é isto uma ária de ópera para lhe meter agora um interminável adio, adio. Adeus, portanto. Até outro dia? Sinceramente, não creio. Comecei outro livro e quero dedicar-lhe todo o meu tempo. Já se verá porquê, se tudo correr bem. Entretanto, terão aí o “Caim”".

Riscada a esperança, a morte de Saramago deve reforçar a nossa vontade de lutar pela justiça social.


Veja Saramago falando da situação atual:


A frase do título é de Fernando Meirelles.
Foto de Saramago, em Lanzarote, por Pedro Walter publicada hoje no El Pais.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Futebol científico: A trajetória da bola prevê os resultados do jogo?


ResearchBlogging.org
Uma abordagem científica do futebol foi publicada no PLoS One ontem (16.06.2010). Três cientistas de universidades americanas e do Departamento de Ciências da Computação e Matemática da Universitat Rovira i Virgili de Tarragona na Espanha, publicaram o trabalho Quantifying the Performance of Individual Players in a Team Activity”. O timing da publicação parecia ideal. No mesmo dia a seleção espanhola fazia sua primeira partida no Mundial da África do Sul e todos (até os suiços) esperavam que o jogo contra a seleção suiça fosse um treino a mais para a excelente seleção espanhola. Neste aspecto, os preparativos falharam. Pelo imponderável que faz do futebol o esporte mais popular do planeta, a “Furia” foi derrotada pela desacreditada seleção helvética.
Voltando à publicação (e esquecendo a decepção de ver uma seleção de jogo bonito e ofensivo ser derrotada por um time retranqueiro): os autores desenvolveram um programa computacional que analisa a trajetória da bola e atribui pontos para passes feitos com precisão e por passes que resultem em chutes a gol. Segundo a explicação do último autor (citado no blog da Nature), o sistema de pontuação valoriza o chute a gol e não o resultado final: "There's lots of luck involved in actually getting it in".  
A partir deste sistema, creio que começo a entender o problema da Espanha no futebol: Somente a trajetória da bola em direção ao gol e o papel de cada jogador neste aspecto entra no sistema do programa, que calcula as habilidades do time e dos jogadores.  Entendo muito pouco de futebol, mas a minha intuição brasileira me leva a pensar justamente ao contrário deste programa, NÃO importa a trajetória da bola, o que interessa é que ela entre no gol. O gol de Maicon contra a (poderosa) Coréia do Norte confirma (a mim me parece) este aspecto. A trajetória foi muito improvável mas o resultado fundamental. Veja esta frase “the program follows the ball, it assigns points for precise passing and for passes that ultimately lead to a shot at the goal. Whether the shot succeeds doesn't matter.”  Como assim? Para mim é o contrário. O programa não valoriza o gol? Acho que eles não entenderam o próprio significado da palavra goal, o objetivo do jogo. Mesmo para mim que nunca consegui jogar futebol, sempre foi muito evidente que goal é o objetivo do jogo, ou seja o objetivo é que a bola ENTRE e não somente chutar a bola na direção do gol. 
Apesar de tudo isto, quando o programa foi usado para analisar os dados da copa da UEFA em 2008, os índices obtidos se correlacionaram, e as manifestações de repórteres e técnicos que avaliaram os jogos. O que isto significa? A trajetória da bola e a intensidade do ataque se correlaciona, em média, com o  desempenho, mas esta não é a base da emoção no futebol. O que traz emoção ( e muitas vezes, decepção) é a frequencia com que os resultados saem desta análise. O que os autores não mostraram é o valor preditivo positivo da sua abordagem. Qual a probabilidade que uma análise como feita pelo programa desenvolvido preveja o resultado da partida? Quer a minha opinião? Ainda deve estar muito baixo o valor preditivo deste programa. 
“A ciência estrita - a ciência matematizável - é alheia a tudo que é mais valioso para o ser humano: suas emoções, seus sentimentos, suas vivências de arte e justiça, suas angústias metafísicas.”
Ernesto Sábato.
com as minha desculpas por citar um argentino em plena Copa.

Duch, J., Waitzman, J., & Amaral, L. (2010). Quantifying the Performance of Individual Players in a Team Activity PLoS ONE, 5 (6) DOI: 10.1371/journal.pone.0010937

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Anticorpos plásticos (nanopartículas) reconhecem e removem toxinas in vivo


ResearchBlogging.org
Foi relatado recentemente, pela primeira vez, que nanopartículas de plástico, modeladas por imprint molecular como anticrpos sintéticos, funcionam in vivo. O trabalho Recognition, Neutralization, and Clearance of Target Peptides in the Bloodstream of Living Mice by Molecularly Imprinted Polymer Nanoparticles: A Plastic Antibody  foi publicado no J. Am. Chem. Soc. (2010, 132: 6644–6645. DOI: 10.1021/ja102148f).
A melitina (um peptídeo citolítico de 26 aminoácidos é o principal componente ativo do veneno da abelha) foi colocada sobre uma solução contendo monomeros plásticos, os quais ao se ligarem entre si em volta da molécula formavam um molde da melitina. Após a retirada da melitina restava uma estrutura plástica que reconhecia as saliências e reentrâncias da molécula alvo. Estas técnicas de imprinting molecular têm evoluido e começam a ser usadas para peptídeos. Os autores mostram que as moléculas obtidas neste estudo apresentam afinidade e seletividade, assim como tamanho, semelhante às dos anticorpos naturais.
O grande desafio das moléculas de anticorpos sintéticos é o seu uso in vivo. Além dos problemas de afinidade há outros fatores que podem influir na atividade destas moléculas numa situação real: tanto o seu “encapsulamento” por moléculas do soro quanto a possibilidade da molécula sintética induzir toxicidade, ou ativar mecanismos inflamatórios ou, ainda, estimular uma resposta imune contra ela. 
Um dos destaques do trabalho é justamente demonstrar que a injeção in vivo destas nanopartículas foi capaz de proteger camundongos que receberam doses letais de melitina. A injeção de melitina em dose elevada levou à mortalidade de 100% dos animais, enquanto nos camundongos injetados com a mesma dose de melitina e 20s depois com a nanopartícula derivada do imprinting de melitina (MIP-NP) tiveram uma redução de mortalidade que foi estatisticamente significante. Aqui, contudo, há um problema sério no trabalho: nanopartículas de mesma composição feitas sem a presença da melitina (NIP-NP) também levam à proteção, embora menor que a observada com a nanopartículas do imprinting com melitina. Na figura ao lado a linha  verde representa os animais injetados som com a melitina, enquanto as outras representam os animais injetados com melitina e MIP (vermelha) e NIP (cinza). Os autores comparam a linha de MIP contra a do controle e mostram que há uma diferença siginficante pelo teste de Wilcoxon. A mesma comparação feita com a linha do NIP mostra diferença não significante. Contudo, noções elementares de estatística indicam que a comparação de resultados de 3 grupos não pode ser feita desta forma. Os autores precisariam demonstrar que há diferença por uma análise de variância ou por um teste de Kruskal-Wallis, no caso de uma análise não paramétrica.
Não vi nada no artigo sobre ausência de resposta imune contra as partículas, mas isto não era mesmo esperado tratando-se de uma molécula de plástico.  As NP não induziram toxicidade e foram removidas no fígado.
Não é um resultado espetacular (já que as NP não derivadas de melitina parecem estragar um pouco os dados) mas é promissor.
O blog da Nature comenta sobre o progresso observado na biologia sintética, ao relembrar o sucesso do genoma sintetizado relato pelo Venter Institute (post diferentes no Totum e no SBlogI) e diz que o governo americano tem investido pesadamente nesta área: “The US government already leads the world in funding for synthetic biological research, having sunk $430 million into the still hazily-defined field over the past five years. European synthetic biologists only got $160 million over that same time period.”



Hoshino, Y., Koide, H., Urakami, T., Kanazawa, H., Kodama, T., Oku, N., & Shea, K. (2010). Recognition, Neutralization, and Clearance of Target Peptides in the Bloodstream of Living Mice by Molecularly Imprinted Polymer Nanoparticles: A Plastic Antibody Journal of the American Chemical Society, 132 (19), 6644-6645 DOI: 10.1021/ja102148f

terça-feira, 15 de junho de 2010

Pra não perder a viagem


Ô meu, hoje tem jogo do Brasil. Você quer que eu não me concentre para o jogo? O Brasil não tem jogado muito bem nas partidas iniciais da Copa, toda a energia pátria deve ser concentrada para a partida.
Pra você não perder a viagem, veja a excelente tabela da Copa feita pelo jornal esportivo Marca (não confundir: os horários na tabela são os do Reino de España).
Veja a tabela.
Vale a pena ver também aplicativos para acompanhar a Copa pelo iPhone (aqui).

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Semelhanças entre a Copa do Mundo e o Doutorado


Veja na íntegra no site do PHD comic.

A produção de citocinas afeta amplamente as células do linfonodo


Post de Diego Moura.
A visão corrente é que as citocinas têm um efeito limitado ao microambiente no qual são produzidas.  Neste mês de junho, o grupo de Markus Mohrs publicou na Nature Immunology um excelente trabalho, contestando a idéia de que a ação das citocinas no linfonodo é restrita a algumas áreas, afetando somente as células próximas à fonte produtora (Sustained signaling by canonical helper T cell cytokines throughout the reactive lymph node. Nature Immunology 11, 520–526 (2010) doi:10.1038/ni.1866).
Os autores mostraram que durante a infecção, as citocinas IL-4 e IFN-g, marcadores da resposta Th2 e Th1 respectivamente, afetam todas as células presentes no linfonodo drenante. Na infecção por helminto, ocorre a fosforilação do STAT6 nas diferentes populações celulares (células B, CD4+ e CD8+), e aumento na expressão do receptor de IL-4 (IL4r). De forma análoga, a infecção por protozoários leva à fosforilação do STAT-1 nas diferentes populações celulares, e conseqüente aumento na expressão de MHC-I.
Outro ponto interessante discutido no trabalho é a “promiscuidade” da citocina IL-4. Diferente do IFN-g, a presença da IL-4 altera a resposta de células “naive” e “bystander”, induzindo estas para um perfil Th2 sem a necessidade de seus TCRs (receptor de células T) reconhecerem o antígeno.
Para finalizar, foi mostrado que durante a infecção por helminto, a produção de IL-4 no linfonodo drenante impede o desenvolvimento de resposta Th1 após imunização dos animais com células dendríticas pulsadas com Yersinia pestis. Desta forma, a infecção por helmintos pode ser um problema para o desenvolvimento de vacinas, pois é estimado que 1 bilhão de pessoas estejam contaminadas cronicamente por estes parasitas.
Eles concluem:
"Our results demonstrate that despite localized production, cytokines can permeate a lymph node and modify the majority of cells therein. Cytokine conditioning of bystander cells could provide a mechanism by which chronic worm infections subvert the host response to subsequent infections or vaccination attempts."