Um estudo publicado a semana passada (13.01) no American Journal of Clinical Nutrition relata uma cuidadosa meta-análise de estudos de coorte sobre a associação entre gorduras saturadas e doença cardiovascular. O objetivo foi: "... summarize the evidence related to the association of dietary saturated fat with risk of coronary heart disease (CHD), stroke, and cardiovascular disease (CVD; CHD inclusive of stroke) in prospective epidemiologic studies."
Foram incluidos 21 estudos com follow-up de 5 a 23 anos, envolvendo mais de 340.000 indivíduos, com mais de 11.000 individuos tendo desenvolvido doença cardíaca coronariana ou infarto. O consumo de gordura saturada NÃO estava associado a doença cardíaca coronariana, infarto ou doença cardiovascular, mesmo quando analisados levando em conta idade,s exo e qualidade do estudo. "Intake of saturated fat was not associated with an increased risk of CHD, stroke, or CVD. The pooled relative risk estimates that compared extreme quantiles of saturated fat intake were 1.07 (95% CI: 0.96, 1.19; P = 0.22) for CHD, 0.81 (95% CI: 0.62, 1.05; P = 0.11) for stroke, and 1.00 (95% CI: 0.89, 1.11; P = 0.95) for CVD. Consideration of age, sex, and study quality did not change the results."
Estes resultados indicam que a manteiga está liberada? Também não. É possível que os produtos empregados para substituir a gordura saturada tenham tido um efeito benéfico. "More data are needed to elucidate whether CVD risks are likely to be influenced by the specific nutrients used to replace saturated fat."
De todo modo, pode ser o início da descriminilização da manteiga.
Adicionado posteriormente (14'30):
Coloquei um comentário sobre dois artigos interessantes do Guardian que falam em gorduras saturadas. Porem adicionando aqui os enlaces serão mais fáceis de usar.
Uma visão inglesa da questão das gorduras se resume a repetir as indicações para evitar as gorduras saturadas. Ja o texto de uma francesa trata a questão de forma totalmente diferente e muito interessante. Veja: "... in Britain and North America. Revealingly, food in those two countries is reduced to unappealing scientific denominations such as "saturated fats", "fatty acids", "trans fats", "monounsaturates" and "TFAs"..." e "Growing up in France, I never thought about food in those clinical terms, and even as a teenager concerned with my looks, never did I view cuisine as the temple of the triumvirate protein-lipid-glucid. Food, to most of my compatriots, is a matter of colours, savours and flavours. The emergence of the terms gluten-free, fat-free and sugar-free in the 1980s was an Anglo-Saxon deformity. "
A ilustração demonstra a esperança da liberação da manteiga, mesmo que em doses bem medidas.
Dois artigos do Guardian sobre gordura saturada, uma visão inglesa (http://bit.ly/4TNeJb) e uma posição francesa (http://bit.ly/87KsEp). Se so' tiver tempo para uma, veja a francesa.
ResponderExcluirAgora entendi. Todos ou quase todos os artigos ajustaram o efeito da dieta para o colesterol plasmático. A dieta rica em gordura saturada influencia o risco cardiovascular via aumento do colesterol. Em um modelo multivariado, se você ajusta para o valor do colesterol, o efeito da dieta desaparece. Claro.
ResponderExcluirO impacto da ingesta de gordura no colesterol é muito menor do que a produção endógena. A mensagem pricipal é que se o colesterol total se mantiver normal, a ingesta moderada de gordura saturada não fará muito mal.
Realmente, há um exagero não baseado em evidência quando se fala em certas medidas preventivas.
Ainda bem que isso saiu. Tirei um peso (?) da minha consciência. Vou comer manteiga com pão agora pra relaxar...
ResponderExcluirA sinvastatina faz a outra parte.
Abraço
Fui ler o comentário da francesa. Me ferrei pq agora vou ter que fazer a receita da Bretagne, 4 cartes, que leva, simplesmente 250g de manteiga!!!! OH LORD!!!
ResponderExcluirno Facebook
Como é que um negócio com 4 carboninhos na cadeia, um delicioso gosto, que emulsifica e umedece pode fazer mal a saúde?
ResponderExcluirNo way!
Viva o pão com manteiga!