domingo, 21 de março de 2010

Dia mundial da poesia


Segundo a Wikipedia: “O Dia Mundial da Poesia celebra-se a 21 de março, foi criado na XXX Conferência Geral da UNESCO ... O propósito deste dia é promover a leitura, escrita, publicação e ensino da poesia através do mundo.” 
Coloco abaixo alguns dos poemas que mais gosto. Logicamente há tantos outros que não pude colocar e outros tantos dos quais não lembrei hoje. Não sou um crítico literário, não penso em indicar os melhores, nem sequer fazer uma lista das minhas preferências. Apenas, e tão somente, reproduzir alguns dos poemas que gosto.
Luís de Camões (c. 1524 — 10 de Junho de 1580)
Ao desconcerto do Mundo
Os bons vi sempre passar
No Mundo graves tormentos;
E pera mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado.
Assim que, só pera mim,
Anda o Mundo concertado.
Rosalía de Castro (Santiago de Compostela, 1837 — Padrón, 1885) 
Airiños, airiños aires,
airiños da miña terra;
airiños, airiños aires,
airiños, leváime a ela.
Sin ela vivir non podo,
non podo vivir contenta,
que adonde queira que vaia,
cróbeme unha sombra espesa.
Cróbeme unha espesa nube
tal preñada de tormentas,
tal de soidás preñada,
que a miña vida envenena.
Leváime, leváime, airiños,
leváime a donde me esperan
unha nai que por min chora,
un pai que sin min n'alenta,
un irmán por quen daría
a sangre das miñas venas,
e un amoriño a quen alma
e vida lle prometera.
¡Ai, miña probe casiña!
¡Ai, miña vaca bermella!
Años que balás nos montes,
pombas que arrulás nas eiras,
mozos que atruxás bailando,
redobre das castañetas,
xas-co-ras-chás das cunchiñas,
xurre-xurre das pandeiras,
tambor do tamborileiro,
gaitiña, gaita gallega,
xa non me alegras dicindo:
¡Muiñeira, muiñeira!

Antonio Machado (Sevilha, 1875 — †Collioure, 1939)
Extracto de Proverbios y cantares (XXIX)
Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.
Ilustração. Caio Valério Catulo* Verona, Itália – 84 a.C+ Roma, Itália – 54 a.C

3 comentários:

  1. Lindos poemas! Parabéns! Permita-me também colocar um poema de Carlos Drummond de Andrade, assim também homenageamos um brasileiro!
    Claudia

    José
    1960 - ANTOLOGIA POÉTICA


    E agora, José?
    A festa acabou,
    a luz apagou,
    o povo sumiu,
    a noite esfriou,
    e agora, José?
    e agora, você?
    você que é sem nome,
    que zomba dos outros,
    você que faz versos,
    que ama, protesta?
    e agora, José?

    Está sem mulher,
    está sem discurso,
    está sem carinho,
    já não pode beber,
    já não pode fumar,
    cuspir já não pode,
    a noite esfriou,
    o dia não veio,
    o bonde não veio,
    o riso não veio
    não veio a utopia
    e tudo acabou
    e tudo fugiu
    e tudo mofou,
    e agora, José?

    E agora, José?
    Sua doce palavra,
    seu instante de febre,
    sua gula e jejum,
    sua biblioteca,
    sua lavra de ouro,
    seu terno de vidro,
    sua incoerência,
    seu ódio – e agora?

    Com a chave na mão
    quer abrir a porta,
    não existe porta;
    quer morrer no mar,
    mas o mar secou;
    quer ir para Minas,
    Minas não há mais.
    José, e agora?

    Se você gritasse,
    se você gemesse,
    se você tocasse
    a valsa vienense,
    se você dormisse,
    se você cansasse,
    se você morresse...

    Mas você não morre,
    você é duro, José!

    Sozinho no escuro
    qual bicho-do-mato,
    sem teogonia,
    sem parede nua
    para se encostar,
    sem cavalo preto
    que fuja a galope,
    você marcha, José!
    José, para onde?

    ResponderExcluir
  2. Ahí va el mio: Gabriel Celaya sólo un fragmentodel poema "LA POESIA ES UN ARMA CARGADA DA FUTURO"(1955), ...

    ...
    Poesía para el pobre, poesía necesaria
    como el pan de cada día,
    como el aire que exigimos trece veces por minuto,
    para ser y en tanto somos dar un sí que glorifica.

    Porque vivimos a golpes, porque apenas si nos dejan
    decir que somos quien somos,
    nuestros cantares no pueden ser sin pecado un adorno.
    Estamos tocando el fondo.

    Maldigo la poesía concebida como un lujo
    cultural por los neutrales
    que, lavándose las manos, se desentienden y evaden.
    Maldigo la poesía de quien no toma partido hasta mancharse.

    ResponderExcluir
  3. Àquela que massageia a alma,
    engole o rubro circulante,
    vomita as palavras
    Sem nexo, com nexo,
    tudo faz sentido,
    mas não tem senso,
    Confusa e linda,
    À poesia.

    Autor desconhecido.

    ResponderExcluir