quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Leishmaniose: Utilização de Real time, Western Blot e Elisa como ferramentas de diagnóstico


Post de Daniel Ruiz e Leonardo Arruda.
A convite de Barral, escrevemos sobre artigo “Canine leishmaniasis in south-east of France: Screening of Leishmania infantum antibodies (western blotting, ELISA) and parasitaemia”, publicado na Veterinary Parasitology em 2009.  Este é um trabalho de um grupo francês, que vem trabalhando com diferentes abordagens para identificação da leishmaniose canina e humana.
Com intuito de padronizar a amostra de estudo, os autores “recrutaram” 140 cães militares oriundos de países não endêmicos e que permaneciam com coleira impregnada por deltametrina. Em trabalho anterior destes autores, foi relatado que cães militares são mais susceptíveis a picadas de flebótomos do que cães que residem com civis.
O objetivo do estudo foi analisar a prevalência de portadores assintomáticos da leishmaniose canina, comparando a análise de parasitemia por qPCR com testes sorológicos (Elisa, utilizando proteína total de L. infantum e Western Blot (Wb) detectando as proteínas de 14 e 16 KDa previamente descritas por este mesmo grupo).
Para quantificação da carga parasitária, foi utilizado um qPCR amplificando um trecho do DNA do kinetoplasto. Este metodologia foi previamente utilizada em trabalho publicado por este mesmo grupo em 2004.
Dentre 58 cães com qPCR positivo apenas 1 era sintomático e apresentou o maior valor de parasitemia. Para os resultados sorológicos foram encontradas prevalências menores com 0,71% para o Elisa e 14% para o Western Blot. A concordância dos resultados (duplo positivos ou negativos) obtidos pelo qPCR e o Wb foi de 55% (77 cães). Dentre os cães cujo Western Blot foi positivo, a parasitemia também foi positiva (qPCR) em apenas 37% (7/19).
“Apart from the symptomatic dog, these low levels (parasitaemia) were most probably due to the presence of dozens or hundreds of copies of kinetoplastic DNA resulting from the destruction of L. infantum parasites by phagocytic cells (Mary et al., 2006). In other words, the low parasitaemia would be like the remains of a self-cured infection. Thus, only the symptomatic dog could have acted as a reservoir. As for the 12 dogs PCR (-) WB (+), they completely cleared the parasite’s DNA from their immune cells but still retain antibodies (at sampling time).”
(Note-se que 51 animais (37%) apresentaram qPCR positiva e Wb negativo.)
Em 2006, um artigo (Reference values for Leishmania infantum parasitemia in different clinical presentations: quantitative polymerase chain reaction for therapeutic monitoring and patient follow-up) relatou a presença do fragmento do DNA do kinetoplasto no sangue periférico de 58% dos indivíduos definidos como assintomáticos. Apenas 16% (13/77) tinham um Western Blot positivo. 
Os autores fazem uma série de especulações sobre o uso de coleiras com inseticidas. Também notaram a rápida velocidade de infecção dos cães após introdução na área endêmica (6 meses).
Concluem o trabalho enaltecendo o PCR sobre o Western Blot, e especulando sobre a vantagem de tratamento de cães assintomáticos.
A este respeito, ficamos com a dúvida: Aqueles cachorros que tem qPCR negativa e Wb positivo, o qPCR tem maior sensibilidade? Isto também nos leva a outras perguntas. Quem demora mais tempo em desaparecer do hospedeiro, o DNA do parasito ou a resposta humoral frente a ele? Há um padrão definido? A análise quantitativa da qPCR torna desnecessária a investigação da resposta humoral do hospedeiro (Wb) no diagnostico da LV canina e humana?
Ilustração: "Duelo a garrotazos" ou "La riña", de Goya.


Aoun, O., Mary, C., Roqueplo, C., Marié, J., Terrier, O., Levieuge, A., & Davoust, B. (2009). Canine leishmaniasis in south-east of France: Screening of Leishmania infantum antibodies (western blotting, ELISA) and parasitaemia levels by PCR quantification Veterinary Parasitology, 166 (1-2), 27-31 DOI: 10.1016/j.vetpar.2009.08.006

Mary C, Faraut F, Drogoul MP, Xeridat B, Schleinitz N, Cuisenier B, & Dumon H (2006). Reference values for Leishmania infantum parasitemia in different clinical presentations: quantitative polymerase chain reaction for therapeutic monitoring and patient follow-up. The American journal of tropical medicine and hygiene, 75 (5), 858-63 PMID: 17123977
ResearchBlogging.org

2 comentários:

  1. Cães que são qPCR (-) e Wb (+) já eliminaram o parasito, não? então não seriam mais reservatórios..? por tanto para que tratá-los?

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  2. Acho que depende de quem faz o qPCR ou WB...
    Abraços e parabéns pelas dúvidas levantadas no post.

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