quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Feliz 2010!

Que 2010 seja um grande ano e não um ano grande.

Para desejar um excelente ano com muito trabalho (e boas publicações) e muita paz e felicidade, seguem os votos de bom 2010 dos blogs que acompanho:


Este mesmo:

Votos de Bons Anos!


Morpheus

Feliz 2010!


Apuntes Científicos

Top 10 de los “Apuntes científicos” en 2009


De Rerum Natura

Voltas ao Sol

Fim do Ano


Brétamas

2010 Ano do libro e da lectura


The Great Beyond

That was the year that was


Science-Based Medicine

2009’s Top 5 Threats To Science In Medicine


muitos dos blogs que acompanho não tiveram posts específicos para a entrada de 2010.

Vai viajar gripado? Peça primeira classe.


Um passageiro com gripe H1N1 na classe econômica transmite gripe para quantos outros passageiros? Um estudo recente (Calculating the potential for within-flight transmission of influenza A (H1N1) no BMC Medicine) analisou este risco:

“within-flight transmission could be significant, particularly during long flights, if the source case travels in Economy Class. Specifically, two to five infections could occur during a 5 hour flight, 5-10 during an 11 hour flight and 7-17 during a 17 hour flight.”

Contudo, o risco de transmissão é bem menor no caso de viagem na primeira classe:

“if the source case travels First Class. Specifically, 0-1 infections could occur during a 5 hour flight, 1-3 during an 11 hour flight and 2-5 during a 17 hour flight.”

O passageiro de primeira classe transmite para os passageiros da classe econômica? Parece que não:

“The risk of catching H1N1 will essentially be confined to passengers travelling in the same cabin as the source case. Not surprisingly, we find that the longer the flight the greater the number of infections that can be expected.”

Somando estas evidências:

Se eu estiver gripado e for fazer um vôo acima de 5 horas, solicitarei mudança para a primeira classe, pelo bem da saúde pública. Se a companhia aérea não concordar, poderei convencer as autoridades sanitárias que é muito mais barato pagar o meu upgrade que tratar dos surtos adicionais (um a 12) de gripe.

Ilustração

El Caganer no presépio catalão


Pode parecer bem estranho para nós, mas a figura acima faz parte normal do presépio na Catalunha.

Segundo a Wikipedia (em luso): “Um caganer é uma figura de uma pessoa a defecar que se pode encontrar nos presépios, como tradição na Catalunha e na Comunidade Valenciana.

Também é frequente, esta figura, nos presépios da ilhas Canárias. Em outros pontos da Península Ibérica, Portugal e Região de Murcia, existem os personagens do cagador e cagón, respectivamente.”

Este ano, a revista Enderrock lancou um disco de canções de Natal que inclui grande nomes da música catalã cantando um vilancico ao Caganer.


quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Editores de revistas medicas discriminam autores pobres

As revistas médicas de grande prestígio praticam racismo institucional, elas possuem um viés contra doenças da pobreza.

Sei o que muitos estão pensando: Um artigo de Barral foi rejeitado e isto, junto com esta época de final de ano, disparou uma depressão com algum componente de paranoia.

Mas estão enganados, a afirmativa não é minha nem é nova. Em 2003, Richard Horton, editor chefe do The Lancet, escreveu um comentário onde afirma: “There is widespread systematic bias in medical journals against diseases that dominate the least-developed regions of the world.” no que poderia ser designado de racismo institucional.

Há uma sub-representação de cientistas dos países pobres no corpo editorial, assim como há poucos estudos sobre as doenças que afetam grande parte da humanidade, mas situada em países com renda baixa. Ele cita um artigo que revisou a literatura em 2001 e que concluiu: “the frequency of research articles relevant to diseases of poverty was low in the sample he studied—zero for Annals, 2% for JAMA, 4% for the New England Journal of Medicine, 6% for the BMJ, and 16% for The Lancet.“

Um artigo recente Differences in citation rates by country of origin for papers published in top-ranked medical journals: do they reflect inequalities in access to publication? do J Epidemiol Community Health, analisou 4724 artigos publicados entre 1998 e 2002 no British Medical Journal, Lancet, Journal of the American Medical Association e no New England Medical Journal. O artigo mostra que artigos de diferentes países publicados na mesma revista têm taxas de citação diferentes e conclui que isto pode refletir em que pesquisadores de alguns países podem ter dificuldade de publicação nas principais revistas médicas.

Como os editores estão sempre preocupados com citações e fator de impacto, é evidente que os autores de países pobres enfrentam maiores dificuldades para publicação. “In other words, editors were looking beyond quality in making manuscript decisions, raising the limbo bar for some while lowering it for others.” segundo a interpretação de Philip Davis no The Scholarly Kitchen.

É importante ressaltar que outros fatores, citados pelos autores do trabalho no J Epidemiol Community Health afetam os dados. O problema fundamental contudo, é o excesso de valor dado às citações sem levar em conta o tamanho da comunidade envolvida em cada área.

Ilustração.

As peúgas de Eisnein

“Max Planck – Albert, eu acho que o problema que existe consigo se deve à sua constante intervenção política. Faça o seu trabalho científico e deixe esses assuntos para outra gente.


Einstein - Eu não acho que o cientista deva ficar em silêncio perante a política, perante a vida, perante os problemas do dia a dia. Eu não me arrependo de uma única palavra e estou convicto de que as minhas acções servem a humanidade.”


Da peça “As peúgas de Einstein”, de Helder Costa, que foi recentemente encenada em Fortaleza e Sobral, no contexto dos 90 anos da observação no Brasil do eclipse solar que tornou Einstein famoso. Como o texto está em luso, esclareço que peúgas são as meias de calçar.


Ao tomar decisões de como se posicionar, lembre que após o fato ocorrido é sempre mais fácil saber o lado certo. Contudo, estas decisões tardias não têm grande importância. O difícil é tomar as decisões no momento apropriado.


Sobre a ilustração: Se você não reconhece os dois personagens é melhor não perder tempo com o texto da peça. Dica, o personagem de braço levantado não é Max Planck!

sábado, 19 de dezembro de 2009

Votos de Bons Anos

“O tempo, como o Mundo, tem dois hemisférios:
um superior e visível, que é o passado,
outro inferior e invisível, que é o futuro.
No meio de um e outro hemisfério ficam os horizontes do tempo,

que são estes instantes do presente que imos vivendo,

onde o passado se termina e o futuro começa.”

Pe. Vieira (História do Futuro)



Votos de um excelente 2010.

Champagne faz bem à saúde

Final de ano sempre aparece uma boa notícia. A divulgação de que a champagne faz bem à saúde bem na época de final de ano tem um apelo comercial tão forte que chega a ser preocupante. Contudo, a notícia é tão boa que acreditarei assim mesmo.

Pesquisadores de universidades do Reino Unido e da França publicaram no Bristish Journal of Nutrition que o consumo moderado de champagne tem um efeito cardioprotetor (leia o abstract abaixo).

Em entrevista sobre o artigo, os autores dizem que provavelmente os espumantes preparados de maneira similar (cava, proseco etc.) devem ter o mesmo efeito benéfico. Falam, ainda, que a mesma quantidade de polifenois está presente no chocolate. Com o calor que faz no final de ano, acho melhor deixar o chocolate para o São João e se tratar com espumante por enquanto. Tem gente que vai aproveitar para tomar champagne com chocolate.

“Moderate Champagne consumption promotes an acute improvement in acute endothelial-independent vascular function in healthy human volunteers

David Vauzour, Emily J. Houseman, Trevor W. George, Giulia Corona, Roselyne Garnotel, Kim G. Jackson, Christelle Sellier, Philippe Gillery, Orla B. Kennedy, Julie A. Lovegrove and Jeremy P. E. Spencer

British Journal of Nutrition,

doi:10.1017/S0007114509992959


Epidemiological studies have suggested an inverse correlation between red wine consumption and the incidence of CVD. However, Champagne wine has not been fully investigated for its cardioprotective potential. In order to assess whether acute and moderate Champagne wine consumption is capable of modulating vascular function, we performed a randomised, placebo-controlled, cross-over intervention trial. We show that consumption of Champagne wine, but not a control matched for alcohol, carbohydrate and fruit-derived acid content, induced an acute change in endothelium-independent vasodilatation at 4 and 8 h post-consumption. Although both Champagne wine and the control also induced an increase in endothelium-dependent vascular reactivity at 4 h, there was no significant difference between the vascular effects induced by Champagne or the control at any time point. These effects were accompanied by an acute decrease in the concentration of matrix metalloproteinase (MMP-9), a significant decrease in plasma levels of oxidising species and an increase in urinary excretion of a number of phenolic metabolites. In particular, the mean total excretion of hippuric acid, protocatechuic acid and isoferulic acid were all significantly greater following the Champagne wine intervention compared with the control intervention. Our data suggest that a daily moderate consumption of Champagne wine may improve vascular performance via the delivery of phenolic constituents capable of improving NO bioavailability and reducing matrix metalloproteinase activity.”


Mudança na direção da FAPESB

Este post foi divulgado 26.11.2009 em

http://web.me.com/mbarralnetto/LIMI/Blog/Entries/2009/11/26_Mudança_da_direção_da_FAPESB.html

Em dezembro, foi também substituído o Prof. Robert Verhine.


Havíamos informado em post anterior que a direção da FAPESB estava mantida, mesmo com a mudança de Secretário de C&T na Bahia. Vários segmentos da comunidade científica haviam expressado, ao governo, o desejo na manutenção da direção da FAPESB. Isto se devia ao trabalho sério, dedicado e competente realizado por Dora Rosa e sua equipe.

Apesar do desejo da comunidade, Dora foi substituída. Não conhecemos o novo diretor (veja abaixo o seu perfil, divulgado pela FAPESB), pelo que seria precipitado e pouco responsável falar sobre expectativas do seu trabalho. Adicionalmente, este texto não pretende analisar pessoas e cargos. Gostaríamos de tratar sobre o processo de escolha da direção da agência estadual de fomento à C&T.

Alterar a direção de uma agência de fomento no último ano de governo só se explicaria pelo insuficiente desempenho da sua direção. Este não era o caso da FAPESB, por qualquer critério que se analise. Os editais e seus julgamentos demonstravam uma atuação bastante profícua. As parcerias com órgãos federais se consolidaram, o aumento do volume de recursos dedicados ao PRONEX, é um exemplo disto. O funcionamento das câmaras técnicas foi aperfeiçoado. Não sendo a substituição motivada por razões técnicas, qual é a sua causa?

A alteração se deu por razões políticas. As razões políticas são legítimas, uma agência de fomento à C&T não está à margem da política. O problema é que C&T devem se inserir numa política de Estado e não numa política de governo. Pela primeira vez na pequena história da FAPESB, o seu cargo foi clara e explicitamente entregue à escolha de um partido político. Independente de partidos e nomes, isto resulta em que o indicado tem mais compromissos com o seu partido que com a comunidade científica e tecnológica.

Lamentamos que isto ocorra num governo que deu claras manifestações de apoio à C&T. O Governador Wagner esteve presente em várias solenidades da FAPESB, algo não observado anteriormente, e o próprio aumento dos recursos do PRONEX, já citado, decorreu de negociação direta sua com o MCT.

Salientamos que esta manifestação não contém crítica ao novo Diretor Geral nem ao partido que o indicou. Qualquer crítica neste sentido seria açodada e leviana. Ele poderá, e assim esperamos, fazer um trabalho digno de elogios. A crítica se dirige ao processo de mudança da direção. Tememos seriamente que o exemplo de colocar a direção da FAPESB entre os cargos disputados pelos partidos leve ao comprometimento da atuação da agência. O que desejamos é que o compromisso da FAPESB seja com uma política de Estado, com o benefício da população através do apoio à comunidade científico-tecnológica.


Perfil do novo Diretor Geral

Roberto Paulo Machado Lopes possui graduação em Ciências Econômicas – Economia pela Universidade Federal da Bahia – UFBA (1988), mestrado em Economia pela Universidade Federal da Bahia (2001) e doutorando em Planificación Territorial y Gestión Ambiental pela Universidade de Barcelona – Espanha (2008). Até o presente momento atuou como Assessor Especial de Finanças e Planejamento e professor assistente da Universidade do Sudoeste da Bahia – UESB, professor das Faculdades Integradas Jequié – FIJ e professor da Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Macroeconomia Keynesiana, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento local, serviços de educação, desigualdade e pobreza, cluster e crescimento econômico. Tem um livro publicado, além de diversos trabalhos publicados em revistas especializadas.

Ilustração: Casarão Lazareto, sede da FAPESB

domingo, 13 de dezembro de 2009

O Estado do LIMI em 2009

Divulgamos o relatório do LIMI (Laboratório Integrado de Imuno-regulação e Microbiologia) do Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz - FIOCRUZ.

Em 2009, a equipe do LIMI publicou 17 trabalhos, grande parte deles, em revistas científicas de padrão internacional e tem mais 3 aceitos.

Neste ano, o LIMI teve renovado o seu projeto PRONEX (Programa de Núcleos de Excelência), pela FAPESB-CNPq. Ademais, continuamos nossas atividades como laboratório do Instituto de Investigação em Imunologia (iii), um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia.

Veja o Relatório completo.

Cuidado, a metionina pode encurtar sua vida

O envelhecimento e sua relação com a dieta é um assunto recurrente neste blog. Já tivemos vários tópicos: Idade se vê na cara?, Envelhecimento e sirtuínas, Dieta de baixa caloria, Uma mulher admirável, Magrinhos tremei!, Dieta mediterrânea, A chocolate a day keeps the doctor away.

O conhecimento indicava que a restrição calórica aumenta a vida, em várias espécies, incluindo os macacos. No homem, os dados também sugeriam algo parecido, embora as conclusões sejam menos firmes. A restrição calórica retarda o aparecimento das enfermidades que se relacionam com a velhice. Na verdade doenças como diabetes, câncer e doenças neurogegenerativas parecem causar o envelhecimento. Uma dieta de fome retarda o aparecimento de todas elas. A triste alternativa parecia ser passar fome para ter uma vida saudável mais longa.

Um artigo da Nature do dia 02 de dezembro “Amino-acid imbalance explains extension of lifespan by dietary restriction…”(doi:10.1038/nature08619) contribui bastante para o entendimento da questão. É possível envelhecer bem sem passar fome. O segredo é um ajuste muito equilibrado dos aminoácidos essenciais.

“Adding essential amino acids to the dietary restriction condition increased fecundity and decreased lifespan, similar to the effects of full feeding, with other nutrients having little or no effect. However, methionine alone was necessary and sufficient to increase fecundity as much as did full feeding, but without reducing lifespan. … Lifespan was decreased by the addition of amino acids, with an interaction between methionine and other essential amino acids having a key role. Hence, an imbalance in dietary amino acids away from the ratio optimal for reproduction shortens lifespan during full feeding and limits fecundity during dietary restriction.”

A metionina aumenta a fecundidade, mas a combinação de metionina com outros aminoácidos essenciais encurta a vida. O estudo foi feito na Drosophila, a mosca de fruta, mas os mecanismos que regulam a longevidade estão conservados desde os invertebrados até os mamíferos. Assim, é bastante possível que algo semelhante ocorra no homem. O tipo de proteína consumida seria muito importante para obter um balanço equilibrado de aminoácidos essenciais.

Qual seria uma dieta pobre em metionina, ou normal em metionina e baixa nos outros aminoácidos essenciais? O balanço é complexo. A composição de proteínas dos alimentos varia muito e a composição de aminoácidos também é muito variável entre as proteínas.

Um pouco mais fácil é saber onde há muita metionina: carnes, peixes, castanha do Pará, sementes de sésamo e germén de trigo, por exemplo.

O que fazer? Também não sei, mas parece que comer menos e principalmente menos metionina pode ajudar. O Daily Telegraph parece já saber: “A vegetarian diet could be the key to a long life,” ... extreme diets “just above malnutrition levels” might add an extra 25 years to UK life expectancy.

Orientador não é co-autor?

Samuel me enviou a mensagem abaixo, a qual me pareceu preocupante a ponto de compartilhar com outros colegas.

Uma decisão judicial justiça estabelecendo que o orientador não pode ser co-autor do trabalho científico com o orientando não pode passar sem uma manifestação da comunidade científica. Na verdade qualifica a prática como usurpação.

A justiça dar parecer em autoria de trabalho científico já é algo, para mim, inusitado. Deve haver precendente, mas em casos específicos e quando envolve aspectos de propriedade intelectual. Uma decisão deste tipo, tera ampla repercussão sobre as relações orientador-orientando.


“Prezados amigos, estou lhes transmitindo abaixo um e-mail que recebi de um colega da UFPR. Eu me lembro de ter visto esta noticia na Gazeta do Povo de Curitiba mas não levei a sério. Todavia é sério e acho que temos que estar alertas e que a comunidade científica tem que se manifestar, talvez no seu maior foro que é a ABC. Abraços, Samuel”

“No último dia 15 de novembro foi publicada matéria na Gazeta do Povo relatando que o Prof. Miguel Noseda, de nosso Departamento, juntamente com a UFPR foram condenados por usurpação de autoria de trabalho científico. O prof. Miguel e a universidade deverão recorrer da sentença. Entretanto, apontamos a preocupação com o teor da sentença que afeta a todos os orientadores deste Setor e deste país que trabalham com pesquisa científica, experimental e financiada, em todos os níveis de orientação, da forma que conhecemos.

Salientamos que pontos descritos na sentença estabelecem que oorientador não é co-autor do trabalho desenvolvido, levantando aspectos importantes envolvendo a propriedade intelectual da instituição, os financiamentos obtidos pelo orientador para realização da pesquisa, as publicações/patentes decorrentes da pesquisa, etc.


Consideramos importantíssimo que esses pontos sejam discutidos neste Setor e nesta universidade, pois acreditamos que a sentença emitida afeta a todos os orientadores/pesquisadores e, neste aspecto, ratificamos que o Prof. Miguel tem nosso apoio incondicional. Abaixo, colocamos alguns pontos para localização e entendimento do problema e posterior discussão

Abraços a todos

Leda Chubatsu e Fany Reicher

Depto. de Bioquímica e Biologia Molecular


1. Em março de 1997, Gladys A. H. Majczak ingressou como estudante de mestrado junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências-Bioquímica da UFPR sob orientação do Prof. Miguel Noseda e defendeu a dissertação de mestrado em agosto de 1999. No período de 03/97 a 02/99 recebeu bolsa CAPES-Demanda Social.

2. Em maio de 1999, durante a XXVIII Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq) e Caxambu-MG, foi apresentado um resumo e poster contendo resultados obtidos durante o desenvolvimento da dissertação de mestrado. Neste resumo, a ordem dos autores foi: Majczak, Duarte e Noseda.

3. Em 2001, o trabalho foi novamente apresentado, na forma de resumo e pôster, durante o XVII International Seaweed Symposium realizado na África do Sul. Neste resumo a ordem dos autores foi: Noseda, Majczak e Duarte, sendo apresentado pelo prof. Noseda que participou o evento. Este trabalho recebeu a premiação “Japan Seaweed Association Poster Awards”, durante o simpósio, valor de US$ 500,00. Este trabalho foi publicado posteriormente numa forma expandida no livro “Proceedings of the 17th International Seawee Symposium” e a ordem dos autores foi Majczak, Richartz, Duarte e Noseda.


O processo judicial foi iniciado por Gladys Majczak acusando o Prof. Noseda de “usurpação de autoria de trabalho científico” referindo-se ao resumo apresentado e premiado durante o Simpósio na África do Sul. A defesa do Prof. Miguel baseou-se na co-autoria do trabalho. A sentença caso foi emitida em 03 de novembro (de acordo com a Gazeta do Povo)

Para atribuição da sentença, a juíza cita os artigos 11 e 15 da Lei no. 9.610/98 sobre co-autoria :

*Art. 11. *Autor é a pessoa física criadora de obra literária, artística ou científica

*Parágrafo único. *A proteção concedida ao autor poderá aplicar-se às pessoas jurídicas nos casos previstos nesta Lei.

*Art. 15. A co-autoria da obra é atribuída àqueles em cujo nome, pseudônimo ou sinal convencional for utilizada. *

*§ 1º *Não se considera co-autor quem simplesmente auxiliou o autor na produção da obra literária, artística ou científica, revendo-a, atualizando-a, bem como fiscalizando ou dirigindo sua edição ou apresentação por qualquer meio.

*§ 2º *Ao co-autor, cuja contribuição possa ser utilizada separadamente, são asseguradas todas as faculdades inerentes à sua criação como obra individual, vedada, porém, a utilização que possa acarretar prejuízo à exploração da obra comum.


Abaixo estão transcritas parte do texto da sentença

(...) Desse modo, as monografias, dissertações ou teses têm uma característica dialogal, de conjunção de dois fluxos intelectuais, sendo um o autor e outro o orientador (coadjuvante), que apenas aconselha, orienta e o dirige. A função do orientador é trazer à tona novas idéias, achados, ensinamentos que o fluxo criativo do orientado produzirá. O orientador não escreve, não redige o conteúdo e a substância do trabalho. Se agisse dessa maneira, estaria violando as regras do programa de pós-graduação /stricto sensu/.


(....)

Embora seja importante a contribuição do Professor Miguel para a obtenção dos prêmios no Simpósio Africano, porquanto foi ele quem viabilizou sua apresentação, isso não tem têm o condão de conferir-lhe a condição de co-autor. Quando muito, poderia ser nominado colaborador. A produção científica estava completa, ocupando-se o Professor, no propósito de apresentar o trabalho, da adoção de procedimentos meramente burocráticos (elaboração de resumo, inscrição e apresentação). A prova produzida evidencia que a autora foi quem pesquisou, redigiu, elaborou e completou a produção científica.

(...)

No caso /sub judice/, diante dos elementos de convicção constantes nos autos, considero que os fatos aqui abordados são gravíssimos, uma vez que o réu Miguel Daniel Noseda agiu de má-fé, enviando um trabalho de autoria de GLADIS para um Simpósio na África do Sul, se intitulando co-autor, juntamente com outra professora...

(...)

*III. DISPOSITIVO*

Diante do exposto, julgo procedente o pedido para declarar a autoria exclusiva de Gladis Anne Horacek Majczak do trabalho apresentado no XVII Congresso Internacional de Algas Marinhas, na África do Sul, intitulado "Atividade Anti-herpética da Heterofucana Sulfatada Isolada de Sargassum Stenophyyllum", e condeno o réu Miguel Daniel Noseda a: a) proceder à retificação do nome do autor no trabalho junto à comissão do evento (...)”