segunda-feira, 29 de outubro de 2012

SBI 2012 - O que aconteceu


Esse ano o congresso anual da Sociedade Brasileira de Imunologia foi realizado em Campos do Jordão, SP. O congresso, presidido por Sergio Costa Oliveira (UFMG) teve a participação de mais de 1100 pessoas, entre alunos e profissionais. Cerca de 40 pesquisadores internacionais prestigiaram o congresso, fazendo coro como os cientistas brasileiros. Como sempre houve sessão de posters, com direito a chopp e petiscos, e as concorridas sessões de temas livres, nas quais os alunos fizeram bonito.
Na minha opinião, o foco do congresso foi o papel da microbiota na imunidade. O tema foi recorrente em uma várias palestras. Além disso, houve muitas apresentações em torno do inflamossoma e como esses sensores funcionam nos mais diferentes cenários. Acho que a citocina mais mencionada foi IL-1b...E preparem-se,  o tema do congresso de 2013 é INFLAMAÇÃO. Opa!

Abaixo, seguem os highlights de algumas palestras. Ressalto, TUDO foi muito bom.

David Mosser – U. Maryland, USA
Macrófagos podem tornar-se reguladores após um estímulo de reprogramação. Esse estímulo pode ser ATP e a conversão de ATP em adenosina serve como um “switch” molecular: na presença de adenosina, uma resposta reguladora por parte do macrófago é desenvolvida, este não produz TNF ou IL-12 mas, sim, IL-10. O ATP pode ser liberado de células mortas e, portanto, poderia atuar também em outras células adjacentes.

Nathalie Winter – U. Tours, France
Eventos imunes precoces após a vacinação com BCG: após a inoculação intradérmica, os neutrófilos são as primeiras células recrutadas e transportam o BCG para os linfonodos. Lá, os neutrófilos entram em contato com DCs e Linfócitos T. Os neutrófilos infectados com BCG são capazes de levar as DCs à maturação. Porém, também foi identificada uma população Ly6G(int), similar às myeloid-derived supressor cells. Esta população produz iNOS mas inibe a proliferação de células T quando co-cultivada com DCs (contendo BCG). Assim, após a vacinação com BCG, ocorre então um balanço na ativação dos linfócitos T: os neutrófilos per se  colaboram para a maturação de DCs e consequente ativação de linfócitos T. A outra população (Ly6G(int)), de certa maneira, protege contra uma super ativação, exatamente pelo seu fenótipo de supressão.
Por outro lado, na infecção crônica, no granuloma, foram detectados neutrófilos produtores de IL-10, chamados reguladores. Estes neutrófilos, em contato com DCs e linfcócitos T CD4+ diminuem a produção de IL-17 e IFN-g. A indução destes neutrófilos reguladores podem ter um impacto na patogênese causada por IL-17. Em paralelo, a menor produção de IL-17, mediada por esses neutrófilos reguladores também diminui o recrutamento de mais neutrófilos, resultando em um belo mecanismo de regulação.

Gabriel Nuñez – U. Michigan, USA
Fagócitos intestinais não respondem aos ligantes de Toll presentes no intestino mas estão carregados com pro-IL1b. Quando infectados com Salmonella, os fagócitos produzem IL-1b mas não TNF e o sensor NLRC4 é capaz de diferenciar bactérias comensais de patogênicas (como Salmonella) e, assim, secretar IL-1b. Essa, por sua vez, atua em células endoteliais recrutamento neutrófilos que atuarão na defesa.

Kenneth Rock – U. Massachussets, USA
A inflamação também ocorre em sítios estéreis, por exemplo, em casos de gota. Nesta manifestação, os cristais de ácido úrico induzem a produção e IL-1b, na ausência de qualquer estímulo por patógenos. Os cristais são internalizados por macrófagos e levados ao citosol. No entanto, a ruptura da membrana da vesícula carreadora faz com que o conteúdo internalizado seja percebido no citossol. Essa percepção é feita por sensores tais como NLRs. Esse processo ocorre com qualquer vesícula que seja rompida, ou seja, vesículas contento os cristais de ácido úrico, como no caso da gota, ou vesículas hipertônicas contento sucrose.

Giorgio Trinchieri – NCI-NIH
O tratamento com antibióticos reduz a resposta à quimioterapia em um modelo experimental de câncer. Nesses animais, ocorre uma diminuição na produção de IFN-g, IL-12, IL-1b, TNF e IL-6 mas não há modulação na produçãoo de IL-10. Nesse modelo, o TNF é essencial para que a terapia funcione. O mesmo resultado foi observado em animais Germ-Free, que não possuem microbiota. O tratamento com LPS oral restaura a produção de TNF, diminuída pelos antibióticos.

Para falar de leishmaniose...
Entre os brasileiros, destaco as apresentações da Claudia Brodskyn (CPqGM-FIOCRUZ) e o papel das células T CD8+ na leishmaniose cutânea humana. Os ensaios foram feitos em biópsias e em células do sangue periférico humano. Os resultados mostram que as células CD8+ migram para as lesões e exercem efeito citotóxico, com secreção de grânulos e destruição tecidual. Por outro lado, foi observado também que as células T CD4+ produzem IFN-g e são capazes de destruir os parasitas por meio da ativação de macrófagos.  Foi ótimo poder ver resultados semelhantes na palestra de Phil Scott (U. Penn), empregando um modelo de transferência de células T CD8+ para animais deficientes em RAG. Nesses animais, foi observada intensa destruição tecidual e metástase dos parasitas. Para terminar, foram mostrados vídeos em tempo real nos quais observamos culturas de células infectadas com células T CD8+. Observar a destruição da célula infectada, ao vivo e em cores, não tem preço. A Leda Vieira (UFMG) mostrou que animais deficientes na subunidade p55 do receptor de TNF apresentam maior infiltrado inflamatório quando infectados por Leishmania. Esse infiltrado consistiu de células T CD8+ e maior produção de IFN-g e TNF. Em paralelo, observou-se que estes animais desenvolvem uma lesão crônica mas sem metástase. A transferência de células mononucleares da medula óssea, por sua vez, auxilia na cura da lesão, elevando a produção de IL-10. A Valeria Borges (CPqGM-FIOCRUZ) mostrou os resultados obtidos nos marcadores sistêmicos de pacientes com Leishmaniose Cutâneo Difusa e a sua aluna Jaqueline França Costa fez uma ótima apresentação oral.


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Ciencia para la prosperidad de la UE


Fonte: El País

Na véspera da reunião que irá discutir o orçamento da UE para 2014-2020, cientistas respeitáveis (ganhadores de Prêmio Nobel ou Medalha Fields) ​decidem ​chamar a atenção dos chefes de Estado e de Governo quanto ao apoio à ciência. Veja a íntegra da carta abaixo:


Transformar conhecimento em inovação, dizem eles, é a única maneira de dar à Europa uma vantagem competitiva.


To the Heads of State or Government of EU Countries, Presidents of EU Institutions,
It is often said that every crisis also presents an opportunity. The current crisis forces us to make choices, and one of those choices is about science and its support. Back in the year 2000, you and your predecessors set yourselves the target of becoming the “world's most dynamic knowledge-based economy by 2010”. The intention was ambitious and noble, but the goal has yet to be achieved.

Science can help us find answers to many of the pressing problems facing us at this time: new ways to harness energy, new forms of production and products, improved ways to understand how societies function and how we might order them better. We are just at the start of a revolutionary new understanding of how our own bodies work with incalculable consequences for our future health and longevity.

Europe is at the forefront of science in many areas. Transforming this knowledge into innovative new products, services and industries is the only way to provide Europe with a competitive edge in today's rapidly changing global landscape and to ensure Europe’s long-term future prosperity.

Knowledge knows no boundaries. The global market for outstanding talent is highly competitive. Europe can ill afford to lose its best researchers and teachers, and would gain greatly by attracting foreign talent. Reducing the funding available for excellent research means a smaller number of trained researchers. In case of a severe reduction in the EU research and innovation budget we risk losing a generation of talented scientists just when Europe needs them most.

In this regard, the European Research Council has achieved global recognition in a remarkably short time. It funds the best researchers anywhere in Europe regardless of nationality: Excellent people, excellent projects. It valuably complements national funding of fundamental research.

Funding research at EU level is a catalyst to make better use of the resources we have and make national budgets more efficient and effective. These EU resources are extremely precious. They have proven to be capable of achieving essential benefits for European science as well as increasing returns to society and increasing international competitiveness.

It is essential that we support, and even more importantly, inspire in a pan-European way the extraordinary wealth of research and innovation potential that exists all over Europe. We are convinced that the younger generation of researchers will also make its voice heard – and you should listen to what they have to say.

Our question to you, the Heads of State or Government and Presidents meeting in Brussels on 22-23 November to discuss the EU budget for 2014-2020, is a simple one: when the deal for Europe’s future budget is announced, what will be the role of science in Europe’s future?

Signed by Nobel Prize and Fields Medal winners
Sidney Altman, Werner Arber, Robert J. Aumann, Francoise Barré-Sinoussi, Günter Blobel, Mario Capecchi, Aaron Ciechanover, Claude Cohen-Tannoudji, Johann Deisenhofer, Richard R.Ernst, Gerhart Ertl, Sir Martin Evans, Albert Fert, Andre Geim, Serge Haroche, Avram Hershko, Jules A. Hoffmann, Roald Hoffmann, Robert Huber, Sir Tim Hunt, Eric R. Kandel, Klaus von Klitzing, Sir Harold Kroto, Finn Kydland, Jean-Marie Lehn, Eric S. Maskin, Dale T. Mortensen, Erwin Neher, Konstantin Novoselov, Sir Paul Nurse, Christiane Nüsslein-Volhard, Venkatraman Ramakrishnan, SIR Richard J. Roberts, Heinrich Rohrer, Bert Sakmann, Bengt I. Samuelsson, John E. Sulston, Jack W. Szostak, Sir John E. Walker, Ada E. Yonath, Rolf Zinkernagel, Harald zur Hausen; Pierre Deligne, Timothy Gowers, Maxim Kontsevich, Stanislav Smirnov, Cedric Villani

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Coma chocolate para ganhar o Nobel


Se fosse tão fácil assim ganhar o prêmio, o Nobel já estaria desmoralizado. Porém também não podemos esquecer a publicação recente que mostra uma correlação entre a média de consumo de chocolate de diferentes países e número de prêmio Nobel. Contudo trata-se de uma publicação na New England Journal of MedicineChocolate Consumption, Cognitive Function, and Nobel Laureates DOI: 10.1056/NEJMon1211064 (aqui;) o que sempre deve ser lido com atenção.
O British Medical Journal publica no final do ano sempre algum artigo “humorísitico”, mas desconhecia isto no New England Journal of Medicine. Os dados são interessantes e podem servir de exemplo para os cuidados que devemos ter ao interpretar correlações.
Quais as principais limitações do estudo? o que pode explicar os dados?

Adicionado em 18/10/2012
Luis Claudio Correia publicou no seu Medicina Baseada em Evidências um excelente post (Consumo de Chocolate e Conquista de Prêmios Nobel) sobre a "brincadeira" do NEJM (aqui). Assim, quem quiser explorar a pergunta feita ao final do nosso post deve ler o excelente post de Luis Claudio.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Semana Nacional de Ciência e Tecnologia mostra inovações para desenvolvimento sustentável e justo


A nona edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) vai reunir em eventos por todo o Brasil inovações que podem tornar realidade o desenvolvimento ambientalmente sustentável e socialmente justo. Todos os anos, as ações da semana são promovidas em torno de uma temática de importância social. Para a edição deste ano, o tema escolhido é “Economia verde, sustentabilidade e erradicação da pobreza”. 

A Assembleia-Geral das Nações Unidas declarou 2012 como o Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos. Além disso, a escolha está em sintonia com as discussões da Conferência sobre o Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) - evento promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU) em junho deste ano, no Brasil. “As pesquisas científicas e tecnológicas, os intercâmbios científicos e o uso generalizado e aberto dos dados e resultados científicos são fatores essenciais para enfrentar estes desafios, tendo em vista os limites naturais do planeta e a necessidade de estruturas socioeconômicas renovadas”, avalia o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp.

Debates - Durante o ano e, principalmente, no período da SNCT, são promovidas e estimuladas atividades de difusão e de apropriação social de conhecimentos científicos e tecnológicos relacionados com esse tema, com debates sobre as estratégias e as mudanças necessárias para uma economia verde que, em conexão com um modelo de desenvolvimento sustentável, contribua para a erradicação da pobreza e a diminuição das desigualdades sociais no País. 

Segundo Raupp, o objetivo é discutir em escolas, universidades, comunidades e locais públicos os diversos aspectos envolvidos no estabelecimento de uma economia verde, bem como os desafios da sustentabilidade nas suas dimensões ambiental, econômica e social. “Uma educação de qualidade é um elemento indispensável para possibilitar uma formação cidadã adequada para o desenvolvimento sustentável”, diz o ministro.  

Um dos destaques da semana serão os testes da Pegada Ecológica, que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) promoverá em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede Clima) e o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas (INCT-MC). 

Pegada Ecológica é a mensuração da quantidade de recursos naturais que um indivíduo, cidade ou país utiliza para se sustentar, conforme hábitos de consumo e estilos de vida, visando reforçar a conscientização sobre o uso adequado dos recursos naturais, ou seja, a compatibilidade com a capacidade de regeneração do planeta.

Programação 
A programação completa da SNCT, que acontece de 15 a 21 de outubro, está disponível em semanact.mct.gov.br. O evento é realizado desde 2004, no mês de outubro, em todo o Brasil. A coordenação nacional é de responsabilidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.

Boletim 1636 da SECOM (aqui)

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

TEDMED Grandes palestras em medicina


"TEDMED is a community of people who are passionate about imagining the future of health and medicine.
Once a year, TEDMED holds a "grand gathering" where leaders from all sectors of society come together for three and a half days. They explore the promise of technology and the potential of human achievement. This unique event combines dazzling celebration, high-powered learning and unforgettable theater.
TEDMED is the only place where a Nobel Prize winning neurobiologist has a conversation with a four-star general… where an opera singer (with a double lung transplant) chats with a NASA space physician… and where a ballet dancer talks to an exoskeleton designer."
Veja uma das apresentações de 2012
"Graphic designer Teresa Monachino's "Skicktionary"shows just why so many health terms are utterly confusing - and outright funny"

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Chamada de projetos CNPq Glaxo Smith-Kline


Chamada para projetos na áreas acima, com possibilidade de bolsas para realizaçao de experimentos em laboratórios da GSK.

Data limite: 26/11/2012
Valor máximo de cada proposta: R$ 150.000,00

Mais detalhes aqui.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Proposta facilita importação de mercadorias para pesquisa científica

Do site do Dep. Romario (aqui)

A Câmara analisa o Projeto de Lei 4411/12 que prevê a simplificação do processo de importação de mercadorias destinadas à pesquisa científica e tecnológica. O texto, de autoria do deputado Romário (PSB-RJ), prevê que os pesquisadores tenham a liberação automática das mercadorias livres de taxas da Receita Federal e da Anvisa.

Pela proposta, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) deverá criar um cadastro nacional de pesquisadores que teriam liberação imediata das mercadorias. O projeto também responsabiliza o pesquisador pelos danos à saúde e ao meio ambiente decorrentes da alteração da finalidade declarada para o ingresso do material no País.

Citando levantamento feito com os pesquisadores, o autor argumenta que 76% dos cientistas brasileiros já perderam material científico na alfândega e 99% resolveram mudar os rumos das pesquisas em virtude das dificuldades para importar os reagentes.

“Enquanto aqui são necessários 30 dias, em alguns casos até três meses, para o recebimento de um produto, em outras partes do mundo a entrega é feita em até 24 horas”, afirma Romário.

Tramitação - A proposta tramita em caráter conclusivo e será examinada pelas comissões de Seguridade Social e Família; de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Nobel de Medicina 2012 para células tronco

Saiu hoje o resultado do Premio Nobel de Medicina 2012.

 

Do site da Nobel Organization:

Summary

The Nobel Prize recognizes two scientists who discovered that mature, specialised cells can be reprogrammed to become immature cells capable of developing into all tissues of the body. Their findings have revolutionised our understanding of how cells and organisms develop.
John B. Gurdon discovered in 1962 that the specialisation of cells is reversible. In a classic experiment, he replaced the immature cell nucleus in an egg cell of a frog with the nucleus from a mature intestinal cell. This modified egg cell developed into a normal tadpole. The DNA of the mature cell still had all the information needed to develop all cells in the frog.
Shinya Yamanaka discovered more than 40 years later, in 2006, how intact mature cells in mice could be reprogrammed to become immature stem cells. Surprisingly, by introducing only a few genes, he could reprogram mature cells to become pluripotent stem cells, i.e. immature cells that are able to develop into all types of cells in the body.
These groundbreaking discoveries have completely changed our view of the development and cellular specialisation. We now understand that the mature cell does not have to be confined forever to its specialised state. Textbooks have been rewritten and new research fields have been established. By reprogramming human cells, scientists have created new opportunities to study diseases and develop methods for diagnosis and therapy.

Life – a journey towards increasing specialisation

All of us developed from fertilized egg cells. During the first days after conception, the embryo consists of immature cells, each of which is capable of developing into all the cell types that form the adult organism. Such cells are called pluripotent stem cells. With further development of the embryo, these cells give rise to nerve cells, muscle cells, liver cells and all other cell types - each of them specialised to carry out a specific task in the adult body. This journey from immature to specialised cell was previously considered to be unidirectional. It was thought that the cell changes in such a way during maturation that it would no longer be possible for it to return to an immature, pluripotent stage.

Frogs jump backwards in development

John B. Gurdon challenged the dogma that the specialised cell is irreversibly committed to its fate. He hypothesised that its genome might still contain all the information needed to drive its development into all the different cell types of an organism. In 1962, he tested this hypothesis by replacing the cell nucleus of a frog's egg cell with a nucleus from a mature, specialised cell derived from the intestine of a tadpole. The egg developed into a fully functional, cloned tadpole and subsequent repeats of the experiment yielded adult frogs. The nucleus of the mature cell had not lost its capacity to drive development to a fully functional organism.
Gurdon's landmark discovery was initially met with scepticism but became accepted when it had been confirmed by other scientists. It initiated intense research and the technique was further developed, leading eventually to the cloning of mammals. Gurdon's research taught us that the nucleus of a mature, specialized cell can be returned to an immature, pluripotent state. But his experiment involved the removal of cell nuclei with pipettes followed by their introduction into other cells. Would it ever be possible to turn an intact cell back into a pluripotent stem cell?

A roundtrip journey – mature cells return to a stem cell state

Shinya Yamanaka was able to answer this question in a scientific breakthrough more than 40 years after Gurdon´s discovery. His research concerned embryonal stem cells, i.e. pluripotent stem cells that are isolated from the embryo and cultured in the laboratory. Such stem cells were initially isolated from mice by Martin Evans (Nobel Prize 2007) and Yamanaka tried to find the genes that kept them immature. When several of these genes had been identified, he tested whether any of them could reprogram mature cells to become pluripotent stem cells.
Yamanaka and his co-workers introduced these genes, in different combinations, into mature cells from connective tissue, fibroblasts, and examined the results under the microscope. They finally found a combination that worked, and the recipe was surprisingly simple. By introducing four genes together, they could reprogram their fibroblasts into immature stem cells! 
The resulting induced pluripotent stem cells (iPS cells) could develop into mature cell types such as fibroblasts, nerve cells and gut cells. The discovery that intact, mature cells could be reprogrammed into pluripotent stem cells was published in 2006 and was immediately considered a major breakthrough.

From surprising discovery to medical use

The discoveries of Gurdon and Yamanaka have shown that specialised cells can turn back the developmental clock under certain circumstances. Although their genome undergoes modifications during development, these modifications are not irreversible. We have obtained a new view of the development of cells and organisms.
Research during recent years has shown that iPS cells can give rise to all the different cell types of the body. These discoveries have also provided new tools for scientists around the world and led to remarkable progress in many areas of medicine. iPS cells can also be prepared from human cells.
For instance, skin cells can be obtained from patients with various diseases, reprogrammed, and examined in the laboratory to determine how they differ from cells of healthy individuals. Such cells constitute invaluable tools for understanding disease mechanisms and so provide new opportunities to develop medical therapies.

 

Sir John B. Gurdon was born in 1933 in Dippenhall, UK. He received his Doctorate from the University of Oxford in 1960 and was a postdoctoral fellow at California Institute of Technology. He joined Cambridge University, UK, in 1972 and has served as Professor of Cell Biology and Master of Magdalene College. Gurdon is currently at the Gurdon Institute in Cambridge.
Shinya Yamanaka was born in Osaka, Japan in 1962. He obtained his MD in 1987 at Kobe University and trained as an orthopaedic surgeon before switching to basic research. Yamanaka received his PhD at Osaka City University in 1993, after which he worked at the Gladstone Institute in San Francisco and Nara Institute of Science and Technology in Japan. Yamanaka is currently Professor at Kyoto University and also affiliated with the Gladstone Institute.


Key publications:

Gurdon, J.B. (1962). The developmental capacity of nuclei taken from intestinal epithelium cells of feeding tadpoles. Journal of Embryology and Experimental Morphology 10:622-640.
Takahashi, K., Yamanaka, S. (2006). Induction of pluripotent stem cells from mouse embryonic and adult fibroblast cultures by defined factors. Cell 126:663-676.


quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Imunologia nas Escolas

Segue um vídeo mostrando o belíssimo trabalho do INCT de Imunologia intitulado "Imunologia nas Escolas". A equipe, liderada por Verônica Coelho, se dispôs a discutir a imunologia em uma escola estadual de São Paulo. Os alunos do ensino médio foram apresentados à ciência e à pesquisa, tendo como exemplos situações comuns: catapora, HIV, teste de gravidez e assim por diante. Mais um exemplo de como os cientistas podem (e devem) divulgar seu trabalho e, ao mesmo tempo, incentivar a busca pelo conhecimento. Vejam, no final, a resposta por parte dos estudantes.
Parabéns!

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Workshop Estratégias para Ampliar a Interação Academia-Empresa


Academia de Ciências da Bahia
Grupo de Trabalho Teses de Pós-Graduação

Workshop Estratégias para Ampliar a
Interação Academia-Empresa

PROGRAMAÇÃO

Dia 03 de Outubro de 2012 (SENAI-CIMATEC)

14 -14:20  ABERTURA

Boas vindas e “Visão geral do SENAI CIMATEC
Alex Alisson Bandeira Santos
(Gerente da Instituição de Ensino Superior do SENAI CIMATEC)

14:20-16:10 - MESA REDONDA

Estratégias para ampliar a Interação Academia-Empresa”
Moderador: Roberto Figueira Santos
(Presidente da Academia de Ciências da Bahia)

Palestrantes:

“Importância da Interação Academica Empresa”
Jailson B. de Andrade
            (Membro Academia de Ciências da Bahia e Coordenador do Grupo de Trabalho Teses de Pós Graduação)

O Código de Ciência, Tecnologia e Inovação e suas implicações para educação superior na Bahia
Robert Evan Verhine
(Membro Academia de Ciências da Bahia e Fórum de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação do Estado da Bahia)

"Mestrado e Doutorado no SENAI CIMATEC: Da visão estratégica ao futuro" 
Hernane Borges de Barros Pereira
(Coordenador dos Programas de Pós Graduação da Faculdade SENAI CIMATEC)

"Projeto WPC Brasil a pesquisa que deu certo"
Josiane Dantas Viana
 (Gerente da Área Tecnológica de Materiais do SENAI CIMATEC)

16:10 - 17:00 ENCERRAMENTO
Visita no SENAI CIMATEC

É possível prever qual será o seu desempenho em ciência nos próximos anos?

Publicado originalmente no SBlogI


Uma preocupação constante na ciência é medir, tudo deve ser capaz de ser expresso numa unidade física. Não é de estranhar que tal aspecto seja empregado em avaliar o próprio desempenho científico. Outra característica da ciência é o constante aperfeiçoamento. 
As primeiras medidas de desempenho científico (número de trabalhos publicados) são muito pouco sofisticadas, pois há trabalhos de grande qualidade como os há de qualidade muito duvidosa. Devo mencionar, contudo, que em geral a qualidade acompanha a quantidade em publicações científicas. 
O fator de impacto das revistas em que se publica adiciona alguma qualidade ao cálculo, já que as revistas de grande prestígio (quase) não aceitam trabalhos de baixa qualidade. Contudo, o fator de impacto de uma revista científica é obtido dividindo-se o número de  citações pelo número de trabalhos publicados, ou seja, muitos trabalhos ali publicados são citados menos que o fator de impacto da revista. Em alguns casos , bem menos que este indicador. 
Um outro avanço foi observar-se o número real de citações obtidas por cada um dos artigos em análise. Ainda restava a limitação de trabalhar com a média (ou algo similar) de citações obtidas, o que pode levar a conclusões falsas. Um, ou poucos artigos, com muitas citações podem elevar a média de citações de um determinado autor sem significar, necessariamente, qualidade maior que outro indivíduo. Como exemplo constate, usa-se o fato de um cientista que durante o seu pós-doutoramento teve oportunidade de trabalhar com alguém muito bom e colaborou em alguns trabalhos muito citados. Após este período, não teve mais artigos com elevado número de citações.
O índice h proposto por Jorge Hirsch “captures the quality (citations) and quantity (number) of papers, thus representing scientific achievements better than either factor alone. A scientist has an h­index of n if he or she has published n articles receiving at least n citations each. Einstein, Darwin and Feynman, for example, have impressive h­indices of 96, 63 and 53, respectively.
Ainda resta o problema de que o índice h é uma medida útil para cientistas com uma carreira já estabelecida, pois, assim como outros indicadores, se baseia no passado. Como comparar então jovens cientistas em início de carreira? o que ocorre nos concursos de ingresso, por exemplo.
Um artigo recente na Nature (Future Impact: Predicting scientific success) analise o problema e propõe uma solução. Eles cegaram a uma fórmula capaz de incluir “number of publications, those in high­profile journals, the h­index and collaborators. One can also infer inter­ disciplinary breadth, the length and quality of training, the amount of funding received and even the standing of the scientist’s PhD adviser.” Eles lembram que tais fatores já são normalmente avaliados pelos comitês de forma subjetiva. O que eles conseguem no trabalho é colocar pesos para tais fatores. Para chegar à fórmula eles usaram um grande banco de dados sobre neurocientistas e empregaram técnicas de aprendizado de máquina (machine-learning techniques) e linear regression with elastic net regularization (seja lá o que isto for!). 
O gráfico da publicação mostra que o modelo tem uma grande capacidade de predição.
“The model predicted the future h­index accurately, yielding a respectable R2 = 0.67, cross­validated across scientists (an R2 of 1 would imply that the model predicts the data perfectly). A simplified model containing only the number of published articles, the h­index, years since first publication, num­ ber of publications in prestigious neuro­ science journals (Nature, Science, Nature Neuroscience, Neuron and the Proceedings of the National Academy of Sciences) and the number of distinct journals still performed nearly equally well (R2 = 0.66; see ‘Predict your future h­index’)”

Vale a pena ler o artigo (aqui).

Acuna, D. E., Allesina, S., & Kording, K. P. (2012). Future impact: Predicting scientific success. Nature, 489(7415), 201–202. doi:10.1038/489201a

As ilustrações são do artigo original.