segunda-feira, 31 de maio de 2010

Sobre 4ª Conferencia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação


Post de Bethania Almeida e Erika Aragão 
A 4ª Conferencia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (4ª CNTI), que aconteceu entre os dias 26 e 28 de maio em Brasília, contou com expressiva participação de representantes das universidades, institutos de pesquisa, sociedades científicas e entidades empresariais. Foi um encontro marcado pela presença de pesquisadores e gestores das diversas áreas do conhecimento. 
O evento foi organizado em quatro grandes eixos, que nortearam as discussões nas sessões plenárias: I) Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação; II) Inovação na Sociedade e nas Empresas; III) Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Áreas Estratégicas; IV) Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social.  Porém, apesar de tratar-se de uma conferência, o formato não propiciou contribuições mais efetivas dos participantes presentes na etapa nacional. Cada palestrante fez sua apresentação em 15 minutos e as perguntas eram apresentadas por escrito, ao final das quatro palestras proferidas em cada sessão, o que permitia  seleção das perguntas a serem respondidas, agregando poucas contribuições da plenária para o Livro Azul, documento que será publicado com os resultados da 4ª CNTI.
Na nossa percepção mereceu destaque a Plenária 1 – Novos padrões de desenvolvimento via inovação. Nela, as falas da Dra. Bertha Koiffmann Becker (UFRJ) e do Dr. Luiz Gonzaga de Mello Belluzo (UNICAMP) foram muito felizes ao indagarem o modelo de inovação e desenvolvimento que queremos, chamando atenção para as questões culturais envolvidas no processo. Ou seja, saíram do mote de que inovar é sempre bom e discutiram os rumos da inovação que o país precisa, com inclusão social. O cerne da questão nas palavras de Dr. Belluzo é: “em que sociedade queremos viver?” 
Como pensar políticas de inovação requer discussões sobre os ambientes regulatórios e econômicos para o seu desenvolvimento, algumas sessões suscitaram questões muito interessantes, como as sessões paralelas: “ambientes econômicos  propícios para a inovação” e  “o ambiente regulatório: entraves e desafios”. Na primeira, um consenso importante foi a ampliação de recursos para a área de C, T, &I, particularmente no que tange a participação ativa do BNDES no caso da Inovação, bem como na melhoria do ambiente macroeconômico. A questão tributária, grande responsável pelo que definia-se como “custo Brasil”, foi colocada como um entrave importante na medida em que a carga tributária do país ainda continua uma das maiores do mundo. Ainda, alguns membros da mesa foram críticos à “pulverização” de recursos, o que denominaram efeito regador. 
Contudo, cremos que isso deve ser olhado com extremo cuidado, pois o BNDES e outras instituições da mesma natureza tendem a investir apenas em projetos cujos riscos não se confundem com a empresa. Outro aspecto a ser destacado foi a ausência quase total de questões relativas à escassez de capital de risco no país, importantes para o desenvolvimento de experiências inovadoras em países como os Estados Unidos, por exemplo. 
No que concerne ao marco regulatório, foram apontados avanços no Brasil, como a Lei de Inovação, que possibilita a parceria entre os setores públicos e privados, ampliando as relações entre universidade e empresa. A Lei do Bem, que amplia os incentivos fiscais para instituições que desenvolvem atividades de P&D. Porém, os entraves impostos pela Lei 8666, que institui normas para licitações e contratos da Administração Pública, foram apontados como um dos responsáveis pela burocratização do setor público, reduzindo a agilidade do mesmo.
Dentre as sessões temáticas, duas foram relacionadas ao setor saúde. A que teve por título “pesquisa e desenvolvimento em saúde: o futuro de uma política setorial” contou com a participação do Vice-Presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz, Carlos Gadelha, cuja fala foi desafiante ao abordar o setor saúde como parte do Sistema Nacional de Inovação. Gadelha chamou atenção para o fato de que o SUS viabiliza acesso à tecnologia em saúde, apesar das dificuldades e percalços, constituindo inclusive um mercado importante. Dentre os exemplos cita que o Brasil possui um dos maiores programas públicos de transplante de órgãos e tecidos do mundo, que isso é ciência, tecnologia e inovação na prática. Carlos Gadelha aproveitou a fala de Belluzo para reforçar que a inovação tem que ir na direção da sociedade que queremos. 
Ao falar sobre inovação a questão da propriedade intelectual não poderia deixar de ser abordada. A sessão destinada ao tema contou com a participação de importantes especialistas na área, que debateram questões relativas a esse marco legal no Brasil e apontaram a importância de tratar o assunto com bastante cuidado, na medida em que as empresas têm usado o patenteamento não só como estratégia de proteção a objetos específicos. Segundo o advogado Denis Borges Barbosa, as empresas têm patenteado separadamente vários componentes do mesmo objeto não apenas para inviabilizar novos produtos no mercado como também para garantir a extensão do prazo de concessão do monopólio.
O saldo da 4a CNCTI é positivo, os avanços alcançados nos últimos anos são indiscutíveis. No entanto, persiste a sensação de que muitas arestas ainda precisam ser aparadas para o efetivo delineamento e consecução de políticas nacionais estratégicas de ciência, tecnologia e inovação.

V Reunião Regional da FeSBE


Post de Camila Indiani de Oliveira
Foi realizada em Aracaju na semana passada e V Reunião Regional da FeSBE, da qual participei como conferencista na mesa redonda intitulada “Patogênese e Imunoterapia”, da qual também fizeram parte os Drs. Roque Almeida, da UFS, Tecia de Carvalho da UFRJ e Célio Lopes Silva, da FMRP-USP. A Diretoria da FeSBE propôs a realização de Reuniões Regionais para permitir o acesso, principalmente, de pós-graduandos e de graduandos a discussões científicas. A primeira reunião foi realizada em Belém (PA), 2005, a segunda em Recife (PE), 2007, a terceira em Fortaleza (CE), 2008, e a quarta em Goiânia (GO), 2009. Sendo assim, promove-se maior interação com outros centros emergentes de pesquisa e, sobretudo, a participação de pós graduandos e de alunos de Iniciação Cientifica locais. Chamou a atenção a enorme quantidade de alunos presente durante o evento que, além de mesas redondas e palestras, também contou com sessões de pôsteres e com mini-cursos. Embora a maioria (mais de 50%) do público presente fosse de Aracaju, houve grande participação também de pesquisadores da Bahia, do Ceará e do Maranhão. Está cada vez mais claro que a ciência feita no Brasil está em todos os estados, em universidades consagradas e em outras recém criadas. A iniciativa da FeSBE está em sua quinta edição e, novamente, mostrou-se um sucesso em termos de público e qualidade dos trabalhos apresentados. Portanto, fica a sugestão que as outras Sociedades, as quais representam as diversas áreas da pesquisa em ciências biomédicas, considerem a possibilidade de realizar seus congressos anuais em diferentes capitais do Brasil. Desta maneira, haveria um maior compromisso dos cientistas de interagir com o vasto público de alunos em formação e, sobretudo, de divulgar seus conhecimentos pelos tantos cantos do nosso país.

Dia Mundial sem Tabaco faz alerta às mulheres

Do site do Ministério da Saúde27/05/2010 , às 18h37

Elas se tornaram um dos alvos prediletos da publicidade do tabaco 



O Dia Mundial sem Tabaco de 2010 será celebrado nesta segunda-feira 31 de maio. A Organização Mundial da Saúde (OMS) escolheu como tema “Gênero e tabaco com ênfase no marketing para mulheres”, com o objetivo de alertar sobre as estratégias que a indústria do tabaco utiliza para atingir o público feminino e os males que o cigarro causa à saúde e ao meio ambiente. 
No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) desenvolveu peças promocionais para uma campanha com o slogan “Mulher, você merece algo melhor que o cigarro!”. As peças trazem a imagem de flores como um contraponto ao cigarro: as flores representam proteção ao meio ambiente, beleza e qualidade de vida, contrastando com o cigarro, sinônimo de desmatamento, envelhecimento precoce e problemas de saúde.
O INCA estima que o tabagismo seja responsável por 40% dos óbitos nas mulheres com menos de 65 anos e por 10% das mortes por doença coronariana nas mulheres com mais de 65 anos de idade. Uma vez abandonado o cigarro, o risco da doença cardíaca começa a decair – após um ano, reduz-se à metade e, após dez anos, atinge o mesmo nível de quem nunca fumou.
Entre as mulheres que convivem com fumantes, principalmente seus maridos, há um risco 30% maior de desenvolver câncer de pulmão em relação àquelas cujos maridos não fumam. Além disso, o risco de infarto do miocárdio, embolia pulmonar e tromboflebite em mulheres jovens que usam anticoncepcionais orais e fumam chega a ser dez vezes maior que o das que não fumam e usam esse método contraceptivo. 
As gestantes também devem ficar alertas. Abortos espontâneos, nascimentos prematuros, bebês de baixo peso, mortes fetais e de recém-nascidos, complicações com a placenta e episódios de hemorragia ocorrem mais frequentemente quando a mulher grávida fuma. Tais problemas se devem, principalmente, aos efeitos do monóxido de carbono e da nicotina exercidos sobre o feto, após a absorção pelo organismo materno. 
Os riscos para a gravidez, o parto e a criança não decorrem somente do hábito de fumar da gestante. Quando é obrigada a viver em ambiente poluído pela fumaça do cigarro, ela absorve as substâncias tóxicas, que, pelo sangue, passa para o feto. Quando a mãe fuma durante a amamentação, a nicotina passa pelo leite e é absorvida pela criança. 
A mulher e o cigarro - Com a participação cada vez maior da mulher no mercado de trabalho, seu papel social também foi se alterando rapidamente. Ela passou a ter mais poder, tanto aquisitivo, quanto de decisão dentro da sociedade. 



Em decorrência de todas essas mudanças, a mulher tornou-se um dos alvos prediletos da publicidade da indústria do tabaco, que passou a divulgar o cigarro como símbolo de emancipação e independência. Isso fez e continua fazendo com que o número de mulheres fumantes aumente cada vez mais. 
Veja mais no hotsite do 31 de maio. 

sábado, 29 de maio de 2010

Quais seriam as outras possíveis conferências de Zinkernagel na Bahia?

Quando foi acertada a conferência do Prof. Rolf Zinkernagel na Bahia, ele apresentou três possibilidades de tema, com pequenas descrições. O tema da conferência proferida apresentado foi Why do we not have a vaccine against HIV or TB”, que além dos comentários acima também já teve seu resumo divulgado (aqui).
Abaixo estão as duas opções adicionais de conferência que haviam sido oferecidas por ele:

"A Nobel Prize from Unexpected Experimental Results
The role of chance observations leading to key discoveries versus the rational of careful analysis of hypotheses is analysed. Once we know all details from the molecular to the physiological level of all things knowable, we will be able to ask reasonable questions and get answers that can be properly placed. Until then we probably have to rely heavily on observations that yield unexpected results. A few examples will be presented, including so called MHC restricted T cell recognition, the lack of a immune response against many self antigens without T cells or B cells having been eliminated by classical mechanisms, the role of immunopathology in explaining not only chronic or degenerative tolerance types of diseases, but also of so called autoimmune diseases.

Infection & Immunity: Basic Research and Medical Application
Infectious diseases and immune protection against such infections is used here to exploit basic immunological mechanisms and to confront these insights with current immunological dogma. Various concepts, including so called tolerance, i.e. absence of an immune response against self- or foreign antigens, the idea of immunological memory or the concept of immunological specificy are reviewed. These well accepted concepts will be confronted with experimental findings that question the biological and medical relevance of many theoretical concepts and demonstrate alternative possibilities that may be exploited medically."
 
Qual das três você teria escolhido?

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Instituto Carlos Chagas – FIOCRUZ no Paraná

Fiz uma breve visita ao Instituto Carlos Chagas (ICC), a unidade da FIOCRUZ em Curitiba, aproveitando a estadia lá para participar do III Simpósio Sul de Imunologia. Fiquei muito bem impressionado. Os pesquisadores senior são todos reconhecidos pela excelência e a produção científica do ICC é respeitável.
O ponto mais saliente, para mim, foi a integração harmonica entre a pesquisa, desenvolvimento tecnológico e produção. Além de realizar uma pesquisa avançada, o grupo tem um interesse bem definido em levar os produtos identificados pela pesquisa até a produção. O ICC já é responsável pela produção de kits para diagnóstico viral e tem planos avançados para expandir em outras frentes.

As instalações são muito amplas e o Instituto está muito bem equipado. Além das instalações do edifício central atuais, o ICC tem um laboratório de desenvolvimento de protótipos noum prédio de uma incubadora tecnológica, logo ao lado. Também impressionante é a planta de produção que já iniciando realiza as rotinas de segurança para iniciar a produção. A planta de produção também fica ao lado do ICC. Até dezembro deverão construir um biotério e já têm o terreno e os planos para a construção de um novo edifício para ensino e administração, o que liberará mais espaço para os laboratórios de pesquisa.

Haver conseguido tudo isto em nove anos é ainda mais digno de elogios.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Incendio do Butantan afeta relação do Min do Meio Ambiente e o MCT


Recebi de um amigo, ligado ao meio-ambiente, o texto abaixo. Acredito na veracidade da fonte, pelo que fico estarrecido que um "puxão de orelhas" interministerial seja tão divulgado. 
Aviso No.145/GM/MMA
                                                                                  Brasília, 18 de maio de 2010
A Sua Excelência o Senhor
Sérgio Machado Rezende
Ministro de Estado da Ciência e Tecnologia
Assunto:  Acervo da Coleção Científica do Instituto Butantã destruído por incêndio
Senhor Ministro,
A nação brasileira recebeu estarrecida a trágica notícia do incêndio que destruiu a coleção científica do Instituto Butantã – um acervo de mais de 535 mil amostras da fauna brasileira representando o maior acervo brasileiro e um dos maiores do mundo de animais peçonhentos (serpentes, aranhas, escorpiões e outros), no último final de semana. Mais de 100 anos de pesquisa foram destruídos em poucas horas!
Coleções científicas como as do Instituto Butantan são em grande parte responsáveis pela liderança brasileira na pesquisa sobre a taxonomia da biodiversidade na América Latina 20101. Os pesquisadores brasileiros foram responsáveis por 45% de todas a publicações científicas em sistemática biológica sobre a biodiversidade neotropical publicadas no século XX. O prejuízo científico, educacional, ambiental, econômico e social desta perda irreparável é difícil de ser estimado, mas é certamente  maior que o custo de investimentos que poderiam ter sido realizados para melhorar a infraestrutura e a segurança das instalações que abrigavam essa valiosa coleção.
Quantas outras coleções científicas brasileiras estão vulneráveis a acidentes como esse? Quantos outros Butantans o país perderá antes de acordar para a realidade de abandono e vulnerabilidade das coleções que abrigam a memória científica da biodiversidade brasileira?
Como poderá o país que abriga a maior parcela da biodiversidade mundial, estimada em cerca de 2.000.000 de espécies, das quais menos de 10% descritas pela ciência2, beneficiar-se desse patrimônio de incalculável valor potencial se abandonar suas  coleções científicas que são a base para o conhecimento da biodiversidade e da geração de tecnologias e inovações em benefício da sociedade brasileira?
O país já dispõe de diagnósticos recentes e abrangentes sobre a realidade das coleções científicas brasileiras de história natural (fauna, flora e microorganismos) como o diagnóstico das coleções biológicas organizado pela Dra. Ariane Peixoto e publicado pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro3 bem como o documento de diretrizes e estratégias para a modernização das coleções biológicas brasileiras coordenado pela Dra. Ione Egler et al. e publicado pelo MCT e CGEE4.
No Ano Internacional da Biodiversidade, declarado pela ONU, ao se  aproximar o Dia Mundial da Biodiversidade - 22 de maio - e na quase véspera da 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, o Governo Brasileiro não pode assistir impassível à perda de um patrimônio científico-biológico dessa magnitude.
Como sugestão, encaminho anexa a proposta de Estratégia para as Coleções Biológicas Brasileiras debatida e aprovada pela Comissão Nacional de Biodiversidade – CONABIO. Essa proposta teve como ponto de partida o documento do MCT/CGEE de 200655 e contou com a ativa contribuição de especialistas do MCT, do Ministériodo Meio Ambiente - MMA e seus respectivos institutos, da Fiocruz, da Embrapa, de universidades,  de sociedades científicas e da Associação Memória Naturalis, que reúne os museus brasileiros de história natural6.
Ressalto também as recomendações da reunião Biodiversity: The Megascience in Focus, realizada em Curitiba em março de 2006, no âmbito da 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, organizada pela Academia Brasileira de Ciência, pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, pela Associação Memória Naturalis e pela União Internacional das Ciências Biológicas – IUBS, com o apoio do MCT e do MMA7.
Consulto VossaExcelência se este não seria o momento, finalmente, para o país lançar um grande e ambicioso programa de consolidação e expansão dos museus brasileiros de história natural - incluindo as coleções de fauna, flora e microorganismos - tanto para assegurar a preservação desse rico patrimônio nacional, como para assegurar que o Brasil continue e expanda sua liderança em pesquisa sobre a biodiversidade tropical ao longo do século XXI. Tal iniciativa, que poderia ser anunciada na 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, deveria incluir a criação de uma linha de fomento interministerial dirigida exclusivamente para capacitação infraestrutural das instalações existentes nos grandes Museus de História Natural do país, bem como para a construção de novas instalações especialmente  dimensionadas e seguras para receber essas coleções científicas e atender a demanda reprimida de mais espaço  nos museus e herbários para as novas amostras coletadas.
Esta iniciativa, a ser liderada pelo MCT, poderia mobilizar recursos financeiros de diferentes fontes orçamentárias, incluindo recursos do tesouro alocados a diferentes ministérios - MCT, MEC, MMA, MAPA e MS - , dos fundos setoriais de C&T, de fundos ambientais, de emendas parlamentares, das FAPs, do setor privado -  inclusive com isenções fiscais permitidas pelas leis de incentivo à cultura e à inovação em C&T - e de doadores internacionais.
Sugiro, ainda, que o MCT realize um levantamento expedito para mapear as principais vulnerabilidades dos herbários e museus brasileiros de história natural para orientar as prioridades na aplicação dos recursos.
Apelo à sensibilidade do MCT para que medidas estruturantes à altura da dimensão do desafio sejam adotadas para salvaguardar o valioso acervo das coleções científicas brasileiras de biodiversidade e para que outros Butantans não sejam perdidos para sempre. O MMA e seus institutos estão à disposição para colaborar  nessa importante tarefa.
Que o drama da perda das coleções científicas do Instituto Butantan possa servir de ignição para uma vigorosa reação do Governo Brasileiro em prol da ciência da biodiversidade.
Atenciosamente,
Izabella Teixeira
Ministra de Estado do Meio Ambiente

terça-feira, 25 de maio de 2010

Incêndios científicos sucedem incêndios em instituições científicas


Teve grande repercussão, inclusive na imprensa científica internacional, o incêndio ocorrido recentemente no Instituto Butantan. Uma grande coleção de ofídios e aracnídeos foi consumida pelas chamas. No ano passado, um grande incêndio ocorreu no Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia. O Prof. Caio Castilho no JC online registrava: “O Instituto de Química da Universidade Federal da Bahia (IQ-UFBA) sofreu na tarde do último sábado, dia 21 de março, um incêndio de significativas proporções. Vários laboratórios, notadamente os situados no último andar do prédio, foram severamente afetados.” texto completo aqui. No caso do Butantan os comentários foram numerosos.
Há vários aspectos técnicos a considerar. Porque os nossos prédios de instituições científicas não têm uma adequada infraestrutura para prevenção contra incêndio? Porque a manutenção é deficiente? Etc., e isto tem sido bastante tratado. Não abordarei estes aspectos. O que pretendo comentar é a reação da própria comunidade acadêmica após os incêndios físicos. Nos dois casos, há também um incêndio de atitudes por aflorarem problemas subjacentes de diferentes posturas em relação à visão de como realizar e promover a ciência.
As convulsões intestinas da UFBA fizeram que o processo de recuperação do Instituto de Química se prolongasse muito mais que o razoável. Dois meses após o incêndio do prédio, o Prof. Caio Castilho em outro texto no JC denunciava: Desde então, poucas providências práticas foram tomadas: ... escoramento de porções da estrutura do quarto e quinto andares, recuperação das calhas para águas pluviais que haviam sido parcialmente danificadas e uma ainda não concluída limpeza dos restos da queima. …Nada ainda foi sequer iniciado visando restabelecer o funcionamento da rede elétrica. … “O absurdo da circunstância remete à pergunta sugerida mais acima: A quem interessa este estado de coisas? A que serve este absurdo ou, talvez melhor, a quem serve?” … A única resposta plausível a tanta insensatez e irresponsabilidade é que tudo isto, pelo seu absurdo, interessa a alguém ou a alguns. Candidatos a coveiros no caso abundam.” texto completo aqui.
Pouco após o incêndio do Instituto Butantan o Dr. Érico Vital Brazil, presidente da Casa de Vital Brazil, publicou no 'Globo'.um artigo logo reproduzido no JC e-mail intitulado: A lógica reducionista da fábrica de soros. O artigo continha críticas à ênfase do Butantan na produção de vacinas e críticas à gestão do instituto. “Não se pode dar valor ao que não se conhece. Basta se observar a notória preocupação da imprensa em divulgar que a produção de vacinas não foi atingida por este trágico incêndio.” ... “Perguntamo-nos a quantas andam os indiciamentos dos responsáveis e as investigações sobre o desfalque de cerca de R$ 150 milhões da Fundação Butantan que veio à tona em setembro último. (...) Lamentavelmente (...), é impossível conter a indignação diante do descaso e do descuido da atual administração do Butantan em relação ao patrimônio histórico e científico que lhes foi entregue para gerir. Fez-se definitivamente o vazio inquietante. … Arderam vitoriosas as chamas das vaidades e das mesquinharias daqueles que tiveram até pouco e ainda têm o poder de decisão no Butantan, mais uma vez rejubilou-se a lógica reducionista da fábrica de soros e vacinas contra a qual Vital Brazil tanto lutou e resistiu.”
A resposta, também no JC, do Prof. Isaias Raw foi duríssima, como se pode depreender de alguns trechos, do artigo de Ricardo Mioto e Reinaldo José Lopes na FSP: "Aquilo [o acervo] é uma bobagem medieval. Você acha que a função do Butantan é cuidar de cobra guardada em álcool ou fazer a vacina para as crianças?", disse. Para ele, "não dá para cuidar das duas coisas".... "Se eles não receberam dinheiro é porque não mereciam. Eu recebo todo dinheiro que eu peço. A Fapesp deu aquele prédio. Eles fizeram uma merda naquele prédio. Nem compraram o alarme para incêndio, alarme para incêndio você compra na esquina hoje." Outros cientistas famosos apoiaram Isaias: "Não quero falar mal de colega, mas [o que Raw diz] é verdade. Desde o começo é uma herpetologia [estudo de répteis e anfíbios] de segundo grau", diz Paulo Vanzolini, 86, o mais importante zoólogo brasileiro vivo. "O Butantan nunca foi vanguarda cientificamente."
Se tomarmos o tom da discussão pós incêndio como um marcador da gravidade do acidente, o episódio do Inst. Butantan foi mais grave que o do Instituto de Química. Aproveitando o tom da crítica de Isaias, sobre a ciência de quinta, Herton Escobar escreveu um texto muito equilibrado no Estadão sobre como avaliar os cientistas e de que profissionais de ciência precisamos. Creio que ele acaba chegando no foco do incêndios verbais pós incêndios físicos. Como temos pouco apoio para ciência, a comunidade científica vive sempre “al borde de un ataque de nervios”. O desenvolvimento equilibrado da ciência necessita de vários perfis de profissionais e não somente de cientistas. Segundo Escobar: “A resposta “correta”, claro, é que precisamos de todos os tipos de cientistas. Precisamos de pesquisadores audaciosos, empreendedores, do tipo Craig Venter, que buscam descobertas revolucionárias e não perdem tempo com “picuinhas”. Precisamos de pesquisadores-professores inteligentes, que se dediquem a formar jovens cientistas competentes e fazer boas pesquisas, sem se preocupar necessariamente em ganhar um Prêmio Nobel. Precisamos também de bons cientistas curadores, educadores, expositores, oradores, escritores, divulgadores, que talvez nunca publicaram um trabalho de impacto, mas que sabem transmitir o conhecimento da ciência para o grande público de maneira inteligente, seja na forma de um livro ou de uma exposição, fazendo com que as pessoas entendam, apoiem e se entusiasmem pela ciência etc.” Discordo da denominação de cientistas que Escobar para outros perfis pertencentes ao campo científico, mas concordo com a análise.
Os incêndios físicos precisam ser prevenidos e evitados através de boa administração patrimonial, capacitação etc. Já os incêndios verbais na comunidade científica necessitam ser prevenidos através da compreensão de cada um dos diferentes perfis necessários para o progresso da ciência no país e através do financiamento adequado que reduza tensões desnecessárias.
Ilustração. A figura ilustra incêndios de instalações, para representar os da comunidade científica é necessário alterar a escala do eixo do x. A linha amarela pode representar o incêndio da instalação e a azul o da comunidade.




Adicionado no dia 26.V.2010
Para esclarecer um ponto não detalhado acima: A existência de um volume mais adequado de recursos não deve levar ao financiamento de atividades sem mérito. Mais recursos são necessários para financiar adequadamente as diversas atividades do campo científico, desde que atendidos os critérios de qualidade característicos de cada uma das atividades.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Dobradinha brasileira entre os mais citados do Malaria Journal


Top 20 most accessed articles for last 30 days / past year / all time         [more info]
1. 
Accesses
6644
Research    
Molecular identification of Palearctic members of Anopheles maculipennis in northern IranNavid D Djadid, Saber Gholizadeh, Elham Tafsiri, Roberto Romi, Mikhail Gordeev, Sedigheh ZakeriMalaria Journal 2007, 6:6 (17 January 2007)[Abstract] [Full Text] [PDF] [PubMed] [Related articles]
2. 
Accesses
1531
Review    
Malaria in Brazil: an overviewJoseli Oliveira-Ferreira, Marcus VG Lacerda, Patricia Brasil, Jose LB Ladislau, Pedro L Tauil, Claudio T Daniel-RibeiroMalaria Journal 2010, 9:115 (30 April 2010)[Abstract] [Provisional PDF] [PubMed] [Related articles]
3. 
Accesses
1182
Research    
Towards a precise test for malaria diagnosis in the Brazilian Amazon: comparison among field microscopy, a rapid diagnostic test, nested PCR, and a computational expert system based on artificial neural networksBruno B Andrade, Antonio Reis-Filho, Austeclino M Barros, Sebastiao M Souza-Neto, Lucas L Nogueira, Kiyoshi F Fukutani, Erney P Camargo, Luis MA Camargo, Aldina Barral, Angelo Duarte, Manoel Barral-NettoMalaria Journal 2010, 9:117 (6 May 2010)[Abstract] [Provisional PDF] [PubMed] [Related articles]

domingo, 23 de maio de 2010

Anotações da conferencia de Zinkernagel, por ele mesmo

Vejam a descrição da conferência que havia sido enviada por Zinkernagel:
Why Do We Not Have a Vaccine Against HIV or TB?

While it is well accepted that cell-destroying virus infections must be dealt with efficiently by adaptive immune responses, this is less clear for infections with non-cytopathic persisting virus or persisting infections. It is shown here that the reason why cytopathic infections are efficiently eliminated via prompt neutralizing antibody responses, is that newborn humans cannot mount an adaptive immune response and therefore depend upon the transferred protective maternal antibodies. This however is clearly not an efficient mechanism to protect newborns against non-cytopathic infections, persisting in the infected virus-carrying mother. This interesting balanced situation between various types of acute versus chronic infections and host immune responses is excellently exploited by the successful development of vaccines against acute cytopathic childhood infections, but also explains why such vaccines against persisting non-cytopathic infections (such as HIV or TB) have been impossible to obtain. Alternative co-evolution-independent measures are therefore needed against such ‘persisting’ infections, including changes in exposure, vector control antibiotics or antivirals, and most importantly changes in our behaviour.

sábado, 22 de maio de 2010

Comentarios sobre a Conferencia de Rolf Zinkernagel na FIOCRUZ-Bahia

Foi altamente bem sucedida a iniciativa do iii-INCT e da FIOCRUZ-Bahia de promover a conferência do Prof. Rolf Zinkernagel em Salvador. A importância científica do palestrante, Prêmio Nobel de Medicina em 1996, atraiu bastante gente e foi uma excelente oportunidade para divulgação apropriada da imunologia.

O tema foi “Why do we not have a vaccine against HIV or TB”.
Destacaria alguns pontos fundamentais da conferencia, de natureza geral:
  • Uma apresentação de conceitos fundamentais, mais que uma apresentação extensiva de dados. Bem adaptada, assim, a uma audiência que incluia de estudantes de graduação a cientistas senior e composta, principalmente, de não imunologistas;
  • Um forte espírito crítico sobre o planejamento experimental, sobre a interpretação dos resultados e sobre as conclusões;
  • Sempre interpretar as conclusões tendo em vista a perspectiva da evolução das espécies – homem e microrganismo;
  • Excelente didática, com raciocínio bem encadeado e com um humor fino, bem dosado e totalmente integrado ao tema.
Aspectos fundamentais, no tema tratado:
  • Na pesquisa médica em geral, e na de vacinas em particular, a necessidade de resultados práticos com benefício. Este aspecto apareceu várias vezes e pode ser bem representado pela frase: “By the end of the day, are the legs up or down?”.
  • Para manter a perspectiva do benefício, a distinção entre imunologia e imunidade;
  • Somos capazes de desenvolver anticorpos protetores contras as infecções capazes de matar antes dos 25 a 30 anos, mas não para as doenças graves após esta idade;
  • Todas as vacinas eficazes se baseiam em anticorpos efetivos;
  • As limitações que temos na avaliação da resposta humoral: avaliação de resposta contra os antígenos apropriados vs alvos irrelevantes (ruído); a detecção de anticorpos contra epitopos muito limitados quando as respostas neutralizantes respondem a alvos maiores; o baixo limite de detecção para avaliação das resposta aos antígenos relevantes.
  • Se a evolução não foi capaz de selecionar um mecanismo protetor, será que podemos, utilizando a mesma abordagem, conseguir? Ou seja, para as doenças letais após os 25 anos parece ser mais prático procurar drogas eficazes (um mecanismo diferente do utilizado pela evolução) que uma vacina eficaz.
É interessante que tendo ganho o Nobel ao descrever um aspecto fundamental da imunologia (o reconhecimento de antígeno no contexto do MHC) ele dê atualmente tanta ênfase na imunidade. Sua produção científica recente reflete que este não é só um conselho para os outros. Ele tem focado bastante em aspectos de imunidade e, muito, em anticorpos.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Polimorfismo desfuncionalizante no FCGR2B está associado com a proteção contra malária e susceptibilidade ao lúpus eritematoso sistêmico.


ResearchBlogging.orgPost de Vitor Mendonça
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença auto-imune sistêmica que se caracteriza, histologicamente, pelo depósito em diversos órgãos de imunocomplexos contendo tanto imunoglobulinas quanto componentes do complemento. A malária é uma doença infecto-parasitária causada por parasitas do gênero Plasmodium. A incidência de LES é estimada em 12 a 64 casos por 100,000 indivíduos e registram-se 350 a 500 milhões de casos clínicos da malária por ano. 
O gene FCGR2B codifica o receptor Fc gama IIb (FcγRIIb), um receptor IgG expresso em células imunes incluindo células B, células dendríticas, macrófagos e células plasmáticas. Quando ativado, este receptor sinaliza uma cascata de reações que inibe a proliferação celular, fagocitose e a liberação de citocinas pró-inflamatórias. Camundongos depletados de FcγRIIb são propensos à induzir doenças auto-imunes espontâneas com fenótipos que assemelham-se ao LES.
Um SNP “Single Nucleotide Polymorphism” no FCGR2B (rs1050501) codifica uma treonina no lugar de uma isoleucina na posição 232 do domínio transmembrana do FcγRIIb. Estudos in vitro têm mostrado que a forma do receptor com treonina (FcγRIIbT232) carece de ligações lipídicas e, assim, é incapaz de interagir com receptores ativadores e exercer seu efeito inibitório na função celular. A diminuição da função inibitória causada pelo FcγRIIbT232 resulta em maior ativação das celulas B e células mielóides. Apesar deste polimorfismo predispor ao LES, um sistema imune mais ativo pode ser benéfico em resposta à infecção. O objetivo principal do artigo “A defunctioning polymorphism in FCGR2B is associated with protection against malaria but susceptibility to systemic lupus erythematosus” (doi 10.1073/pnas.0915133107) foi avaliar o SNP no FCGR2B (rs1050501) com a proteção contra malária e predisposição ao LES.
  • LES e FcγRIIbT232:  não houve significância estatística na prevalencia de FcγRIIbT232 entre 819 pacientes com LES de Hong Kong e 1,026 controles (OD=1,34; 0,91-1,99). Contudo, em pacientes caucasianos (326 com LES e 1,296 controles), os homozigotos para FcγRIIbT232 foram significantemente associados com LES (P=0,014).
  • Malária e FcγRIIbT232: foram utilizados 684 crianças  com malária e 998 controles. Quando comparadas, crianças homozigotas para FcγRIIbT232 estavam protegidos contra a malária grave (OR=0,50; P=0,001).
  • Bacteremia e FcγRIIbT232: nenhuma associação significativa foi encontrada entre homozigotos para FcγRIIbT232 e proteção contra infecções bacterianas.
Importante questão discutida pelos autores do trabalho refere-se aos camundongos depletados de FcγRIIb  que produzem níveis mais altos de TNF-α tanto durante quanto depois da infecção pelo P. chabaudi chabaudi, assim como macrófagos humanos FcγRIIbT232. Portanto, o TNF-α, cujo papel na imunopatogênese da malária já está bem descrito na literatura, pode ajudar na proteção a esta doença associado com o FcγRIIbT232. Inquietação esta que não foi respondida no trabalho, não havendo comentários de dosagem e correlações com o TNF-α.

Willcocks, L., Carr, E., Niederer, H., Rayner, T., Williams, T., Yang, W., Scott, J., Urban, B., Peshu, N., Vyse, T., Lau, Y., Lyons, P., & Smith, K. (2010). A defunctioning polymorphism in FCGR2B is associated with protection against malaria but susceptibility to systemic lupus erythematosus Proceedings of the National Academy of Sciences, 107 (17), 7881-7885 DOI: 10.1073/pnas.0915133107

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Bacteria obtida inteiramente de genoma sintético

Quebrada uma importante barreira: A Science publicou hoje a obtenção do primeiro organismo desenvolvido inteiramente a partir de um genoma sintético.
Ou seja está aberta a era do desenvolvimento de seres vivos a partir de planejamento in silico.


Science 21 May 2010:
Vol. 328. no. 5981, pp. 958 - 959
DOI: 10.1126/science.328.5981.958

NEWS OF THE WEEK

GENOMICS:

Synthetic Genome Brings New Life to Bacterium

Elizabeth Pennisi
For 15 years, J. Craig Venter has chased a dream: to build a genome from scratch and use it to make synthetic life. Now, he and his team at the J. Craig Venter Institute have realized that dream. In this week's Science Express, they describe the stepwise creation of a bacterial chromosome and the successful transfer of it into a bacterium, where it replaced the native DNA. Powered by the synthetic genome, that microbial cell began replicating and making a new set of proteins.

Efeito da violência sobre a saúde


A violência tem um impacto importante sobre a saúde. A insegurança faz com que as pessoas não frequentem parques, não utilizem transporte público,por exemplo, o que contribui com o sedentarismo. A mensagem é: precisamos prevenir a violência para ter sucesso em prevenir doenças crônicas.
O Prevention Institute lançou, este mês, uma publicação interessante sobre o assunto: Addressing the Intersection: Preventing Violence and Promoting Healthy Eating and Active LivingA publicação pode ser baixada gratuitamente. 
Until now, very little research on the impact of community violence on healthy eating and activity--and potential solutions--has been done. The Kaiser Permanente-funded report conducted interviews with community advocates as well as strategy sessions with national experts. The final product makes a compelling case for embedding safety strategies into community efforts to promote healthy eating and physical activity.”
É uma publicação com situações dos EEUU e propostas para o contexto estadunidense, mas algo semelhante deve ser pensado para o Brasil. O problema da violência aqui ainda é maior. 

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Prioridades para o financiamento das doenças tropicais negligenciadas


A PLoS Medicine publicou recentemente um material muito interessante sobre o financiamento da pesquisa em doenças tropicais negligenciadas:

Which New Approaches to Tackling Neglected Tropical Diseases Show Promise?


O debate principalmente se foca nas seguintes perguntas: houve uma ênfase exagerada na pesquisa de mecanismos biomédicos e desenvolvimento de drogas em detrimento do conhecimento dos determinantes sociais das doenças?
O texto de background da revista diz:
This PLoS Medicine Debate examines the different approaches that can be taken to tackle neglected tropical diseases (NTDs). Some commentators, like Jerry Spiegel and colleagues from the University of British Columbia, feel there has been too much focus on the biomedical mechanisms and drug development for NTDs, at the expense of attention to the social determinants of disease. Burton Singer argues that this represents another example of the inappropriate “overmedicalization” of contemporary tropical disease control. Peter Hotez and colleagues, in contrast, argue that the best return on investment will continue to be mass drug administration for NTDs.
O artigo mereceu um interessante comentário do blog do The Scientist: Neglected diseases: Teach or treat?

Ilustração: EXTENT OF NEGLECT, COUNTRIES WITH ENDEMIC DISTRIBUTION OF MULTIPLE NEGLECTED TROPICAL DISEASES " ENDEMIC PARASITOSIS". vista no blog ONE WORLD, ONE PEOPLE.