quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Editores de revistas medicas discriminam autores pobres

As revistas médicas de grande prestígio praticam racismo institucional, elas possuem um viés contra doenças da pobreza.

Sei o que muitos estão pensando: Um artigo de Barral foi rejeitado e isto, junto com esta época de final de ano, disparou uma depressão com algum componente de paranoia.

Mas estão enganados, a afirmativa não é minha nem é nova. Em 2003, Richard Horton, editor chefe do The Lancet, escreveu um comentário onde afirma: “There is widespread systematic bias in medical journals against diseases that dominate the least-developed regions of the world.” no que poderia ser designado de racismo institucional.

Há uma sub-representação de cientistas dos países pobres no corpo editorial, assim como há poucos estudos sobre as doenças que afetam grande parte da humanidade, mas situada em países com renda baixa. Ele cita um artigo que revisou a literatura em 2001 e que concluiu: “the frequency of research articles relevant to diseases of poverty was low in the sample he studied—zero for Annals, 2% for JAMA, 4% for the New England Journal of Medicine, 6% for the BMJ, and 16% for The Lancet.“

Um artigo recente Differences in citation rates by country of origin for papers published in top-ranked medical journals: do they reflect inequalities in access to publication? do J Epidemiol Community Health, analisou 4724 artigos publicados entre 1998 e 2002 no British Medical Journal, Lancet, Journal of the American Medical Association e no New England Medical Journal. O artigo mostra que artigos de diferentes países publicados na mesma revista têm taxas de citação diferentes e conclui que isto pode refletir em que pesquisadores de alguns países podem ter dificuldade de publicação nas principais revistas médicas.

Como os editores estão sempre preocupados com citações e fator de impacto, é evidente que os autores de países pobres enfrentam maiores dificuldades para publicação. “In other words, editors were looking beyond quality in making manuscript decisions, raising the limbo bar for some while lowering it for others.” segundo a interpretação de Philip Davis no The Scholarly Kitchen.

É importante ressaltar que outros fatores, citados pelos autores do trabalho no J Epidemiol Community Health afetam os dados. O problema fundamental contudo, é o excesso de valor dado às citações sem levar em conta o tamanho da comunidade envolvida em cada área.

Ilustração.

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