Este post foi divulgado 26.11.2009 em
http://web.me.com/mbarralnetto/LIMI/Blog/Entries/2009/11/26_Mudança_da_direção_da_FAPESB.html
Em dezembro, foi também substituído o Prof. Robert Verhine.
Havíamos informado em post anterior que a direção da FAPESB estava mantida, mesmo com a mudança de Secretário de C&T na Bahia. Vários segmentos da comunidade científica haviam expressado, ao governo, o desejo na manutenção da direção da FAPESB. Isto se devia ao trabalho sério, dedicado e competente realizado por Dora Rosa e sua equipe.
Apesar do desejo da comunidade, Dora foi substituída. Não conhecemos o novo diretor (veja abaixo o seu perfil, divulgado pela FAPESB), pelo que seria precipitado e pouco responsável falar sobre expectativas do seu trabalho. Adicionalmente, este texto não pretende analisar pessoas e cargos. Gostaríamos de tratar sobre o processo de escolha da direção da agência estadual de fomento à C&T.
Alterar a direção de uma agência de fomento no último ano de governo só se explicaria pelo insuficiente desempenho da sua direção. Este não era o caso da FAPESB, por qualquer critério que se analise. Os editais e seus julgamentos demonstravam uma atuação bastante profícua. As parcerias com órgãos federais se consolidaram, o aumento do volume de recursos dedicados ao PRONEX, é um exemplo disto. O funcionamento das câmaras técnicas foi aperfeiçoado. Não sendo a substituição motivada por razões técnicas, qual é a sua causa?
A alteração se deu por razões políticas. As razões políticas são legítimas, uma agência de fomento à C&T não está à margem da política. O problema é que C&T devem se inserir numa política de Estado e não numa política de governo. Pela primeira vez na pequena história da FAPESB, o seu cargo foi clara e explicitamente entregue à escolha de um partido político. Independente de partidos e nomes, isto resulta em que o indicado tem mais compromissos com o seu partido que com a comunidade científica e tecnológica.
Lamentamos que isto ocorra num governo que deu claras manifestações de apoio à C&T. O Governador Wagner esteve presente em várias solenidades da FAPESB, algo não observado anteriormente, e o próprio aumento dos recursos do PRONEX, já citado, decorreu de negociação direta sua com o MCT.
Salientamos que esta manifestação não contém crítica ao novo Diretor Geral nem ao partido que o indicou. Qualquer crítica neste sentido seria açodada e leviana. Ele poderá, e assim esperamos, fazer um trabalho digno de elogios. A crítica se dirige ao processo de mudança da direção. Tememos seriamente que o exemplo de colocar a direção da FAPESB entre os cargos disputados pelos partidos leve ao comprometimento da atuação da agência. O que desejamos é que o compromisso da FAPESB seja com uma política de Estado, com o benefício da população através do apoio à comunidade científico-tecnológica.
Roberto Paulo Machado Lopes possui graduação em Ciências Econômicas – Economia pela Universidade Federal da Bahia – UFBA (1988), mestrado em Economia pela Universidade Federal da Bahia (2001) e doutorando em Planificación Territorial y Gestión Ambiental pela Universidade de Barcelona – Espanha (2008). Até o presente momento atuou como Assessor Especial de Finanças e Planejamento e professor assistente da Universidade do Sudoeste da Bahia – UESB, professor das Faculdades Integradas Jequié – FIJ e professor da Faculdade Independente do Nordeste – FAINOR. Tem experiência na área de Economia, com ênfase em Macroeconomia Keynesiana, atuando principalmente nos seguintes temas: desenvolvimento local, serviços de educação, desigualdade e pobreza, cluster e crescimento econômico. Tem um livro publicado, além de diversos trabalhos publicados em revistas especializadas.
Ilustração: Casarão Lazareto, sede da FAPESB
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