“E não acha V.P. que é uma crueldade castigar rigorosamente um rapaz porque não entende logo ..., que de si mesmo é dificultosa, e ainda o parece mais na confusão com que lha explicam? Isto é o mesmo que meter um homem em uma casa sem luz, e dar-lhe pancadas porque não acerta com a porta.
...
V.P. está em uma Universidade, onde é fácil desenganar-se com os seus olhos (...). ... verá as muitas palmatoadas que se mandam dar aos pobres principiantes. Penetre, porém, com a consideração o interior das escolas; examine se o mestre lhes ensina o que deve ensinar: se lhe facilita o caminho para entendê-la; se não lhe carrega a memória com coisas desnecessaríssimas. E achará tudo o contrário. O que suposto, todo este pêso está fora da esfera de um principiante. Ora, não há lei que obrigue um homem a fazer mais do que pode, e castigue os defeitos que se não podem evitar.”
Este comentário, tão atual para as universidades brasileiras (exceto, talvez, pelos castigos físicos, que os morais perduram) foi feito a respeito de Coimbra em 1746.
É certo que muitas coisas são dificultosas para mudar, mas já não será sem tempo deixar de ensinar coisas desnecessaríssimas e cuidar de facilitar o caminho.
O "Ratio Studiorum" de 1586/B, dos Jesuítas, valoriza os professores:
Preservar a boa disposição dos professores
“Nada deve ser mais importante nem mais desejável (…) do que preservar a boa disposição dos professores (…). É nisso que reside o maior segredo do bom funcionamento das escolas (…).”
“Com amargura de espírito, os professores não poderão prestar um bom serviço, nem responder convenientemente às [suas] obrigações.”
Ilustração: Livro de Luís António Verney (s.d). O verdadeiro método de estudar. Porto: Editoral Domingos Barreira, 1746
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