Post de Diego Moura
A leishmaniose é uma doença parasitária negligenciada que afeta 12 milhões de pessoas; mais de 350 milhões estão em risco de contrair a doença. A doença é causada pela Leishmania spp., transmitida pelo flebótomo infectado. Muitos grupos de pesquisa focam seus trabalhos nos desenvolvimento de novas estratégias de tratamento e em sistemas de diagnóstico de baixo custo. Apesar destes esforços, os métodos diagnósticos existentes não são eficazes, com limitações em termos de custos, sensibilidade e especificidade, dificultando a utilização em testes em campo. Em relação à especificidade, ocorre reação cruzada, sobretudo com a Doença de Chagas, e também com a Tuberculose e a Hanseníase.
A tabela abaixo exemplifica alguns métodos de detecção para leishmaniose:
Métodos de detecção | Comentários |
Cultura de parasitas | -Material obtido por métodos invasivos -Positivo em alguns casos - Problemas com contaminação -Demanda tempo |
Imunoensaios | -Limitado no caso de LT* devido ao baixo nível de anticorpos |
Análise molecular (PCR) | -Preço proibitivo para diagnóstico em larga escala |
As limitações envolvidas nos métodos para diagnóstico de leishmaniose motivaram o grupo de Valtencir Zucolotto a publicar, no ano corrente, um trabalho intitulado “Biosensors for Efficient Diagnosis of Leishmaniasis: Innovations in Bioanalytics for a Neglected Disease”. No referido trabalho, o grupo desenvolveu um sistema de biosensores, empregando biomatérias nanoestruturadas. Este sistema é capaz de detectar analitos, via reconhecimento específico, com base na interação entre a proteína e os ligantes, ou entre antígenos e anticorpos. Esta metodologia apresenta alta sensibilidade e especificidade, como foi demonstrada para a detecção da Pasteurelose (Zucoloto et al., 2007). A detecção é feita através de medições elétricas em que o material bioreceptor é imobilizado nas lacunas do eletrodo e imerso em soluções aquosas, contendo diferentes concentrações de analito. Diferenças na capacitância elétrica dos eletrodos são correlacionadas com o tipo e a concentração dos analitos, utilizando circuitos elétricos equivalentes. Estes circuitos representam o sistema experimental, o qual é composto por faixas metálicas cobertas com uma camada de bioreceptores, imersos em um eletrólito. O grupo testou soro de camundongos infectados com L. amazonensis ou T. cruzi, nas concentrações de 10-2 a 10-10 mg/mL (diluído em tampão). Como pode ser observado na Fig. 5, os eletrodos conseguiram distinguir entre os dois grupos de amostras de soro; os dados relativos às amostras positivas (L. amazonensis) estavam localizadas no lado direito do plot, enquanto os dados das amostras negativas (T. cruzi) estavam no lado esquerdo do plot. Este método diagnóstico também foi capaz de detectar amostras de soro diluídas (10-10 mg/mL).
Este trabalho demonstrou a eficácia da metodologia dos biosensores no diagnóstico da Leishmaniose. Esta técnica apresenta pontos positivos como alta sensibilidade, especificidade e baixo custo. Entretanto, ensaios necessitam ser realizados, com amostras de soros humanos infectados com Leishmania e outras doenças responsáveis pelas reações cruzadas como na Doença de Chagas, Tuberculose e Hanseníase.
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