sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A ecologia da doença


Em um artigo publicado no NYTimes, Jim Robbins descreve uma área de pesquisa multidisciplinar cujo objetivo é entender como a alteração/destruição de ecosistemas terrestres pode desencadear epidemias/pandemias. Segundo o autor, 60% das doenças infecciosas emergentes que afetam os seres humanos são zoonoses - são originárias de animais e mais de dois terços destas,  originárias de animais selvagens.

Equipes de veterinários e biólogos da conservação estão no meio de um esforço global com médicos e epidemiologistas para entender a "ecologia da doença." É parte de um projeto chamado Predict, que é financiado pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional. Os especialistas estão tentando descobrir, com base em como as pessoas alteram a paisagem - com uma nova propriedade ou uma nova estrada, por exemplo - onde doenças (próximas epidemias) podem "transbordar" da natureza para os seres humanos. A idéia é identificá-los quando eles surgem, antes que eles possam se espalhar . Os pesquisadores estão coletando sangue, saliva e outras amostras a partir de espécies selvagens de alto risco. Assim, irão criar uma biblioteca dos vírus que circulam por estes tecidos (sangue, saliva, etc). Uma vez que ocorra uma infecção de seres humanos, a biblioteca servirá para acelerar a identificação do agente infeccioso. Em paralelo, os experts em conservação estudam maneiras de manejar, de maneira sustentável, florestas, a vida silvestre e rebanhos para evitar ou prevenir a entrada de novos agentes em comunidades próximas, gerando a próxima pandemia.

Um exemplo prático:
O vírus Nipah, no Sul da Ásia, apareceu nos morcegos Pteropus vampyrus. Estes morcegos comem fruts, mastigam a polpa e, em seguida, cospem as sementes. Os morcegos evoluíram com o vírus ao longo de milhões de anos, e, por isso, eles aparentam sintomas de um resfriado quando infectados. No entanto, em 1999, na Malásia, um pedaço de fruta mastigada por um morcego caiu em uma pocilga. Os porcos foram infectadas com o vírus e daí, ele se multiplicou e pulou para os seres humanos. De 276 pessoas infectadas na Malásia, 106 morreram, e muitos outros sofreram distúrbios neurológicos permanentes e incapacitantes. Não há cura ou vacina. Desde então, houve 12 focos menores no Sul da Ásia.


Não é fazer tempestade ou terrorismo mas é pensar como as crescentes alterações no meio ambiente pode aproximar hospedeiros completamente naive de novos patógenos, até então confinados a determinados grupos de vertebrados. 

"Não se trata de manter a floresta nativa intocada e livre de pessoas", diz Simon Anthony, virologista molecular em EcoHealth. "É aprender como fazer as coisas de forma sustentável. Se você entende o que leva ao surgimento de uma doença infecciosa, você pode aprender a modificar os ambientes de forma sustentável. "

Um comentário:

  1. muito bom! proteçāo ao meio ambiente como medida preventiva de doenças infecciosas.

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