segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Não é feitiçaria, é nanotecnologia.




ResearchBlogging.orgZheng D, Giljohann DA, Chen DL, Massich MD, Wang XQ, Iordanov H, Mirkin CA, & Paller AS (2012). Topical delivery of siRNA-based spherical nucleic acid nanoparticle conjugates for gene regulation. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, 109 (30), 11975-80 PMID: 22773805


Em recente artigo publicado no PNAS, foi demonstrado que as nanopartículas podem servir também para inibir a expressão gênica in vivo. Os autores utilizaram nanopartículas inorgânicas de ouro, recobertas com oligonucleotídeos (SNA-NCs - inorganic nanoparticles densely coated with highly oriented oligonucleotides) para inibir a expressão de EGFR (epidermal growth factor receptor). Na foto superior, o experimento inicial mostrando a captação das partículas e a presença das mesmas (vermelho) no citoplasma de queratinócitos humanos primários. Em seguida, os autores mostraram que as partículas carreadas com um SiRNA para EGFR foram capazes de suprimir a expressão de EGFR nos queratinócitos.  




As partículas também foram captadas in vivo, em experimentos realizados com camundongos hairless, como mostrado na outra foto. Em (A), observa-se a pele tratada apenas com veículo e em (B), a pele tratada com o veículo+partículas (vermelho). Para o tratamento, os autores utilizaram um hidratante (Aquaphor) . A aplicação das partículas com hidratante não causou nenhuma reação inflamatória e a análise do soro dos animais mostrou a ausência de citocinas pró inflamatórias. Isto é, os níveis basais de TNF-a, IL-6, IFN-a, IFN-b e CXCL10 foram mantidos, mesmo em animais tratados.
Por fim, o tratamento com as partículas que silenciam a expressão de EGFR (SiRNA) foi capaz de reduzir em 40% a espessura da pele, comparados ao controle. No experimento final, os autores utilizaram equivalentes de pele humana (human skin equivalents, EpiDerm) e observaram uma alta penetração das partículas, além da inibição da expressão de EGFR (abaixo, nanopartículas em vermelho).
Os dados mostram a supressão de genes, mediada por SiRNA, após a aplicação tópica de nanopartículas carreadoreas. O resultado é impressionante porque o silenciamento gênico foi possível somente com a aplicação tópica, sem a necessidade de ajuda física, de lise ou de peptídeos para auxiliar na penetração. A concentração em que as partículas foram encontradas, em camadas profundas da pele, sugerem o potencial desta tecnologia para o tratamento de doenças de pele. Uma vez que a estrutura das partículas é passível de modificação (ou "customização), as mesmas podem ser carreadoras de anticorpos, peptídeos e não somente SiRNAs, como mostrado neste trabalho.


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