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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

O escândalo dos relatórios sobre o aquecimento global, conflito de interesse e a liberdade científica


As recentes confirmações que alguns dados de relatórios (de instituições importantes) sobre o aquecimento global continham dados falsos, erros grosseiros, omissões etc, denominado de Climategate, levanta vários aspectos passíveis de discussão. Há uma grande discussão na imprensa sobre a existência do aquecimento global, porém muito menos luz sobre os aspectos éticos do caso e, sobretudo, sobre a ameaça à liberdade científica, exercida neste caso por órgãos ambientalistas e autoridades políticas.
Os último relatório do Painel Intergovernamental sobre o Cambio Climático (IPCC) afirmava que os glaciares do Himalaia se fundiriam em 2035. O próprio IPCC acabou reconhecendo que esta afirmativa não estava correta, os dados eram falsos e havia também erros grosseiros sobre o aumento da temperatura na China. Isto levou, por parte dos opositores às medidas de proteção ao clima, ao questionamento sobre o próprio aquecimento global. Não parece ser o caso. Ainda há um apoio majoritário da comunidade científica aos dados que confirmam o aquecimento global, mesmo excluídos este erros. Não se pode negar, contudo, que a credibilidade dos órgãos como o IPCC ficou seriamente abalada.
Não há dúvida quanto ao dano moral, quando se relembra que o climategate começou com o vazamento de uma e-mensagem, do então diretor do Centro de Investigação do Clima da Universidade de East Anglia, que dizia: “Acabo de completar o truque de Mike na Nature de adicionar a temperatura real a cada uma das séries para os últimos 20 anos, e desde 1961 para as de Keith para ocultar a queda”. 
Há que se considerar também que o início do escândalo provêm de uma correspondência que foi obtida de maneira indevida.
Um ponto a ser discutido é até que ponto as pressões de organizações ambientalistas e de políticos levaram aos comportamentos condenáveis observados no relatório do IPCC. 
Há muito se discute a pressão da indústria farmacêutica em relação à análise e divulgação de dados científicos, agora podemos estar frente a uma situação semelhante, mutatis mutandis, de pressão externa devido a interesses. O próprio presidente do IPCC tem sido questionado em termos éticos, já que o instituto que dirige, na Índia, recebe financiamento de empresas que podem obter lucros com o avanço da tecnologia das energias renováveis. Haveria um conflito de interesse?
O El País e o Guardian, este último tem acompanhado com detalhe o caso, têm feito uma cobertura ampla do climategate.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Declarações da OMS sobre a pandemia H1N1: nega conflito de interesse e reafirma o estado de pandemia

O tema da pandemia da influenza H1N1 e assunto recurrente neste blog. Recentemente, divulgamos as acusações de possível conflito de interesse de membros do painel de aconselhamento da Organização Mundial da Saude (OMS) e também participantes da industria farmacêutica. Ha em curso uma investigação do parlamento europeu sobre o tema.
Hoje Erika Aragão, nossa colega na FIOCRUZ-Bahia, nos enviou noticia sobre as declarações  da OMS sobre o tema. 
A OMS vem de divulgar declarações feitas no Conselho da Europa (texto completo) e sobre as alegações de conflito de interesse (texto completo).
Nas declarações, a OMS, reafirma os seus necessários vínculos com a industria farmacêutica e assegura que opera com mecanismos de salvaguarda para lidar com conflito de interesse:
"WHO recognizes that global cooperation with a range of partners, including the private sector, is essential to pursue public health objectives today and in the future. Numerous safeguards are in place to manage conflicts of interest or perceived conflicts of interest among members of WHO advisory groups and expert committees."
Reafirma ainda a existência da pandemia:
"The world is going through a real pandemic. The description of it as a fake is wrong and irresponsible. We welcome any legitimate review process that can improve our work."
A declaração do Dr. Fukuda, no Conselho da Europa, em nome da OMS, conclui com:




"In closing, I would like to reiterate the most basic point. This current influenza pandemic is a scientifically well-documented event in which the emergence and spread of a new influenza virus has caused an unusual epidemiological pattern of disease throughout the world. This is not an arbitrary matter of word-smithing, definitions or polemics. The labelling of the pandemic as "fake" is to ignore recent history and science and to trivialize the deaths of over 14 000 people and the many additional serious illnesses experienced by others.
As we go forward, the world will continue to face many difficult health challenges. The resources to face them are limited, especially among developing countries, and finding ways to do this better is the shared responsibility of Member States and organizations, such as the Parliamentary Assembly of the Council of Europe, as well as WHO."

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Conflito de interesse na declaração de pandemia da gripe H1N1?

O blog "Vi o mundo" noticia OMS revê regras para declarar pandemias. Hoje o parlamento europeu inicia uma investigação de influencia da indústria farmacêutica na declaração da pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A notícia de exagero na recomendação da OMS já circulava em jornais europeus, como o Guardian Swine flu as elusive as WMD. The real threat is mad scientist syndrome. O El Pais noticia também sobre a possível falta de transparência na recomendação no artigo Gripe y transparencia, e uma interessante entrevista com Salvador Macip sobre o risco de perda de credibilidade das autoridades sanitárias "Si llega una pandemia grave no lo creeremos".
O artigo de Jamil Chade no blog Vi o Mundo diz:  "Hoje, o Parlamento do Conselho da Europa inicia uma investigação para apurar suspeitas de influência indevida de farmacêuticas na OMS. Alguns cientistas da organização teriam constado na folha de pagamento de laboratórios. A acusação veio após a imprensa dinamarquesa obter oficialmente informações de que membros do grupo criado para sugerir medidas à entidade eram cientistas financiados por empresas do setor."

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Não posso viver com 5.000 dólares por dia

Manoel Barral

Pânico em Harvard. Dois grandes hospitais universitários afiliados à Harvard University estabeleceram limites para a remuneração de professores que também atuam em conselhos da indústria farmacêutica.

Terá Harvard ouvido Mateus? “… disse Jesus: Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou há de odiar um e amar o outro ou se dedicará a um e desprezará o outro.” (Capítulo 6, versículo 24).

Est modus in rebus, os professores vão continuar nos dois lugares, apenas terão o seu salário draconianamente reduzido a 5.000,00 dólares por dia (de trabalho efetivo). Bem, alguns chegaram a receber 220.000 dólares por ano.

Isto foi notícia no New York Times “Harvard Teaching Hospitals Cap Outside Pay”, e mereceu com bom comentário (Limite às Mesadas da Indústria Farmacêutica) no blog Medicina Baseada em Evidências, de Luís Cláudio Correia.