Post de Diego Moura Santos
A leishmaniose visceral é uma doença parasitária causada pelo protozoário do gênero Leishmania. Em humanos a doença é fatal se não tratada. As drogas avaliadas para o tratamento são, em sua maioria, de administração parenteral e apresentam acentuada toxicidade. Outro problema relacionado ao tratamento é a falha terapêutica devido à resistência do parasita às drogas. Para contornar estes problemas, foi desenvolvida a formulação lipossomal da Anfotericina B. Esta nova formulação, além de reduzir a toxicidade da droga, mostrou ser mais efetiva contra a Leishmania, uma vez que é facilmente fagocitada pelos macrófagos, células que albergam os parasitas. O tratamento exige a internação do paciente para a administração da Anfotericina B lipossomal e a monitoração dos parâmetros bioquímicos.
Conforme abordado em post anterior, o grupo de Sundar em 2011[1] elaborou outro tipo de delivery para a Anfotericina B, o nanotubo de carbono (http://limi-lip.blogspot.com/2011/04/novas-tecnologias-para-o-tratamento-da.html). Neste trabalho, o grupo mostrou que a Anfotericina B em nanotubo de carbono (AmB-CNT) inibiu significativamente a replicação do parasita em hamsters infectados, quando comparado com à Anfotericina Lipossomal. No trabalho de 2011, foi utilizado a via intraperitoneal de tratamento. Buscando uma via mais fácil e plausível de ser utilizada em humanos, o grupo resolveu avaliar a via oral de administração da droga[2]. Para avaliar a ação leishmanicida da nova formulação da droga in-vivo, hamsters foram infectados com 108 promastigotas de L. donovani. Após 30 dias os animais foram tratados com diferentes formulações por 5 dias consecutivos. Os autores observaram que a concentração de 5 mg/Kg de AmB-CNT (via oral) foi significativamente melhor que a mesma concentração de Miltefosine, agente oral licenciado para o tratamento da leishmaniose. Por outro lado, a concentração de 15 mg/Kg de AmB-CNT (via oral) possuiu um efeito similar a 5 mg/Kg de Anfotericina Lipossomal (via intraperitoneal).
Em suma, os autores demonstraram que a formulação de AmB conjugada ao nanotubo de carbono pode ser administrada por via oral, o que não é possível com a formulação habitual da droga.
Considerações finais
A produção da formulação proposta pelos autores é fácil de ser preparada e possui um baixo custo em comparação com outros tipos de formulações, até mesmo com a Anfotericina B lipossomal. A possibilidade de administração oral é outro ponto favorável, principalmente em áreas precárias de atendimento médico, dispensando a presença de um profissional treinado para a administração da droga e acompanhamento diário do paciente. Entretanto, são necessários mais estudos para avaliar a toxicidade dos nanotubos em modelos animais.
2.Prajapati, V., Awasthi, K., Yadav, T., Rai, M., Srivastava, O., & Sundar, S. (2011). An Oral Formulation of Amphotericin B Attached to Functionalized Carbon Nanotubes Is an Effective Treatment for Experimental Visceral Leishmaniasis Journal of Infectious Diseases, 205 (2), 333-336 DOI: 10.1093/infdis/jir735
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