A doença hidática é uma causa importante de morbidade e mortalidade em muitos lugares do mundo, inclusive em países desenvolvidos. Pode-se dizer que é uma das poucas parasitoses ainda freqüente nestes países. A doença é causada pela ingestão acidental de larvas dos parasitas da espécie Echinococcus granulosus. Esta afeta os seres humanos, animais domésticos e selvagens. A doença hidática chega a ser um problema econômico, já que os animais infectados apresentam uma redução na qualidade da carne, na produção de fibras, de leite e na sobrevivência da prole. O cão é um hospedeiro importante do parasito, por isso os programas de erradicação da doença quase sempre são focados na profilaxia e terapia destes animais. A droga de escolha para o tratamento é o praziquantel (PZQ), entretanto esta “sofre” com o metabolismo no fígado (metabolismo de primeira passagem) e o seu tempo de meia vida é curto. Em suma, devido a estas características da droga, a quimioterapia é prolongada (15-20 dias) dificultando o tratamento em massa da população e/ou animais.
Com o objetivo de contornar os problemas supracitados, Xie e colaboradores (2011)[1] encapsularam o PZQ em nanopartículas solidas de lipídeos (PZQ-SLN). Primeiramente, os autores demonstram não existir diferenças fisicoquímicas nas SLN recém preparadas com outras armazenadas por 4 meses a 4°C ou na temperatura ambiente, indicando que as SLN possuem boa estabilidade. Estudos in vitro mostraram que o PZQ-SLN possui uma liberação controlada e sustentada por mais tempo, comparado com a formulação normal da droga, o que já é esperado, pois bons “deliverys” fazem este papel muito bem! Em relação à farmacocinética, a droga não encapsulada apresentou um pico plasmático de 47,82 ng/mL no tempo de 1,45 horas após a sua administração e não foi mais detectada após 72 horas. Em contrapartida, o PZQ-SLN apresentou pico plasmático de 113,70 ng/mL no tempo de 1,93 horas e não foi mais detectada após 312 horas! Com o encapsulamento da droga, os autores conseguiram contornar um problema importante, a curta meia vida desta, que passou de 34,52 ± 19,15 horas para 189,62 ± 80,72.
Após a caracterização fisicoquímica e farmacocinética do PZQ-SLN foi a vez de avaliar a eficácia terapêutica da nova formulação. Para isto, cães naturalmente infectados foram utilizados. No tratamento com PZQ-SLN (5 mg/Kg) todos os animais ficaram curados, enquanto que com a droga não encapsulada (5 mg/Kg) a eliminação do verme ocorreu em 66,7% dos animais e a taxa de redução de ovos nas fezes foi de 99,76%. Utilizando uma menor concentração do PZQ-SLN (0,5 mg/Kg) a eliminação do verme ocorreu em 66,7% dos animais e a taxa de redução de ovos nas fezes foi de 91,55%. Com relação a droga não encapsulada na menor concentração (0,5 mg/Kg) os valores foram 0% e 22,08% respectivamente.
Diante do acima exposto, fica evidente a melhora da eficácia terapêutica e a diminuição da dosagem clínica conseguida através do encapsulamento do praziquantel em nanopartículas. Para o tratamento de diversas parasitoses é muito importante trabalhar com elevada dosagem clínica da droga e que esta esteja circulando por um período relativamente longo, expondo assim, o verme ao maior contato com a droga. Tudo isso foi conseguido com esta nova formulação, pois foi observada uma liberação controlada e sustentada da droga, além de uma alta concentração desta no sangue.
Considerações finais
Nenhum comentário:
Postar um comentário