Post de Diego Moura Santos
Com o desenvolvimento da nanotecnologia e a comprovação de que esta pode auxiliar no desenvolvimento de novas drogas, na melhoria de drogas “antigas” e no desenvolvimento de vacinas, é visível o aumento do número de trabalhos publicados sobre este tema.
Neste mês, Ravidran e colaboradores [1] avaliaram a capacidade protetora do Antígeno Solúvel de Leishmania (SLA) encapsulado em Lipossomas, na presença dos adjuvantes MPL-TDM, utilizando a via subcutânea de imunização. Esta via é utilizada em humanos para a administração de algumas vacinas. O objetivo dos autores foi responder às seguintes perguntas:
-A imunização de camundongos com SLA+Lipossoma+adjuvante aumenta o grau de proteção em relação ao SLA sozinho?
-A via subcutânea de imunização é tão eficaz quanto a intraperitoneal?
-A imunização de camundongos com SLA+Lipossoma+adjuvante leva a proteção duradoura?
Para responder estas perguntas, camundongos BALB/c foram imunizados com diferentes formulações de SLA, encapsulado ou não em Lipossomas, e desafiados com L. donovani. A avaliação da carga parasitária mostrou que os animais imunizados com SLA+Lipossoma+adjuvante apresentaram redução significativa na carga parasitária, tanto no baço (83%) quanto no fígado (86%), em relação ao grupo controle (salina e SLA). Além disso, a proteção mostrou ser duradoura, pois os animais imunizados e desafiados após 12 semanas também apresentaram redução significativa na carga parasitária do baço (87%) e fígado (89%) em relação ao grupo controle. Em relação à via de imunização, os autores não observaram diferenças significativas entre a via subcutânea e a intraperitoneal, e ambas foram capazes de levar a proteção duradoura.
Após avaliar a carga parasitária nos animais, os autores estudaram o tipo de resposta imune induzida pela vacinação. Em princípio, foi avaliada a produção de anticorpos: os animais imunizados com SLA+Lipossoma+adjuvante induziram uma forte resposta humoral com predomínio de anticorpos IgG2a sobre IgG1 antes e após o desafio com L. donovani, tanto pela rota subcutânea quanto intraperitoneal. Em relação à produção de citocinas, foi avaliado o IFN-g e a IL-4 produzidas pelas células T CD8+ e CD4+ isoladamente; para tal os esplenócitos foram tratados com anti-CD4 ou anti-CD8. Os animais imunizados apresentaram aumento significativo na produção de IFN-g antes e após a infecção. Com relação a IL-4, foi observada uma pequena produção após a imunização, entretanto após a infecção a produção no grupo controle foi significativamente maior.
Em suma, Ravidran e colaboradores [1] mostraram que é possível obter um grau de proteção muito similar ao obtido pela via intraperitoneal, utilizando uma via de administração plausível de ser utilizada em humanos, a via subcutânea. Tentando mimetizar o que ocorre na leishmanização, onde a persistência do parasita leva a uma constante estimulação do sistema imune, os autores fizeram o uso do Lipossoma como “delivery” da vacina. Desta forma, o antígeno vacinal e liberado aos poucos, levando a uma estimulação também contínua do sistema imune, como observado pela proteção duradoura.
[1]Ravindran R, Maji M, & Ali N (2011). Vaccination with Liposomal Leishmanial Antigens Adjuvanted with Monophosphoryl Lipid-Trehalose Dicorynomycolate (MPL-TDM) Confers Long-Term Protection against Visceral Leishmaniasis through a Human Administrable Route. Molecular pharmaceutics PMID: 22133194
Nenhum comentário:
Postar um comentário