domingo, 22 de novembro de 2009

O que é ciência?

O que é ciência? é o título do texto de Mario Abramo no blog do Nassif. “Há tempos eu tenho a sensação de que existe uma concepção bastante distorcida do que é Ciência, …” .

O texto é bastante baseado num artigo de Gil-Pérez e colaboradores intitulado “Para uma imagem não deformada do trabalho científico”.

O texto inicial do artigo de Gil-Pérez é bastante provocador:

“Faria sentido pensar que, tendo nós uma formação científica (Biologia, Física, Química, Geologia, ...) e sendo nós professores de ciências, deveríamos ter adquirido – e, portanto, estaríam os em situação de transmitir – uma imagem adequada do que é a construção do conhecimento científico.

No entanto, numerosos estudos têm mostrado que tal não acontece e que o ensino – incluindo o ensino universitário – transmite, por exemplo, visões empírico- indutivistas da ciência que se distanciam largamente da forma como se constroem e produzem os conhecimentos científicos…

o ensino científico – incluindo, e não é demais referi-lo, o universitário – se ter reduzido basicamente à apresentação de conhecimentos previamente elaborados, sem dar oportunidade aos estudantes de contactarem e explorarem atividades na perspectiva de um ensino do tipo investigativo….

Por tudo isto, as concepções dos estudantes – incluindo as dos futuros docentes – não se afastam daquilo a que se pode chamar de uma imagem “folk”, “naif” ou “popular” da ciência (Fernández, 2000), associada a um suposto método científico, único, algorítmico, bem definido e quiçá, mesmo, infalível.”


Segue-se uma listagem de visões equivocadas da ciência. A primeira, denominam “concepção empírico-indutivista e ateórica”: “... destaca o papel ‘neutro’ da observação e da experimentação ..., esquecendo o papel essencial das hipóteses ..., assim como dos corpos coerentes de conhecimentos (teorias) disponíveis, que orientam todo o processo”. “Uma segunda deformação ... transmite uma visão rígida (algorítmica, exata, infalível, ...). Apresenta-se o “método científico” como um conjunto de etapas a seguir mecanicamente.” Disto decorre “a preocupação, quase obsessiva, em evitar a ambigüüidade e em assegurar a fiabilidade das avaliações, distorce a natureza do trabalho científico, essencialmente incerto e também com algo de intuitivo.”

Creio que isto basta para estimular a leitura do texto do artigo (leia-o completo). Todos nós que fazemos e ensinamos ciência temos a lucrar com as reflexões dos autores.


Ilustração.

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