terça-feira, 10 de novembro de 2009

Universidade ameaçada por Abdalla et al.

“Universidade ameaçada” é o título do artigo de ÉLCIO ABDALLA, LUÍS RAUL WEBER ABRAMO e JOÃO CARLOS ALVES BARATA, publicado na FSP, no dia 06 de novembro e que me foi enviado por Emílio Silva. O artigo deveria levantar bastante polêmica pelo teor da crítica. Veja o texto escolhido como destaque pelo jornal: “Que modelo se deseja ter na USP? Uma escolinha de 3º grau ocupada por alunos e professores dedicados à lúmpen-política?”

Basta o início do artigo para avaliar quão forte é a crítica: “A UNIVERSIDADE de São Paulo está sob ataque. Seu futuro como universidade de pesquisa e instituição acadêmica de ponta está ameaçado.
De um lado, claques de burocratas encastelados nos órgãos de poder universitário empurram uma agenda mediocrizante, que estrangula os esforços daqueles que sustentam a "marca USP". De outro, alguns sindicatos e movimentos estudantis empenham-se em transformar a USP em um "escolão para as massas", no qual o mérito acadêmico seria decapitado.”

As recomendações dos autores são: “Em primeiro lugar, é preciso acabar com esse processo bizantino de eleição para reitor, que terminou por deformar todas as estruturas administrativas e acadêmicas.” e “Também é preciso instituir mecanismos reais de controle de qualidade e produção dos docentes. Nenhuma universidade de primeira linha resiste a décadas de emprego vitalício garantido a qualquer um que passe num concurso público de ingresso.” Ambas são questões polêmicas e que deveriam ser objeto de atenção da comunidade acadêmica e fora dela. Imaginar-se-ia uma volumosa correspondência para o jornal sobre o assunto. Contudo, o painel do leitor, nos dias seguintes à publicação (veja trechos abaixo), registra apenas duas correspondências, ambas concordantes com o pensamento dos autores. Como explicar tão pouca mobilização?

Os jornais não publicam toda a correspondência recebida, mas se houvesse um grande número de manifestações, o número de opiniões divulgadas deveria ser maior. Ademais fica a pergunta: não foi enviada qualquer manifestação discordante? ou o jornal não as publicou? A imprensa já não atrai tanto a atenção?

Ou, o que seria muito pior, a Universidade já não atrai a atenção da comunidade? Será que a sociedade passou a ver a Universidade de maneira homogênea, igualando as Universidades sérias com as propostas mercantilistas de ensino?


Trechos das duas correspondências que apareceram no Painel do Leitor nos dias 07 e 08.11:

Gostaria de congratular os três autores do artigo "Universidade ameaçada" ("Tendências/Debates", ontem). Ao mostrarem o que está acontecendo com a USP, eles desvelam a verdade que acontece em praticamente todas as universidades brasileiras....” IGNEZ MARTINS TOLLINI , Ph.D em educação pela Universidade de Londres (Brasília, DF);

“Gostaria de parabenizar a Folha e os autores do artigo "Universidade ameaçada" ("Tendências/Debates", 6/11), sobre o que acontece na USP, o mais nobre centro de produção científica e intelectual da América Latina. Se nada for feito, essa brilhante instituição irá "rolar escada abaixo". Os primeiros degraus já foram, e "ela" ainda se segura no corrimão daquilo a que está mais atrelada: sua histórica qualidade....” MARIA IRENE DE CONTE , formada em ciências sociais pela USP e mestre em geopolítica pela USP (Atibaia, SP).


Ilustração: Universidade de Teerã, do site da Veja, mas esta é outra ameaça.

Nenhum comentário:

Postar um comentário