quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Religião e disfuncionalidade social. Portugal igual aos EEUU?

Quanto maior a religiosidade de um povo maior o grau de funcionamento harmônico do sistema social. Parece algo óbvio. O problema é que nem tudo que parece óbvio resiste ao teste.

Num artigo publicado no Evolutionary Psychology Gregory Paul encontra resultados que se distanciam da crença “óbvia”, e diz que a ideologia religiosa conservadora contribui para a disfuncionalidade social.

“conservative religious ideology apparently contributes to societal dysfunction, and religious prosociality and charity are less effective at improving societal conditions than are secular government programs. The antagonistic relationship between better socioeconomic conditions and intense popular faith may prevent the existence of nations that combine the two factors”.

A disfunção social é medida numa série de 25 parametros que inclui a taxa de homicídios, abortamento, gravidez na adolescência, doenças sexualmente transmitidas, desemprego e pobreza.

Sharon Begley em artigo na Neesweek, diz que as sociedades com maior disfunção, como Portugal e EEUU, são as mais religiosas (medida pela auto-declaração, frequencia à igreja, hábito de rezar etc.

O site português De Rerum Natura comentou os dados num post de Carlhos Fiolhais:

“Deixando de lado a questão da religião, vale a pena acrescentar que a proximidade de Portugal aos Estados Unidos do ponto de vista social também aparece num livro recente dos ingleses Richard Wilkinson e Kate Pickett, The Spirit Level: Why More Equal Societies Almost Always Do Better, Allen Lane, 2009) (ver recensão do Guardian aqui, que refere Portugal). Em ambos os países existe maior número de problemas de saúde e sociais e também maior desigualdade social, considerando apenas os países mais desenvolvidos (ver o gráfico de cima, extraído do livro, que relaciona problemas de saúde e sociais com desigualdade social: Portugal está no canto superior direito, entre o Reino Unido e os Estados Unidos). Para usar uma expressão que Gregory usou, Portugal parece ser um país do "segundo mundo". Somos, de facto, um "case study", por estarmos no extremo de algumas escalas com que se medem os países mais desenvolvidos...”
Bem..., os dados podem estar sujeitos a algum viés, mas instintivamente sempre tive um pouco de receio de muita religiosidade.

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