segunda-feira, 17 de maio de 2010

Highlights do Congresso Estadunidense de Imunologia

Post de Camila Oliveira e Claudia Brodskyn

AAI highlights – Sexta/Sábado

Opening ceremony – Betty Diamond proferiu a conferencia de abertura sobre Antibodies and Brain: lessons from lupus. Nesta palestra, ela faz uma retrospectiva sobre a doença e o papel dos auto-anticorpos anti-nucleares. Mostrou também que um sub-grupo de anticorpos anti-DNA reagem cruzadamente com o receptor de N-metil-d-aspartato, que está presente principalmente no cérebro, sugerindo um re-análise fa reatividade anti-cerebral no lúpus eritematoso sistêmico. Entretanto, os anticorpos só atingem o tecido cerebral após uma disruptura da integridade da barreira meningoencefálica, os mesmos anticorpos tem efeitos diferentes na função cerebral dependendo da região do cérebro expostas a eles, e a lesão da barreira é regional e não difusa. Mostra ainda lagumas implicações em mulheres grávida, portadoras de SLE, onde estes anticorpos da classe IgG atravessariam a placenta e como a barreira meningo-encefálica não está completamente formada, estes anticorpos poderiam atingir algumas regiões do cérebro, levando a diferentes patologias, como descrito anteriormente. By the way, na opening ceremony houve comida livre, mas somene UMA cerveja para cada participante.

Immunoimaging
R. Germain – NIAID – palestra provocante ressaltando a necessidade de se mostrar a estrutura do tecido por onde se movimentam os linfócitos ao invés de, simplesmente, mostrar o tradicional “fundo preto x células coloridas”. Ao contrário do mostrado em outras ocasiões, Germain mostrou que os linfócitos se movem sobre as FRC (fibroblast reticular cells), onde as quimiocinas são expressas. Assim, uma DC infectada/estimulada expressa quimiocinas e esta expressão é detectadas por linfócitos T CD8, por exemplo, fazendo com que este seja atraído por esta DC e não por outro, não infectada/estimulada. Entendo que isso já é sabido, mas efetivamente ver isso acontecendo, em tempo real, é outra história. Nos modelos empregados por Germain, as FRC também são fluorescentes, portanto, vemos os linfócitos nitidamente se movimentando nesta estrutura e Germain fez questão de salientar isso, evidenciando a complexidade do sistema e que, nem sempre, “seeing is believing”. Mais ainda, Germain mostrou que os linfócitos não executam uma “random walk”, mas, sim, que o sistema é otimizado para permitir a interação entre linfócitos e DCs e que os linfócitos, ao serem ativados, param de se movimentar e começam a produzir citocinas.
E. Robey – UCLA@Berkeley– Em um modelo de infecção por T. gondii, Robey mostrou que a camada de macrófagos CD169+, presente no “sub capsullar sinus” do LN, é rompida no momento da infecção pelo T. gondii e que este rompimento é associado com uma invasão de neutrófilos (neutrophil swarm). Além disso, os macrófagos CD169+ podem apresentar Ag aos linfócitos T CD8+ e, consequentemente, linfócitos T CD8 de memória formam agrupamentos (clusters) ao redor destes macrófagos. Resta saber se a invasão de neutrófilos tem papel imunomodulador neste tipo de infecção.
M. Miller – WashU – O pioneiro do in vivo immaging mostrou que em um modelo de infecção bacteriana, a migração inicial de neutrófilos é, na verdade, iniciada por monócitos. Mais informações em: Cellular Microbiology (2009) 11(4), 551–559doi:10.1111/j.1462-5822.2009.01289. Two-photon microscopy of host–pathogen interactions: acquiring a dynamic picture of infection in vivo Vjollca Konjufca and Mark J. Miller.

Japanese Society for Immunology
H. Karasuyama – Tokyo Univ – Papel do basófilo na infestação por carrapatos. IgE se liga ao receptor Fc na superfície do basófilo, levando à sua degranulação. A depleção seletiva de basófilos (selective and inducible ablation of basophils) torna o camundongos suscetível à uma segunda infestação enquanto que a transferência adotiva de basófilos confere resistência. Este tipo de mecanismo também foi observado com parasitas intestinais (nematodios), assim a apresentação termina com os basófilos atuando em papeis de “vilão”no caso das alergias e como “heróis”no caso da infestação por carrapatos e vermes. Outra pergunta que surgiu, há memória em basófilos?

S. Sakaguchi- Kyoto Univ. Japão Sinalização de células T, células T regulatórias e auto-tolerância. Mostrou o modelo de camundongo SKG, o qual espontaneamente desenvolve células T CD4+ autoimunes responsáveis por induzirem artrite, que clinicamente e imunologicamente apresentam características de artrite reumatóide humana. Estes camundongos são mutantes no gene ZAP-70 em BALB/c e esta mutação altera a sensibilidade das T células duplamente positivas que serão submetidas à seleção positiva e negativa no timo, levando à produção de células T autoimunes. . Nestes aniamis ocorre o desenvolvimento espontâneo das células Th17 e nas articulações, observa-se um acúmulo destas células. Em camundongos SKG deficientes em IL-1, IL-6 ou TNF-a não há o desenvolvimento da artrite, demonstrando a contribuição destas citocinas na imunopatogênese da doença. É interessante que os pesquisadores podem criar diferentes gradações da doença, manipulando a mutação do Zap-70e a atividade supressora exercida pelas células Treg.

Society for Leukocyte Biology Symposium
J.M. Blander – Mount Sinai –PRRs e apresentação de antígenos. nesta apresentação , Julie Blander nos mostra uma revisão sobre os diferntes tipos de morte celular e demonstra que neutrófilos infectados com bacteria sofrem apoptose, são fagocitados por DC, liberando IL-6 e TGF-beta levando a diferenciação de células Th17. Entretanto, na ausência de infecção e portanto, patógenos que seriam reconhecidos por PRRs, a fagocitose de neutrófilos apoptóticos induziria a liberação de TGF-b, induzindo a diferenciação e células Treg. Estes resultados são confirmados utilizando DC provenientes de camundongos deficientes em IL-6 e mostrando também que a sinalização via Myd88 também é essencial para que ocorra a diferenciação para Th17. Finalmente, utilizando a bacteria Citrobacter rodentum mutante incapapz de indzuir apoptose em neutrófilos, impede a diferenciação para Th17. Abaixo, a referência do artigo, mostrando alguns dos resultados discutidos na palestra. Innate immune recognition of infected apoptotic cells directs T(H)17 cell differentiation. Torchinsky MB, Garaude J, Martin AP, Blander JM.

P.J Murray – St Jude´s Children´s Hospital –Memphis, Tennessee Sinalização para o metabolismo da arginina na patogênse intracellular-A ativação alternativa de macrófagos induz a expressão da Arginase-1, que está envolvida em inflamação, fibrose e cicatrização por aumentar a produção de L-prolina, poliamainas e citocinas do Th2. Após a infecção com S. mansoni, a Arg1 funciona como inibidora de inflamamção e fibrose. Embora, a suscetibilidade à infecção não seja afetada pela deleção condicional de Arg1, os camundongos morrem de forma acelerada por inflamação granulomatosa, fibrose hepatica e hipertensão ortal. a produção de Th2 está aumentada nestes camundongos e a atividade supressora de Arg-1 é independnete de IL-10 e TGF-b. Microorganismos intracellares, cmo T. gondii, utilizam TLR, induzindo a expressão de Arg1, de forma independente da sinalização via STAT-6. A elimnação de Arg-1 favorece a sobrevivência do hospedeiro durante a infecção por T.gondii e diminui a carga bacteriana de M. tuberculosis no pulmão durante a infecção.

Distinguished Lecture – Aqui houve uma série de 3 palestras, uma por dia, todas proferidas por cientistas cujas contribuições para a imunologia foram/são “outstanding”. A primeira delas foi proferida por Alan Sher – NIAID. Mais uma brilhante apresentação na qual Sher optou por fazer um histórico da investigação em imunoparasitologia passando pelos conceitos de Th1 e Th2 na infecção por protozoários e helmintos, respectivamente; o papel dos linfócitos Th2 como células efetoras ou reguladoras, o balanço IL-10/IL-12 na imunopatogênese, as células duplo produtoras de IFN-g e IL-10 e, finalmente, a polarização em Th2 não depende de IL-4. Neste caso, a falta de IL-12 é que direciona a diferenciação em Th2. Qual o papel do basófilo neste sistema? Para finalizar de sua palestra, Alan cita uma frase , que segundo ele, ouviu aqui no Brasil, os parasitas fizeram mais pela imunologia, do que a imunologia poderia fazer contra os parasitas! Terminou com um lindo esquema, mostrando as novas descobertas, incluindo os nuócitos , novos leucócitos da imunidade inata do tipo 2, que expandem in vivo em resposta a IL-25 e IL-33 e representam um fonte inicial de IL-13 durante a infecção por N. braziliensis.

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