Há pouco a Inglaterra elegeu um governo conservador. Uma das primeiras medidas foi o corte de verbas em ciência e tecnologia.
Ontem houve uma demonstração de milhares de cientistas contra a medida em frente ao edifício do Tesouro. O Guardian publicou no blog Political Science uma carta aberta de Evan Harris: Open letter to George Osborne: Why it's vital to protect science funding.
Muito interessante o texto, do qual coloco abaixo os tópicos:
- É um suicídio econômico cortar as verbas de pesquisa;
- A situação da ciência na Inglaterra já não é confortável;
- Não há maneira de proteger dos cortes a ciência de excelência;
- O fluxo de saída de talento científico não se reverte depois de poucos anos;
- Há um preço político a pagar pelo corte do financiamento para ciência.
A receita dos conservadores para qualquer crise é cortar gastos, o que o governo inglês fez e contra o que se puseram os cientistas. Veja o argumento de Harris:
“It is clear that cuts to science funding are a damaging false economy as research and development funding for STEM (science, technology, engineering and mathematics) produces growth – the growth that is needed to help cut the deficit. To cut science funding in order to cut the deficit is actually self-defeating.” (texto completo)
Harris não é um economista e claramente interessado em ciência, assim não pode ser tomado como uma opinião descomprometida. Em outro plano, mas na mesma tônica de cortes, veja o que Paul Krugman (Nobel de Economia) escreveu sobre a recuperação da crise econômica na Europa:
“about bond yields in Ireland and Spain. Both had big housing bubbles and busts; but their post-bust politics have been very different, with Ireland quickly adopting austerity, Spain being much more grudging. And for a while you saw many news stories asserting that Ireland’s virtue had been rewarded by the markets.
But it was never true: virtuous Ireland never did better than malingering Spain. And now, Ireland’s risk premium has exploded, here; Spain’s not so much, here.”(texto completo)
Tudo isto deve nos alertar contra possíveis retrocessos no financiamento à ciência e tecnologia no Brasil. Este risco está sempre presente, pois muitos políticos não crêem que este setor é fundamental para o crescimento econômico. Vejam abaixo os dados recentes do financiamento à ciência e tecnologia CNPq.
A ilustração acima do texto está no The Great Beyond
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