Até 2014 o governo federal, através do CNPq e da CAPES, concederá 75.000 bolsas para estudantes e pesquisadores. Veja o site do programa. |
sexta-feira, 29 de julho de 2011
Lançado o programa Ciencia sem Fronteiras
quinta-feira, 28 de julho de 2011
Células T CD8+ restritas a alelos HLA evadem dos mecanismos inibitórios mediados pelas células Treg em infecções crônicas
Post de Elisabete Conceição
Os linfócitos T citotóxicos (CTLs) possuem um papel importante no controle da infecção pelo vírus da imunodeficiência humana tipo 1 (HIV-1). Alguns estudos revelaram que este controle está associado a alelos do grupo dos antígenos leucocitário humano (HLA) de classe III, onde indivíduos portadores de alguns alelos específicos possuem um melhor controle da progressão da infecção para o desenvolvimento da AIDS. Long-term nonprogressors (LTNPs) são casos raros de indivíduos com infecção crônica que possuem baixa carga viral e contagem sustentada de células T CD4+. Estes indivíduos retardam a progressão da doença sem terapia antiretroviral por serem portadores de um ou dois alelos do grupo HLA, o HLA-B*27 e o HLA-B*57, que estão associados ao controle da infecção pelo HIV.
Alguns estudos já demonstraram que células T CD8+ restritas a estes dois alelos possuem maior capacidade proliferativa durante a infecção crônica, e a maioria das células T CD8+ restritas a outros alelos do grupo HLA perdem esta capacidade. Um estudo publicado na Nature Medicine em Julho deste ano avaliando a inibição das células T CD8+ HIV-específicas e restritas ao HLA, demonstrou que as células Treg inibem a proliferação de células T CD8+ não restritas aos alelos HLA-B*27 e HLA-B*57 e não são capazes de inibir a proliferação das células restritas a estes dois alelos (Figura 1a,c).
Além de inibir a proliferação das células T CD8+ restritas aos alelos HLA de grupos diferentes, as células Treg também inibiram a produção de IFN-γ das células T CD8+, sugerindo que as células Treg inibem apenas a proliferação das células T CD8+ restritas a alelos HLA e a secreção de citocinas é independente da restrição ao HLA. O estudo também revelou que esta inibição está diretamente associada à expressão de um receptor inibitório o receptor Tim-3, menos expresso nas células T CD8+ restritas a alelos HLA-B*27 e o HLA-B*57 (Figura 2,c).
E baseados em estudos recentes que demonstraram que células T CD8+ restritas a alelos HLA-B*27 e HLA-B*57 HIV-específicas, expressam muito mais granzima B do que as células restritas a outros grupos de alelos e que as células T CD4+ efetoras que expressam granzima B escapam da inibição mediada pelas células Treg, através da morte destas células, este estudo avaliou este mecanismo nas células T CD8+ restritas aos alelos HLA-B*27 e HLA-B*57.
Este mecanismo foi avaliado através do tratamento das células T CD8+ com um silenciador do gene GZMB antes do estimulo com epitopos cognatos e na ausência ou presença das células Treg. Os resultados obtidos revelaram que as células tratadas com o silenciador do gene GZMB foram susceptíveis a inibição mediada pelas células Treg, quando comparadas às células tratadas com um silenciador irrelevante que não foram susceptíveis a inibição. O estudo também demonstrou que estas células T CD8+ restritas aos alelos HLA-B*27 e HLA-B*57 que são resistentes a inibição, induziram as células Treg a apoptose após estimulo com os epitopos cognatos e que a freqüência destas células apoptóticas foi reduzida quando as células T restritas aos alelos HLA-B*27 e o HLA-B*57 foram tratadas com bloqueador para granzima B. Os resultados sugerem que a expressão do receptor inibitório Tim-3 ou a falta da expressão de granzima B nas células T CD8+ efetoras pode aumentar a sua susceptibilidade a inibição mediada pelas células Treg, e esta inibição é dependente do HLA.
Assim, as células T CD8+ que são restritas aos alelos HLA-B*27 e HLA-B*57 são resistentes às Treg. Estes grupos de alelos estão associados a melhores desfechos clínicos em algumas infecções crônicas como na hepatite C, mas também estão envolvidos em doenças auto-imunes pela inibição da tolerância periférica tornado-se uma faca de dois gumes, sendo benéficos em infecções crônicas e prejudicial em doenças auto-imunes.
Referência:
Elahi, S., Dinges, W., Lejarcegui, N., Laing, K., Collier, A., Koelle, D., McElrath, M., & Horton, H. (2011). Protective HIV-specific CD8+ T cells evade Treg cell suppression Nature Medicine DOI: 10.1038/nm.2422
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Reactive Oxygen Species Inhibitors Block Priming, but Not Activation, of the NLRP3 Inflammasome
A ativação do inflamassoma, com a produção da IL-1b e IL-18, tem um papel importante na imunidade antimicrobiana e nas condições estéreis de inflamação. Sabe-se que para a ativação desta plataforma multimérica de proteínas são necessárias duas etapas: o reconhecimento de PAMPs pelas células hospedeiras, para induzir a transcrição da pró-IL-1b e pró-IL-18, e a ativação do inflamassoma por sinais de perigo, resultando na ativação da caspase-1 e clivagem das pró-citocinas nas suas formas bioativas. A ativação do inflamassoma também induz um tipo de morte celular classificado como piroptose, como discutido em outro post (Induction of Inflammasome-dependent Pyroptosis by Carbon Black Nanoparticles) . Várias proteínas já foram descritas como iniciadoras da formação do complexo inflamassoma: NLRP1, NLRP3, NLRC4 e AIM-2. Até o momento, apenas a proteína AIM-2 foi descrita por reconhecer diretamente o seu ligante, o DNA de fita dupla. O NLRP3 inflamassoma, além de ser a via mais estudada, é a que chama mais atenção dos pesquisadores devido à sua capacidade de reconhecer vários estímulos de diferentes origens, tais como o ATP, o RNA bacteriano, cristais de ácido úrico, asbestos, sílica, alum entre outros.
É controverso na literatura o papel do ROS (espécies reativas de oxigênio) na ativação ou não do NLRP3. O trabalho de Bauernfeind e colaboradores vem reforçar aqueles que acreditam que o ROS não é capaz de levar a ativação do NLRP3. Os autores demonstraram que apenas o NLRP3 inflamassoma requer um “priming” por um sinal pró-inflamatório. Para isto, macrófagos foram estimulados com LPS/Nigericina (ativador do NLRP3), Poly(dA:dT) (ativador do AIM2), flagelina (ativador do NLRC4) e tratados ou não com cicloheximida (inibidor de síntese protéica). Depois, os sobrenadantes foram monitorados para ativação da caspase-1. Como resultado, a ativação do NLRP3 inflamassoma foi dependente da presença do LPS, e o tratamento com cicloheximida inibiu a ativação, devido à diminuição da síntese do NLRP3. Por outro lado, a ativação do AIM2 ou NLRC4 foi independente do “priming” com LPS. Eles também demonstraram que os macrófagos que constitutivamente expressavam NLRP3 em níveis parecidos com os macrófagos estimulados com LPS não necessitavam do “priming” com LPS, e o tratamento com cicloheximida não inibiu a ativação do NLRP3 nestas células. O tratamento de macrófagos com um inibidor de ROS levou a uma diminuição dose-dependente da expressão de NLRP3 RNAm, e este tratamento com o inibidor só apresentou efeito se adicionado antes do “priming” com LPS.
Em suma, o trabalho indica que a inibição do ROS bloqueia a ativação do NLRP3 inflamassoma na etapa do “priming”, a qual é necessária para induzir a expressão de NLRP3, enquanto ativação direta do NLRP3 não é afetada. Diferente das outras vias do inflamassoma, a ativação da via do NLRP3 requer um estímulo inicial que induza à expressão desta molécula, pois esta é produzida em baixos níveis nos macrófagos não estimulados.
Bauernfeind F, Bartok E, Rieger A, Franchi L, Núñez G, Hornung V. (2011). Cutting Edge: Reactive Oxygen Species Inhibitors Block Priming, but Not Activation, of the NLRP3 Inflammasome. The Journal of Immunology
Bauernfeind F, Bartok E, Rieger A, Franchi L, Núñez G, & Hornung V (2011). Cutting Edge: Reactive Oxygen Species Inhibitors Block Priming, but Not Activation, of the NLRP3 Inflammasome. Journal of immunology (Baltimore, Md. : 1950), 187 (2), 613-7 PMID: 21677136
terça-feira, 26 de julho de 2011
Leishvaccine.net
Vaccines for the leishmaniases: proposals for a research agenda.
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Brasil conquista medalhas de Prata e Bronze na Olimpíada Internacional de Matemática
Considerada pela Unesco como a competição mais importante da área, a IMO contou este ano com a participação de 101 países reunindo 564 estudantes, entre 1le4 e 19 anos. O Brasil obteve um excelente resultado este ano na 52ª Olimpíada Internacional de Matemática (IMO), que acontece até o dia 24 de julho na cidade de Amsterdã na Holanda, conquistando três medalhas de prata e três de bronze. Os estudantes: André Macieira Braga (Belo Horizonte - MG), João Lucas Camelo Sá (Fortaleza - CE) e Henrique Fiúza do Nascimento (Brasília - DF), conquistaram as medalhas de prata, enquanto Débora Barbosa Alves (São Paulo - SP), Maria Clara Mendes Silva (Pirajuba - MG) e Gustavo Lisbôa Empinotti (Florianópolis - SC) conquistaram medalhas de bronze. Com este resultado o Brasil classificou em vigésimo lugar entre os países participantes. Considerada pela Unesco como a competição mais importante da área, a IMO contou este ano com a participação de 101 países reunindo 564 estudantes, entre 14 e 19 anos, mais talentosos do mundo no assunto. O Brasil foi representado por uma equipe de seis estudantes liderados pelos professores Nicolau Corção Saldanha (Rio de Janeiro - RJ) e Eduardo Tengan (São Carlos - SP). Um comitê internacional elegeu os problemas que seriam resolvidos entre os propostos pelos países participantes. As provas foram realizadas em dois dias consecutivos abrangendo disciplinas como Álgebra, Teoria dos números, Geometria e Combinatória. Em cada dia, os participantes resolveram três problemas, com valor de sete pontos cada, aplicados em 4 horas e meia de prova. A resolução destes problemas requer mais criatividade, engenho e habilidade em matemática do que conhecimentos e fórmulas aplicadas. Brasil e as medalhas na IMO - A Olimpíada Internacional de Matemática (IMO) é realizada desde 1959. O Brasil participa da competição desde 1979 conquistando desde então um total de 96 medalhas, sendo oito de ouro, 26 de prata e 62 de bronze. A participação brasileira na competição é organizada através da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM), iniciativa que tem desempenhado um importante papel em relação à melhoria do ensino e descoberta de talentos para a pesquisa em Matemática nas modalidades de ensino fundamental e médio nas escolas públicas e privadas de todo o Brasil. A Olimpíada Brasileira de Matemática é um projeto conjunto do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) e conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Matemática (INCT- Mat). (Secretaria da Olimpíada Brasileira de Matemática) |
Nature Immunology anuncia debate ao vivo sobre a obtenção de uma nova vacina contra o HIV
Fonte da imagem: Núcleo de Educação e Promoção da Saúde de Ilhéus (Nepsiong)
Post de Theolis Bessa
A obtenção de vacinas contra alguns patógenos permanece um grande desafio que vem mobilizando diversos grupos de pesquisa. No sentido de estimular o debate dessas questões com o enfoque no vírus da imunodeficiência adquirida, o grupo Nature promove uma mesa redonda virtual ao vivo no dia 10 de agosto sobre as perspectivas de obtenção de uma vacina contra o vírus. Para se inscrever e participar basta acessar o link abaixo, onde mais informações também podem ser obtidas.
Current controversies: HIV Vaccines
Date: August 10, 2011
Time: 12 noon Eastern / 9 a.m. Pacific / 5 p.m. GMT / 6 p.m. CET
Speakers:
Dr. Ronald Desrosiers
Dr. Louis Picker
For more information on our speakers, please click here.
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Celulas imunes invadem pâncreas em processo de rejeição: video da Nature Medicine
Interessante:
O blog Spoonful of Medicine divulgou o filme:
"A new eye on immune responses to tissue transplants
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Vem aí o PHD Comics, o filme!
Para ver o trailer, clique aqui.
terça-feira, 19 de julho de 2011
Stage-specific pathways of Leishmania infatum chagasi entry and phagosome maturation in macrophages
Rodríguez NE, Gaur Dixit U, Allen LA, & Wilson ME (2011). Stage-specific pathways of Leishmania infantum chagasi entry and phagosome maturation in macrophages. PloS one, 6 (4) PMID: 21552562
segunda-feira, 18 de julho de 2011
Tutorial Importação para Pesquisa
Doenças Negligenciadas: Presente e perspectivas
domingo, 17 de julho de 2011
A Radinha é tudo de bom
Dica de final de semana.
Há muitas músicas de várias épocas e generos com boa qualidade.
Confira:
http://www.radinha.com.br
sexta-feira, 15 de julho de 2011
Inscrições para o Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS – 2011
Harry Potter e as ocorrências de trauma (ou a falta de)
Em tempo de estréia do último capítulo da saga do Harry Potter (Harry Potter e as relíquias da morte, parte 2), vale citar um estudo no British Medical Journal mostrando o efeito dos livros do Potter sobre as crianças.
Gwilym e colaboradores mostraram, há algum tempo atrás, que nas datas de lançamento dos livros do Potter, houve uma redução no número de visitas de crianças à emergência. Neste caso, os autores observaram apenas casos de trauma.
Veja o gráfico acima: ele mostra que as entradas na emergência em junho e julho, entre 2003 e 2005. A barras mostram as entradas regulares. As vassourinhas (estilo Potter) mostram uma redução significativa nas visitas, nos finais de semana em que houve o lançamento dos livros. Importante lembrar que os livros foram lançados no verão europeu, em dias em que o tempo estava bom.
Os autores hipotetizam que há espaço para autores talentosos, bem intencionados quanto à segurança infanto-juvenil. Seus livros de alta qualidade podem, realmente, prevenir acidentes.
A distração do paciente durante procedimentos dolorosos está consagrada. No entanto, a distração por meio dos livros como meio de prevenção de acidentes é novo e sabe-se que o trauma infantil pode ter efeitos sérios na fase adulta. Por outro lado, os autores indagam: este tipo de distração pode levar à obesidade e sedentarismo, por exemplo? Espada de dois gumes essa (estilo Potter, novamente).
Gwilym, S. (2005). Harry Potter casts a spell on accident prone children BMJ, 331 (7531), 1505-1506 DOI: 10.1136/bmj.331.7531.1505
quinta-feira, 14 de julho de 2011
A imunogenicidade da vacina MVA85A contra a tuberculose é reduzida na co-administração com as vacinas do Programa de Imunização Estendidas
Post de Elisabete Conceição
Atualmente a BCG é uma das vacinas mais utilizadas em todo o mundo, com 120 milhões de doses administradas todos os anos. A eficácia da BCG em crianças já está bem estabelecida, com mais de 80% de proteção contra as formas graves e disseminadas da tuberculose, incluindo as formas meníngea e miliar. Embora a BCG seja eficaz na proteção contra a tuberculose na infância, a proteção contra a tuberculose pulmonar em adultos é controversa com estimativas de eficácia de 0 a 80%. Por sua eficácia variável, muitos estudos têm se esforçado para desenvolver vacinas que melhorem a resposta imunológica do indivíduo à BCG. Um exemplo é a vacina modificada MVA85A derivada do vírus Ankara. Em estudos experimentais, a vacina MVA85A quando administrada depois da BCG, aumenta a imunidade protetora contra a tuberculose. Em ensaios clínicos esta vacina tem demonstrado ser segura e altamente imunogênica.
Um estudo publicado na Science Translational Medicine em Junho deste ano avaliou a segurança, a imunogenicidade e a interferência da vacina MVA85A nas vacinas do Programa de Imunização Estendidas (EPI) administradas em crianças com quatro meses de idade da Gâmbia. Neste estudo as crianças foram alocadas em 3 grupos (EPI, EPI + MVA85A e MVA85A), receberam as vacinas em baixa dose e dose padrão e foram analisadas quanto a produção de IFN-γ uma, quatro e vinte semanas após a vacinação. Os resultados mostraram que a vacina MVA85A é altamente imunogênica, induzindo uma alta resposta de IFN-γ, mas perde a imunogenicidade quando administrada com as vacinas do EPI (Fig.2).
Os resultados também revelaram que esta vacina não interfere na resposta às vacinas do EPI quando administradas juntas (Tabela 2).
O estudo demonstrou que a MVA85A é segura, bem tolerada e induz uma resposta imune considerada protetora contra o Mycobacterium tuberculosis, além de ilustrar a importância de estudos com novas vacinas que avaliam uma interferência biderecional.
Referência:
Ota, M., Odutola, A., Owiafe, P., Donkor, S., Owolabi, O., Brittain, N., Williams, N., Rowland-Jones, S., Hill, A., Adegbola, R., & McShane, H. (2011). Immunogenicity of the Tuberculosis Vaccine MVA85A Is Reduced by Coadministration with EPI Vaccines in a Randomized Controlled Trial in Gambian Infants Science Translational Medicine, 3 (88), 88-88 DOI: 10.1126/scitranslmed.3002461
quarta-feira, 13 de julho de 2011
Critical Role of IRF-5 in the Development of T helper 1 responses to Leishmania donovani infection
Alguns trabalhos evidenciaram a importância de TLR na resolução da doença. Foi confirmado que o TLR9 é necessário para produção de IL-12 por células dendríticas no modelo de leishmaniose cutânea e para T. cruzi (3,4). Por outro lado, camundongos deficientes em TLR9 desenvolveram resposta Th1 após infecção por L. major (5), sugerindo que outras moléculas estejam envolvidas na indução de uma resposta protetora.
O IRF-5 (Fator Regulador de Interferon 5) está relacionado com a ativação transcricional de genes de IFN tipo I e de genes de citocinas pró-inflamatórias como IL-12, IL-6 e TNF-alfa (6,7). Além disso, o IRF-5 apresenta um papel importante na resposta antiviral (8). Assim, no presente trabalho, os autores examinaram se IRF-5 também possui papel na regulação da resposta imune contra infecções parasitárias. Para isso, eles utilizam camundongos C57BL/6J deficientes em IRF5, TLR7, IRF7 e infectados com L. donovani. Em diferentes tempos de infecção, eles avaliam a resposta imune por FACS, imunohistoquímica e RT –PCR.
Primeiramente, eles demonstram que animais deficientes em IRF-5 desenvolvem maior carga parasitária no fígado, comparado com animais selvagens, e estes animais apresentaram uma resposta granulomatosa Th1 deficiente (não achei essa palavra no dicionário) após 4 semanas. O infiltrado encontrado foi, predominantemente, de neutrófilos. Interessantemente, há um aumento na expressão de CXCL1, quimiocina que atrai neutrófilos. Eles não encontraram nenhuma diferença no baço, nem no início da infecção. Estes animais também apresentaram menor expressão de iNOS e arginase-1 com 2 semanas, e maior expressão de IL-4 e IL-10. Em seguida, eles investigaram qual TLR estaria envolvido na ativação de IRF5. Os autores comprovam que animais deficientes em TLR7 apresentaram maior carga parasitária no fígado com 28 dias e possuem resposta Th1 comprometida, com menor porcentagem de células T CD4+.
Assim, eles confirmaram que a ativação de IRF-5 mediada por TLR7 é necessária para o desenvolvimento de uma resposta protetora em estágios mais tardios da infecção. Além disso, a deficiência de IRF5 resultou em uma resposta de IL-4 dominante, expressão reduzida de iNOS e incapacidade de controlar replicação parasitária no fígado. Assim, o IRF5 é um fator essencial para manutenção e expansão da resposta inflamatória e tem papel indireto na regulação de iNOS, durante a infecção por L. donovani.
Referências
1. Kaye PM, Svensson M, Ato M, Maroof A, Polley R, et al. (2004) The immunopathology of experimental visceral leishmaniasis. Immunol Rev 201: 239–253.
2. Gorak PM, Engwerda CR, Kaye PM (1998) Dendritic cells, but not macrophages, produce IL-12 immediately following Leishmania donovani infection. Eur J Immunol 28: 687–695.
3. Liese J, Schleicher U, Bogdan C (2007) TLR9 signaling is essential for the innate NK cell response in murine cutaneous leishmaniasis. Eur J Immunol 37: 3424–3434.
4. Bafica A, Santiago HC, Goldszmid R, Ropert C, Gazzinelli RT, et al. (2006) Cutting edge: TLR9 and TLR2 signaling together account for MyD88 dependent control of parasitemia in Trypanosoma cruzi infection. J Immunol 177: 3515–3519.
5. Abou Fakher FH, Rachinel N, Klimczak M, Louis J, Doyen N (2009) TLR9-dependent activation of dendritic cells by DNA from Leishmania major favors Th1 cell development and the resolution of lesions. J Immunol 182: 1386–1396.
6. Honda K, Taniguchi T (2006) IRFs: master regulators of signalling by Toll-like receptors and cytosolic pattern-recognition receptors. Nat Rev Immunol 6: 644–658.
7. 15. Barnes BJ, Moore PA, Pitha PM (2001) Virus-specific activation of a novel interferon regulatory factor, IRF-5, results in the induction of distinct interferon alpha genes. J Biol Chem 276: 23382–23390.
8. Paun A, Reinert JT, Jiang Z, Medin C, Balkhi MY, et al. (2008) Functional characterization of murine interferon regulatory factor 5 (IRF-5) and its role in the innate antiviral response. J Biol Chem 283: 14295–14308.
Paun A, Bankoti R, Joshi T, Pitha PM, & Stäger S (2011). Critical role of IRF-5 in the development of T helper 1 responses to Leishmania donovani infection. PLoS pathogens, 7 (1) PMID: 21253574
terça-feira, 12 de julho de 2011
O cuspe da morte
Saliva de flebotomíneos, neutrófilos e eventos inicias na infecção por Leishmania. (Ilustração de Théo Araújo)
Os neutrófilos constituem a primeira linha de defesa contra infecções. Trabalhos recentes evidenciam cada vez mais a participação dessas células na imunopatogênese das leishmanioses e apontam o recrutamento inicial dessas células no local da picada do vetor (“lago sanguíneo”). A saliva de flebotomíneos constitui uma rica fonte de substâncias farmacologicamente ativas que interferem na resposta imune do hospedeiro. Apesar do reconhecimento da importância de ambos, saliva do vetor e neutrófilos, nos eventos iniciais da infecção pela Leishmania, o papel direto da saliva na interface neutrófilo-parasita ainda não havia sido estudado. Nesse trabalho nós testamos a hipótese de que componentes da saliva de Lutzomyia longipalpis (Lulo), vetor da Leishmania chagasi, induzem a apoptose de neutrófilos e modificam sua resposta inflamatória, favorecendo a infecção. A incubação de neutrófilos peritoneais de camundongos C57BL/6 com a saliva de Lulo deflagrou a apoptose dessas células. Essa morte celular foi dependente da ativação de caspases e mediada por FasL, uma vez que a mesma foi inibida pelo pré-tratamento dos neutrófilos com zVAD (um inibidor pan caspases) e com anticorpo neutralizante anti-FasL. Objetivando avaliar a natureza do componente pró-apoptótico presente na saliva de Lulo e se o(s) mesmo (s) poderia(m) ser alvo(s) de anticorpos específicos, pré-tratamos a saliva com proteinase K e soro imune anti-saliva de Lulo, respectivamente. A apoptose foi revertida em ambos os tratamentos. Nosso próximo objetivo foi o de avaliar a apoptose dos neutrófilos em presença do parasita. Surpreendentemente, aL. chagasi, foi capaz de induzir a morte dos neutrófilos por apoptose, tendo esse efeito acentuado pela saliva. Além disso, em presençada saliva, os neutrófilos apresentaram maior carga parasitária, produziram PGE2 e tiveram uma redução na produção de espécies reativas de oxigênio. A infecção dos neutrófilos foi associada a apoptose, uma vez que a mesma foi revertida em presença de zVAD. Já a participação da PGE2 na infecção foi corroborada em ensaios utilizando o inibidor da COX-2, NS-398, nos quais houve aumento da viabilidade dos parasitas. Por fim, avaliamos o potencial infamatório dos neutrófilos infectados em presença da saliva. Esses neutrófilos foram capazes de produzir CCL2/MCP-1 e recrutar macrófagos em ensaios de quimiotaxia in vitro. Tais efeitos foram abolidos pelo pré-tratamento dos neutrófilos com bindarit, um inibidor da expressão de CCL2/MCP-1. Em conjunto, nossos dados são inovadores e promissores. Inovadores por sugerirem um cenário até então não visto no “lago sanguíneo” formado pela picada do vetor e promissores por contribuir para o conhecimento de possíveis eventos iniciais na interface vetor-parasita-hospedeiro nas leishmanioses.
Prates DB, Araújo-Santos T, Luz NF, Andrade BB, França-Costa J, Afonso L, Clarêncio J, Miranda JC, Bozza PT, Dosreis GA, Brodskyn C, Barral-Netto M, Borges VD, & Barral A (2011). Lutzomyia longipalpis saliva drives apoptosis and enhances parasite burden in neutrophils. Journal of leukocyte biology PMID: 21685247
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Platelet activation attracts a subpopulation of effector monocytes to sites of Leishmania major infection
Post de Deboraci Prates
Classicamente, os processos inflamatórios localizados envolvem a migração de leucócitos para o tecido. O pool inicial de células é constituído por neutrófilos e, em seguida, os monócitos também são recrutados para o tecido inflamatório.
Já foi descrita a existência de duas sub-populações de monócitos, baseados em suas características morfofisiológicas (1,2): células GR-1+ (Ly6C+)/ CCR2+/ CX3CR1low e células GR-1-/ CCR2-/ CX3CR1+. O artigo de Gonçalves e cols (3) traz contribuições sobre o recrutamento de monócitos em camundongos após infecção por Leishmania major.
Realizando ensaios in vivo, os autores utilizaram camundongos C57BL/6 cujo receptor CX3CR1 expressa GFP para identificar as duas maiores sub-populações de monócitos (GFPBright => CX3CR1high/GR-1- e GFPDull => CX3CR1low/GR-1-). Camundongos infectados com L. major (2x106; pata) apresentaram um maior percentual de monócitos GR-1+ no local da infecção (24 horas), enquanto que em animais não infectados as duas sub-populações de monócitos foram similares. Surpreendentemente, os autores observaram uma similaridade da cinética de recrutamento na pata e no peritônio dos animais inoculados com o parasita.
Sendo o peritônio um local propício à obtenção de um maior número de monócitos, os autores o escolheram para melhor investigar esse fenômeno. Nesse modelo fica evidente, corroborando com dados da literatura, que existe uma diferença na cinética de recrutamento celular entre diferentes linhagens de camundongos. Em BALB/c, os monócitos (população GR-1+) foram as células inicialmente recrutadas para o local de infecção (1/2 – 3 h p.i.), seguido dos neutrófilos (4 h p.i.). Já em C57BL/6 o recrutamento inicial de neutrófilos acompanhou o de monócitos (1 h p.i.), aumentando no decorrer do tempo. Curiosamente, apenas os monócitos GR-1+ estavam infectados por L.major e, após 4 horas, a maior parte dos parasitas foi morta por essas células.
Ensaios in vitro foram realizados para investigar o mecanismo de morte dos parasitas pelos monócitos. A produção de espécies reativas de oxigênio foi inicialmente avaliada utilizando a sonda H2DCFDA, observando-se uma maior produção de ROS pelos monócitos GR-1+, em resposta à infecção por L. major (60 – 180 min), quando comparado à sub-população GR-1-. Em seguida, a importância dos mecanismos oxidativos dos monócitos foi confirmada em ensaios utilizando células de camundongos gp91 (phox)-/-. Por fim, o mecanismo de migração dos monócitos induzidos pela L. major foi elegantemente investigado utilizando camundongos tratados com anti-CD41 (depleção de plaquetas) e camundongos CCR2-/-. A participação das plaquetas, através da produção de PDGF e conseqüente liberação de CCL2/MCP-1, foi associada ao recrutamento de monócitos GR-1+ no local de infecção.
Os autores discutem a relevância dos achados, principalmente no que concerne à participação das plaquetas, uma vez que estas são encontradas em grande quantidade no lago sanguíneo criado pelo vetor. Além disso, os mecanismos pelos quais os monócitos GR-1+ matam a Leishmania merecem uma investigação mais detalhada.
Referências:
1. Geissmann, F.,S. Jung, D.R. Littman. Demonstration of a specific C3a receptor on guinea pig platelets. J. Immunol. 140:3496–3501,1988.
2. Strauss-Ayali, D., S.M. Conrad, D.M. Mosser. Migrating monocytes recruited to the spleen play an important role in control of blood stage malaria. Blood. 114:5522–5531. 2009. doi:10.1182/blood-2009-04-217489.
3. Goncalves, R., Zhang, X., Cohen, H., Debrabant, A., & Mosser, D. (2011). Platelet activation attracts a subpopulation of effector monocytes to sites of Leishmania major infection Journal of Experimental Medicine, 208 (6), 1253-1265 DOI: 10.1084/jem.20101751
sábado, 9 de julho de 2011
quinta-feira, 7 de julho de 2011
Proliferação de macrófagos locais, ao invés de recrutamento a partir do sangue, é uma assinatura de inflamação TH2
Post de Nívea Luz
Jenkins e colaboradores publicaram recentemente na Science um artigo sucinto e bem elaborado demonstrando o papel do processo inflamatório na proliferação de macrófagos alternativamente ativados induzidos pela Interleucina-4 (IL-4).
Sabidamente, o recrutamento de leucócitos do sangue é um dos principais eventos da resposta inflamatória ao dano tecidual e à infecção. Esse processo é classicamente denominado de inflamação “tipo 1” quando é dirigido por infecções microbianas ou células necróticas, enquanto isso, alergias e infecção por helmintos são denominadas de inflamação “tipo 2” caracterizada pelo recrutamento de células, como macrófagos e células produtoras de IL-4, incluindo linfócitos T CD4+ helper 2 (TH2). Os macrófagos tipo 2, também conhecidos como M2 são alternativamente ativados e são caracterizados pela expressão de arginase-I e molécula alfa resistin-like (RELMα).
Jenkins e cols. utilizaram um modelo experimental de infecção com o nematódeo Litomosoides sigmodontis que induz uma intensa resposta TH2. Os autores demonstraram que o nematódeo induz a ativação alternativa de macrófagos na cavidade pleural, caracterizada pelo aumento do marcador de superfície RELMα. Os autores ainda trataram os camundongos com lipossomas contendo clodronato, que bloqueia a infiltração tecidual de macrófagos. Nos animais tratados há uma redução do recrutamento de macrófagos após a injeção de tioglicolato na cavidade pleural, mas não nos camundongos infectados com nematódeo, reforçando assim a hipótese de que os macrófagos M2 são acumulados independentemente do recrutamento de monócitos do sangue frente a um estímulo que induz inflamação tipo 2, como a infecção pelo nematódeo L. sigmodontis.
Esses dados apontam para a possibilidade de proliferação da população de macrófagos in situ, ao invés de recrutamento. De fato, células pleurais isolados de camundongos infectados por L. sigmodontis exibem mais macrófagos em divisão, oque é caracterizado pelo incremento na positividade de marcação para Ki67 (marcador de proliferação) e aumento de incorporação de bromo-deoxiuridina (BrdU).
Conhecidamente IL-4 é importante para a acumulação de macrófagos durante infecções por helmintos. Dessa forma, os autores infectaram camundongos IL-4 knockout com L. sigmodontis. Como esperado, macrófagos pleurais de camundongos IL-4 knockout têm menor capacidade proliferativa frente à infecção; esses macrófagos apresentam menor marcação para marcadores de ativação alternativa. Além disso, a injeção intraperitoneal de IL-4 recombinante aumenta a celularidade da cavidade, bem como o número de macrófagos. Por fim, os autores demonstraram que macrófagos recrutados por tioglicolato podem proliferar e são alternativamente ativados após tratamento com IL-4.
Coletivamente, esses achados sugerem que a expansão de células inatas necessárias para o controle de patógenos ou para a cicatrização pode ocorrer sem recrutamento de células que podem provocar dano tecidual.
Referência:
Jenkins, S., Ruckerl, D., Cook, P., Jones, L., Finkelman, F., van Rooijen, N., MacDonald, A., & Allen, J. (2011). Local Macrophage Proliferation, Rather than Recruitment from the Blood, Is a Signature of TH2 Inflammation Science, 332 (6035), 1284-1288 DOI: 10.1126/science.1204351
quarta-feira, 6 de julho de 2011
Invasão Maliciosa
Vários patógenos empregam uma estratégia traiçoeira para invadir uma célula hospedeira: eles subvertem mecanismos existentes na própria membrana celular para ter acesso ao citoplasma.
Um grupo de pesquisadores brasileiros acaba de demonstrar que o Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas, utiliza esse tipo de subterfúgio, aproveitando o mecanismo de reparo das membranas das células como recurso para invadi-las.
O estudo, publicado na revista Journal of Experimental Medicine, teve origem em linhas de pesquisa desenvolvidas por Norma Andrews, do Departamento de Biologia Celular e Genética Molecular da Universidade de Maryland (Estados Unidos), e Renato Mortara, do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
O trabalho mereceu destaque em editoriais das revistas Cell e Nature Reviews in Microbiology.
A pesquisadora brasileira radicada nos Estados Unidos fez seu pós-doutorado com Victor Nussenzweig, na Universidade de Nova York, e foi professora e pesquisadora na Universidade de Yale, antes de se transferir para a Universidade de Maryland.“O artigo teve grande repercussão porque demonstrou que o Trypanosoma cruzi é mais um microrganismo capaz de explorar um mecanismo constitutivo da célula hospedeira, além de descrever detalhadamente o mecanismo que o parasita utiliza para isso”, disse Mortara à Agência FAPESP.
O laboratório de Andrews já havia desenvolvido estudos sobre as funções dos lisossomos – organelas celulares responsáveis por degradar partículas provenientes do meio extracelular – no reparo de membranas. Segundo Mortara, já se sabia que, quando a membrana da célula sofre um dano, os lisossomos são recrutados e liberam seu conteúdo, que se funde com a membrana, reparando a lesão.
“O grupo de Maryland observou recentemente que esse mecanismo de reparo tem duas etapas. Quando o lisossomo se funde com a membrana, a célula continua ainda com uma ruptura. Então, uma parte da membrana é internalizada pela célula, incorporando a lesão. A ruptura é englobada por essa espécie de ‘bolha’, passando para o interior da célula, preservando as propriedades da membrana”, explicou.
Fernandes juntou o conhecimento sobre a invasão do parasita e o reparo da membrana. A pesquisadora observou que o parasita provoca danos na membrana, induzindo todo o processo de internalização da lesão. “Como o parasita permanece próximo à lesão, o processo acaba levando-o para o interior da célula”, contou Mortara.
Quando o parasita danifica a membrana, o dano não promove diretamente sua entrada no citoplasma. Mas desencadeia a mobilização dos lisossomos, que, além de liberar seu conteúdo para a superfície da célula, liberam também a enzima lisossomal esfingomielinase ácida (ASMase), dependente de cálcio.
“O estudo mostrou que as células com ASM reduzida são resistentes à infecção e que tratar as células com enzimas extracelulares é suficiente para promover a entrada do parasita. O aumento de ASM estimula a endocitose, dando ao parasita a chance para entrar na célula”, explicou.
Segundo o estudo, o uso do mecanismo de reparo da membrana pelo Trypanosoma cruzi pode ajudar a explicar por que esses parasitas tendem a infectar músculos lisos e cardiomiócitos – tecidos nos quais os mecanismos de reparo são especialmente ativos.
O artigo Trypanosoma cruzi subverts the sphingomyelinase-mediated plasma membrane repair pathway for cell invasion (doi:10.1084/jem.20102518), de Maria Cecília Fernandes e outros, pode ser lido por assinantes da Journal of Experimental Medicine.
terça-feira, 5 de julho de 2011
Sistemas complexos no Café Científico dia 08 de julho
8 de Julho de 2011 – 18:00 Roberto F. S. Andrade (Instituto de Física/UFBA) Sistemas complexos: como esta abordagem teórica pode ser usada para analisar dados quantitativos de algumas peculiaridades da vida e da cultura da Bahia. [Ver mais detalhes no resumo abaixo] O Café Científico é um local em que qualquer pessoa pode discutir desenvolvimentos recentes das várias ciências e seus impactos sociais. Ele oferece uma oportunidade para que cientistas e o público em geral se encontrem face a face para discutir questões científicas, numa atmosfera agradável. O evento é inteiramente gratuito e não necessita de inscrição. O local é a LDM - Livraria Multicampi, na Rua Direita da Piedade, 20, Piedade. Para mais informações, ligue 71 2101-8000 (LDM) ou 71 3283-6568 (UFBA). Maiores informações sobre o café científico de Salvador podem ser encontradas em http://cafecientificossa.blogspot.com Informações gerais sobre a iniciativa dos Cafés Científicos podem ser conseguidas no seguinte sítio: http://www.cafescientifique.org. Att Comissão Organizadora do Café Científico SISTEMAS COMPLEXOS: COMO ESTA ABORDAGEM TEÓRICA PODE SER USADA PARA ANALISAR DADOS QUANTITATIVOS DE ALGUMAS PECULIARIDADES DA VIDA E DA CULTURA DA BAHIA Roberto F. S. Andrade (Instituto de Física/UFBA) O conceito de sistemas complexos foi formado de maneira espontânea ao longo da segunda metade do século XX, baseado em técnicas matemáticas desenvolvidas no estudo de sistemas dinâmicos não lineares caos e física estatística. De uma forma bastante natural e paulatina, estas metodologias começaram a ser utilizadas por comunidades de pesquisadores de diversas áreas do conhecimento. Rigorosamente, até hoje não se tem uma definição precisa que permita delimitar e caracterizar quais objetos pertencem a esta classe. Do ponto de vista matemático, no entanto, o fato do objeto apresentar uma série de propriedades similares, mensuráveis através de algoritmos e definições razoavelmente precisas, permite que possamos formar uma lista de sistemas que atendem a diversos requisitos para poderem adotar tal denominação: não linearidade nas interações com de seus constituintes, presença de aleatoriedade correlacionada com memória de interações passadas, propriedades de invariância de escala, desvio das leis de distribuição para eventos estatisticamente independentes, etc. Nós pretendemos mesclar a nossa exposição, atentando a dois princípios: Ser objetivo na caracterização das propriedades matemáticas, mas evitando ao máximo a utilização da notação que não seja do domínio comum. Sugerir alguns temas que são de nosso cotidiano que sejam passíveis de ser investigado dentro desta abordagem como, por exemplo, o congestionamento da Av. Paralela ou o desfile do carnaval. |