terça-feira, 10 de abril de 2012

Candida albicans morphogenesis and host defence: discriminating invasion from colonization.

Post de Graziele Quintela e Rômulo Santiago

Highlights
- As diferenças estruturais entre levedura e hifas, e os fatores que levam a mudança de uma forma para outra;
- Diferença entre os mecanismos imunológicos para colonização e invasão;
- Resposta inflamatória mediada pela indução de células Th17 via inflamossomas.

A Candida albicans é o fungo patogênico mais comum em humanos. Este microorganismo pode crescer no hospedeiro sob a forma de leveduras unicelulares e em formas filamentosas, denominadas hifas. Diferentes atributos destas formas permitem a colonização da pele ou mucosa, com posterior invasão epitelial, vascular e de tecidos profundos. Na revisão publicada recentemente por Gow e colaboradores (2012), foram descritas as propriedades da C. albicans na forma de leveduras e hifas que conduzem a diferentes respostas imunológicas pelo hospedeiro. Entre estas propriedades, foram destacadas as mudanças morfogenéticas da parede celular, os mecanismos de reconhecimento e imunológicos que determinam a colonização ou a invasão por este fungo.
A parede celular da C. albicans é composta por duas camadas, sendo a mais externa formada por glicoproteínas e a mais interna por um esqueleto de glicopolissacarídeos. Este conteúdo não está presente em humanos, sendo a maioria dos componentes reconhecidos como PAMPs (Padrões moleculares associados à patógenos), modulando a resposta imunológica. A parede celular de leveduras e hifas possui uma composição similar. Entretanto, diferem na superfície proteômica e na quantidade de PAMPs, que varia a depender das condições ambientais que as formas celulares se encontram, sem necessariamente, ocorrer mudanças morfológicas. Para que ocorram as mudanças morfológicas, é necessária a indução de diversos mecanismos, como a sinalização por proteíno-quinase A (PKA), proteíno-quinases ativadas por mitógenos (MAPK) e danos ao DNA, com modificações na composição da parede celular e na arquitetura.
A resposta inicial de C. albicans pelo sistema imune inato ocorre pelo reconhecimento de componentes da parede celular do fungo por receptores de reconhecimento de padrões (PRRs). Foi demonstrado que a maioria dos PRRs induz a produção de citocinas pró-inflamatória. Entre eles os receptores NOD-like receptors (NLR) envolvidos na ativação de inflamossomas, que induz ativação da caspase 1, ativando IL-1β, uma interleucina altamente pró-inflamatória produzida por macrófagos na defesa contra C. albicans. O reconhecimento pelo sistema imune do hospedeiro entre a forma de levedura ou hifa define a colonização ou invasão do fungo. Hifas predominam no interior das camadas epiteliais e tecidos, enquanto células de levedura geralmente são encontrada na superfície de células epiteliais ou emergindo do infiltrado de hifas. Essas leveduras não induzem dano epitelial e nem a produção de citocinas. A doença ocorre quando C. albicans atravessa a superfície dos tecidos, de modo mais eficaz na forma de hifas, que penetram causando danos à superfície epitelial.
A colonização ou invasão do fungo está associada à resposta imunológica por células do tipo Th17. Esta resposta é desencadeada pela IL-1β induzida por ativação do inflamossoma em macrófagos e células dendríticas, sendo vista na invasão por hifas, o que não acontece em condições normais da colonização por leveduras. As células Th17 ativadas produzem mediadores inflamatórios induzindo o recrutamento de neutrófilos e a ativação de células epiteliais, contribuindo para a morte hifas invasoras.Desta forma, um maior entendimento dos mecanismos imunológicos que diferem entre reconhecimento de colonização ou invasão por C. albicans pode levar ao desenvolvimento de terapias farmacêuticas mais eficazes.

ResearchBlogging.org
Gow, N., van de Veerdonk, F., Brown, A., & Netea, M. (2011). Candida albicans morphogenesis and host defence: discriminating invasion from colonization Nature Reviews Microbiology DOI: 10.1038/nrmicro2711

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