Science is but an image of the truth.
Francis Bacon
Um texto interessante de Sue Blackmore no The Guardian sobre os limites da ciência. Chama a atenção logo a questão inicial. Perguntada se a ciência pode descrever tudo, respondeu que não. Para a pergunta a ciência pode explicar tudo respondeu que sim. Porque a diferença na resposta? A ciência pode, ainda que potencialmente, explicar tudo já que o método científico (“openness, inquiry, curiosity, theory building, hypothesis testing and so on”) não deixa qualquer área fora do seu campo de ação, tudo está incluído. Mas, o que é tudo?
O terreno realmente em disputa é o da consciência, da subjetividade.
“I cannot know whether my experience of the greenness of the grass is anything like yours. ... I cannot describe my sensations (or qualia) of greenness in any other way than to say "it looks green", implicitly comparing it with other colours in the world and using agreed names to do so. In this sense colour experiences (and smells, and noises, and tastes) are ineffable.”
Também ineffable (difícil uma boa tradução, algo como indescritível, incapaz de ser expresso) são outras sensações e experiências, incluindo as místicas. A ciência não explica estas sensações e experiências hoje, será capaz de fazê-lo no futuro? Tudo isto estará explicado com o avanço da neurociência?
A que a autora acredita é que a ciência explica, mas não descreve. Não podemos descrever todos os padrões de pelagem dos animais, mas podemos explicar os mecanismos que regulam estas expressões fenotípicas. Tendo a concordar com esta afirmativa: “conscious experiences may remain ineffable even when science thoroughly understands how and why. In this case I would be right in my intuition that science cannot describe everything but may well be able to explain that which it cannot describe”.
Conhecer a autora talvez ajude a entender as suas reflexões. Sue Blackmore é graduada em psicologia e fisiologia (Oxford University) e um PhD em parapsicologia (University of Surrey). Já fiquei surpreso em saber que há um doutorado em parapsicologia e mais ainda com os seus interesses de pesquisa: “memes, evolutionary theory, consciousness, and meditation. She practises Zen and campaigns for drug legalisation”.
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