Francis Collins foi indicado, no dia 08/07, como novo Diretor do NIH. O NIH tem um orçamento considerável (para os próximos 14 meses são US$37 bilhões para financiamento externo e US$ 4 bilhões para estudos no seu próprio campus) o que torna o cargo bastante cobiçado. O nome já vinha sendo comentado na imprensa há algum tempo. Em post sobre as Rock Stars of Science (de 03/06) comentamos ser o provável futuro diretor. O blog The Great Beyond noticiou assim: “The announcement caps months of waiting, watching and speculating by NIH groupies who, like the authors of this Nature editorial, were getting restive about the White House delay in naming a permanent chief for the $31 billion agency.”
Francis Collins é um importante geneticista e liderou o sequenciamento do projeto genoma (a foto acima, da capa da Time, refere à disputa entre ele e Craig Venture). Na época, o sucesso do projeto público, liderado por Collins, derrubou grande parte das expectativas do modelo privado empresarial da Celera, com liderança de Craig Venture.
Embora a indicação tenha sido bem vista por muitas lideranças da pesquisa médica nos EEUU, há também algumas restrições. A maior preocupação é com a forte tendência religiosa de Collins, alguns referem como evangelismo. Um outro fator de resistência à indicação se baseia na liderança do Projeto Genoma. O fato de não haver, até o momento, se concretizado nenhuma das grande promessas advindas com o final o projeto genoma em 2003, tem desencorajado muitas pessoas. Evidentemente, ninguém é responsável direto por este fato, mas se alega que ele contribuiu para “vender” expectativas impossíveis de serem cumpridas (chegou a dizer “the most important and the most significant project that humankind has ever mounted” e indicou que o genoma permitiria rapidamente a qualquer um conhecer os riscos genéticos de muitas doenças).
Adicionalmente, tem sido lembrado que o projeto consumiu somas extraordinárias de recursos, desviando a atenção de áreas mais frutíferas. Crítica semelhante já foi levantada, há algum tempo, ao projeto genoma da FAPESP.
Alguns líderes, expressaram a preocupação que haja uma ênfase exagerada na tecnologia e não se valorize as áreas mais inovadoras.
Esperemos que as credenciais científicas de Collins prevaleçam e que a ciência médica se beneficie dos novos tempos nos EEUU. No nosso contexto, creio que vale cada vez mais a cautela com o fascínio da tecnologia sobre as boas idéias e para evitar promessas difíceis de serem cumpridas.
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