domingo, 19 de julho de 2009

Sarney e Seneca

Post de Sérgio Arruda

No último dia antes do recesso parlamentar, e acusado pelas mazelas do Senado, Sarney vai à tribuna e discursa para um plenário de apenas 5 senadores. No fim do discurso, Sarney citou o filósofo e escritor romano Lúcio Aneu Sêneca (morto em 65 d.C.):

"As grandes injustiças só podem ser combatidas com três coisas: o silêncio, a paciência e o tempo"

Mas será que Sarney citou o filósofo certo e apropriado? Abaixo algumas das frases atribuidas a Seneca talvez mais adequadas ao momento:

  • O início da salvação é o conhecimento da culpa.
  • Os vícios de outrora são os costumes de hoje.
  • O tempo revela a verdade."
  • Na vida pública, ninguém olha para os que estão pior, mas apenas para os que estão melhor.
  • Nunca a fortuna põe um homem em tal altura que não precise de um amigo.
  • Alguns chefes são considerados grandes porque lhes mediram também o pedestal.
  • Cometeu o crime quem dele recebeu benefícios.
  • Os males de que foges estão em ti.

Leia mais sobre o filósofo estóico de frases curtas, sua história de vida e pensamento:

“Lúcio Aneu Sêneca, conhecido como Sêneca o Jovem, nasceu em Córdoba, Espanha, por volta do ano 4 a.C. Oriundo de família ilustre, era filho de Lúcio Aneu Sêneca, o Velho, célebre orador. Ainda criança, foi enviado a Roma para estudar oratória e filosofia. Com a saúde abalada pelo rigor dos estudos, passou uma temporada no Egito para se recuperar e regressou a Roma por volta do ano 31 da era cristã. Nessa ocasião, iniciou carreira como orador e advogado e logo chegou ao Senado.

Em 41 envolveu-se num processo por causa de uma ligação com Júlia Livila, sobrinha do imperador Cláudio, que o desterrou. No exílio, Sêneca dedicou-se aos estudos e redigiu vários de seus principais tratados filosóficos, entre os três intitulados Consolationes (Consolos), em que expõe os ideais estóicos clássicos de renúncia aos bens materiais e busca da tranqüilidade da alma mediante o conhecimento e a contemplação. Por influência de Agripina, sobrinha do imperador e uma das mulheres com quem este se casou, Sêneca retornou a Roma em 49. Agripina tornou-o preceptor de seu filho, o jovem Nero, e elevou-o a preceptor em 50. Sêneca contraiu matrimônio com Pompéia Paulina e organizou um poderoso grupo de amigos. Logo após a morte de Cláudio, ocorrida em 54, o escritor vingou-se com um escrito que foi considerado obra-prima das sátiras romanas, Apocolocyntosis divi Claudii (Transformação em abóbora do divino Cláudio). Nessa obra, Sêneca critica o autoritarismo do imperador e narra como ele é recusado pelos deuses.”

“Acusado de participar na conjuração de Pisão, em 65dC, Sêneca recebeu de Nero a ordem de suicidar-se, que executou em Roma, no mesmo ano, com o ânimo sereno que defendia em sua filosofia.”

Se quiser ler mais, veja os Tratados Morales e De la brièveté de la vie.


Ilustração: Óleo sobre tela de Rubens - Morte de Seneca

Um comentário:

  1. Não comentarei sobre o tema principal do post, antes num aspecto secundário: a sentença ao suicídio de Nero para Seneca. Não tentarei qualquer reflexão política e sim um aspecto linguístico.
    Durante algum tempo, reclamei do uso de suicidar-se. Como ninguém pode suicidar outro, pensei que o reflexivo era inútil.
    Isto o que pensava, mas quando se pode emitir uma sentença de morte através do suicídio. Vemos que podemos interpretar de outro modo:
    Nero suicidou Seneca.
    A frase correta não poderia ser: Seneca suicidou-se. O reflexivo pode ser usado em suicidar para indicar que o ato foi de vontade própria.

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