domingo, 10 de janeiro de 2010

Como não dar uma notícia científica

Manoel Barral

“Explosão no espaço pode ameaçar vida na Terra” este foi o título de um artigo da BBC Brasil. O texto de destaque era: “Cientistas identificaram uma estrela a 3.260 anos luz da Terra que pode se transformar em uma supernova e, nesse caso, ameaçar a camada de ozônio do planeta tornando-o inabitável.”

Já pelo fato da estrela estar distante 3.260 anos-luz (os cálculos anteriores eram de 6.000 anos-luz de distancia), os autores deveriam chamar a atenção que mesmo se a explosão ocorresse hoje, levaria bastante tempo até os efeitos atingirem a Terra. Nesta época nós já poderemos haver destruído a camada de ozonio sem a ajuda da super-nova.

Contudo a surpresa é ainda maior quando se chega ao final do texto: “Mas apesar do risco, os astrônomos afirmam que não motivo para pânico, já que a estrela só deve chegar ao limite de Chandresekhar – provocando a massiva explosão – em 10 milhões de anos.”

Chega a ser chocante, alguém prever o fim da vida na Terra daqui há mais de 10 milhões de anos devido a uma super-nova, sem considerar todos os outros fatores que intervirão neste período.

Ou seja trata-se de uma notícia científica relevante, num determinado contexto, mas o texto é sensacionalista. Dadas desta forma, as notícias científicas levam ao descrédito da ciência.


Ilustração: Sistema binário T Pyxidis, fotografado pelo Telescópio Espacial Hubble. Esta imagem serviu de base para o estudo. [Imagem: Hubble]

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