“Meeting the interlinked global challenges of poverty reduction, social justice and environmental sustainability is the great moral
and political imperative of our age”
and political imperative of our age”
Para quais problemas deve se voltar a atividade científica? Para muitos, a resposta é simplesmente para as grande perguntas capazes de aumentar a nossa compreensão sobre o mundo que nos cerca. Esta é, em grande parte, a agenda dos países desenvolvidos e, por inércia, reproduzida em quase todos os outros países, inclusive, em boa parte, o Brasil. Seguir os temas internacionais é confortável, possibilita o aumento da visibilidade da ciência, e dos cientistas, locais. Tudo isto aumenta as possibilidades de formação de pessoal capacitado em ciência e participação em projetos conjuntos internacionais.
Há, contudo, uma outra agenda para a ciência que tende a ser negligenciada. A ciência para reduzir as desigualdades. Há pouco foi lançado o New Manifesto alertando para que “Vivemos num tempo de avanços científicos e tecnológicos sem precedentes. O mundo está cada vez mais globalizado e interconectado, contudo a pobreza aumenta, o meio ambiente está em crise e o progresso para atingir os objetivos de desenvolvimento do milênio está interrompido.”
O primeiro parágrafo do documento é bastante informativo:
O primeiro parágrafo do documento é bastante informativo:
“O gasto anual com pesquisa e desenvolvimento ultrapassa um trilhão de dólares. Os objetivos militares e relacionados com segurança são a maior área de gasto. Contudo a cada dia, nas regiões mais pobres do mundo, milhares de crianças morrem de doenças relacionadas com a água, mais de um bilhão de pessoas passa fome e mais de mil morre durante a gravidez ou ao nascer. Ao mesmo tempo, as futuras gerações enfrentam enormes desafios sociais, ambientais e econômicas de ameaças relacionadas com a mudança climática. A governança global, a economia e a política frequentemente trabalham contra os interesses dos povos e países mais pobres, aumentando as desigualdades”.
Muitos devem pensar que se trata de algum manifesto venezuelano ou cubano, talvez com parceria iraniana. Ledo engano. O New Manifesto é da STPES Centre, da Universidade de Sussex, do Economic and Social Research Council e do Institute of Development Studies e foi lançado na Royal Society em Londres. O novo Manifesto prossegue esforço já desenvolvido antes. Em 1970, um documento denominado The Sussex Manifesto ajudou a moldar o pensamento da ciência e tecnologia para o desenvolvimento. Como estamos hoje e do que precisamos para progredir nos objetivos de reduzir as desigualdades? A iniciativa New Manifesto visa, justamente, reorientar este esforço.
Para que o novo manifesto não seja apenas um documento que expressa boas intenções mas que se transforma em letra morta, é necessário criar os meios para que cientistas se dediquem aos temas da agenda da redução das desigualdades. Será necessário financiar, com ênfase, tópicos desta agenda e promover uma alteração nos critérios de avaliação da atividade científica, com inclusão de medidas que avaliem o progresso no avanço dos temas desta nova agenda.
A partir de 2003, o Brasil passou a implementar uma política de valorização de atividades científicas para inclusão social. Foi mesmo criada uma Secretaria específica no Ministério de Ciência e Tecnologia e vários editais foram lançados neste tema. Apesar disto, a atividade científica neste aspecto é insipiente e não avançamos nos critérios de valorização acadêmica destas atividades. Precisamos ser mais incisivos nestes aspectos.
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