quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Delineation of Diverse Macrophage Activation Programs in Response to Intracellular Parasites and Cytokines



Zhang S, Kim CC, Batra S, McKerrow JH, Loke P, 2010
PLoS Negl Trop Dis 4(3): e648.

ResearchBlogging.orgPost de Diego Moura Santos

Os macrófagos fornecem a primeira linha de defesa contra muitos microrganismos. Estas células possuem diferentes estados de ativação - denominados de clássico e alternativo - e um estado de desativação. A ativação clássica ocorre na presença do IFN-γ e TNF-α (citocinas Th1), ao passo que a alternativa se dá na presença da IL-4 e IL-13 (Th2). A desativação, por sua vez, ocorre pela ação da IL-10, TGF-β e pela fagocitose de células apoptóticas. Alguns trabalhos já demonstraram o perfil da expressão gênica em macrófagos após ativação com bactérias, citocinas e parasitas. Entretanto, não é fácil estabelecer uma relação comparativa entre os dados, devido a diferenças metodológicas. Neste trabalho, os autores compararam a expressão gênica em macrófagos derivados da medula óssea (Bone marrow-derived macrophages - BMMS) infectados por Leishmania mexicana, infectados por Trypanosoma cruzi, tratados com LPS ou e pelas citocinas IFN-γ, TNF-α, IFN-β, IL-4, IL-10 e IL-17. Depois foi comparada a expressão gênica em duas populações distintas de macrófagos (os derivados da medula óssea e os induzidos pelo tioglicolato).
Através da utilização da técnica de microarranjos, os autores demonstraram que os macrófagos infectados com L. mexicana apresentaram poucas mudanças na expressão gênica, em contraste com a infecção por T. cruzi, na qual foi induzido um número maior de genes. Dos 247 genes significativamente induzidos pelo LPS, apenas 19 foram também induzidos pelo T. cruzi e apenas 1 pela L. mexicana. Com relação à ontologia gênica, o tratamento com LPS induziu um perfil de genes mais relacionados com a resposta imune, enquanto os genes regulados pelos protozoários não apresentaram processos biológicos conhecidos. Estes resultados apontam que a entrada da L. mexicana é transcricionalmente silenciosa, sugerindo que o parasita pode inibir a sinalização celular ou transcrição na célula hospedeira. Neste trabalho, também foi realizada uma meta-análise comparando estes resultados com outros disponíveis na literatura, observando-se que todas as espécies de Leishmania analisadas produziram uma assinatura transcricional na célula hospedeira, caracterizada por um baixo número de genes regulados positivamente (n=28) e um alto número de genes regulados negativamente (n=440). Este resultado sugere que a habilidade de infectar células hospedeiras de forma “silenciosa” seja um fenômeno comum na espécie Leishmania. A comparação entre a transcrição gênica de macrófagos infectados com kinetoplastídeos e a de macrófagos tratados com citocinas (IFN-γ, IFN-β, TNF-α, IL-10, IL-4 e IL-17) apontou que a infecção por L. mexicana e T. cruzi assemelha-se a um perfil de expressão mais semelhante aos observados pelas citocinas IL-10, IL-4 e IL-17. Desta forma, sugere-se que a infecção por Kinetoplastídeos resulta em uma ativação alternativa no caso da infecção por T. cruzi, e desativação dos macrófagos no caso da infecção por L. mexicana. A indução da ativação alternativa dos macrófagos pelo T. cruzi está relacionado com a persistência do parasita [1]; este consegue evadir da resposta imune do hospedeiro através da indução alternativa do macrófago. No caso da infecção de macrófagos por L. mexicana, ocorre a desativação dos macrófagos pela IL-10, citocina esta que tem importante papel na patogênese da leishmaniose [2] e está relacionada com uma maior carga parasitária [3]. A explicação para a diferença na expressão gênica nos macrófagos infectados com estes parasitas é que os mesmos residem em diferentes compartimentos da célula. A Leishmania persiste no vacúolo celular, enquanto o T. cruzi deixa este compartimento e vai alojar-se no citoplasma do macrófago.
Depois de analisar a expressão gênica em BMMS infectados com T. cruzi e Leishmania, e tratados com citocinas, os autores avaliaram se diferentes macrófagos produzem diferentes respostas. Desta forma, macrófagos derivados da medula óssea (BMM) e macrófagos induzidos por tioglicolato (TM) foram estimulados com IFN-γ, IL-4 e TNF-α. Como resultado, o IFN-γ induziu 209 genes em ambos os macrófagos, sendo que 320 genes apenas em TM, e 223 em BMM. A IL-4 induziu apenas 5 genes nos dois macrófagos, sendo que 7 genes apenas em TM, e 104 genes em BMM. O TNF-α induziu 85 genes em ambos os macrófagos, sendo 122 genes apenas em TM e 135 genes em BMM. Estes resultados sugerem que os TMs são mais predispostos a ativação clássica, enquanto os BMMs são mais predispostos a ativação alternativa.
Em suma, o artigo faz, pela primeira vez, uma comparação global no perfil de expressão gênica de macrófagos tratados com diferentes citocinas e parasitas, saindo um pouco do comumente feito que é tratar as células e dosar a produção de citocinas. No final os autores comparam as diferentes respostas produzidas por diferentes macrófagos e sinalizam para a necessidade de compreender a biologia e a interação dos patógenos com diferentes tipos de macrófagos.

1. Stempin CC, Tanos TB, Coso OA, Cerban FM (2004) Arginase induction promotes Trypanosoma cruzi intracellular replication in Cruzipain-treated J774 cells through the activation of multiple signaling pathways. Eur J Immunol 34: 200-209.
2. Kane MM, Mosser DM (2001) The role of IL-10 in promoting disease progression in leishmaniasis. J Immunol 166: 1141-1147.
3. Verma S, Kumar R, Katara GK, Singh LC, Negi NS, et al. (2010) Quantification of parasite load in clinical samples of leishmaniasis patients: IL-10 level correlates with parasite load in visceral leishmaniasis. PLoS One 5: e10107.

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Zhang, S., Kim, C., Batra, S., McKerrow, J., & Loke, P. (2010). Delineation of Diverse Macrophage Activation Programs in Response to Intracellular Parasites and Cytokines PLoS Neglected Tropical Diseases, 4 (3) DOI: 10.1371/journal.pntd.0000648

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