terça-feira, 9 de novembro de 2010

Natália Machado: Células dendríticas em vacinas, no SBI2010

Post de Natália Machado
No segundo dia de congresso, a palestra do Ken Shortman intitulada “Enhancing the effectiveness of vaccines by targeting antigens to dendritic cells” foi, realmente, muito boa.
Enfatizando a importância do estagio de maturação das células dendriticas para a indução da resposta imune, Shortman ressaltou que células dendriticas imaturas induzem tolerância, enquanto aquelas maduras, imunidade.
Logo em seguida, ao afirmar que aqueles que não trabalham com células dendriticas podem não entender a caracterização dos subtipos destas células; aqueles que trabalham, tampouco compreendem bem esse tema, me deixou mais tranqüila. Na tentativa de esclarecer, Shortman citou a divisão entre células dendriticas steady-state convencionais e plasmocitoides, além das diferentes características entre elas. As primeiras são classificadas entre migratórias e residentes de tecidos linfóides. No caso das migratórias, a divisão é baseada no tecido periférico de origem: as de Langerhans epidérmicas e as da derme. Já as residentes de tecidos linfóides murinas podem ser classificadas de acordo com a expressão de CD8α. Por fim, as células dendriticas inflamatórias que surgem como conseqüência de infecção ou inflamação. 
Outro ponto da apresentação foram os diferentes marcadores de superfície entre células dendriticas murinas e humanas. As murinas maduras expressam CD11c, CD80, CD86, CD40 além de níveis moderados a altos de MHC-II. CD4 e CD8 também são expressos em células dendriticas murinas, além do CD11b e CD205. Um divisor na comparação entre células dendriticas murinas e humanas é a ausência do CD8α nas humanas.  No entanto, estas células expressam CD1a, CD11c, CD4, CD11blo, CD141 e MHC-IIhi.
Finalmente, Shortman relembra que células dendriticas já têm sido utilizadas clinicamente na imunoterapia do câncer. Neste sentido, as células dendriticas são geradas in vitro a partir de monócitos do paciente, carregadas com antígeno e injetadas de volta. Trata-se de uma célula dendritica inflamatória que induz uma resposta imune mais efetiva.
Uma questão importante neste sentido é a seleção da molécula de superfície que servira como alvo para a entrega do antígeno. Shortman cita exemplos como a Clec9A que é semelhante a uma lectina do tipo C seletivamente expressa em células dendriticas CD8+ e plasmocitoides. Usando anticorpos monoclonais contra Clec9A, eles induziram aumento na imunidade humoral e na proliferação de células T na ausência de adjuvantes. Novamente, ele relembra que células dendriticas “semi-maduras” são diferentes das completamente ativadas. Diante da não-ativação das células dendriticas CD8+ após a administração do anticorpo contra Cle9A, surge a pergunta sobre a necessidade de utilizar outras moléculas-alvo em conjunto com o objetivo de induzir a ativação das células dendriticas. 
Encerrando a palestra, Shortman cita outras lectinas do tipo C expressas em células dendriticas como a DC205 do tipo I e a Clec12A do tipo II.

4 comentários:

  1. O que eh uma celula dendritica? Cada vez mas acho que ninguem sabe bem o que eh.

    A onda agora eh definir as populacoes mieloides baseadas na funcao, ateh que possamos entender melhor a ontogenia.

    Abc

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  2. Ótimo post, Natália, mas tenho que concordar com o Bruno. Andei conversando com a Gwendolyn Randolph, que foi do grupo do Steinman e ela conseguiu me confundir, quando eu achava que tinha certeza do que estava falando. Nao que eu concorde, mas eu pergunto se as células descritas acimas também nao poderiam ser consideradas macrófagos. A quantidade de células CD11c+ obtidas de tecidos murinos é muito pequena, mas sempre há uma população CD11bhi (macrófagos?) e outra CD11blo (DCs?). E quanto a expressao de CD14? Ainda há muitas controvérsias e restam muitas dúvidas a serem esclarecidas. Se é que um dia isso virá a acontecer.

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  3. Sim, todos estes subtipos de células dendriticas podem representar diferentes estados de ativação de uma linhagem unica, mas podem ser resultados de linhagens ontogenéticas totalmente separadas.
    Fato é que ha uma mistura confusa destes modelos (até sabe la quando).

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  4. Esse problema de caracterizacao das celulas mieloides para mim eh um reflexo da negligencia relativa que estas celulas receberam em comparacao as celulas T e B. Os imunologistas linfocitaram dominaram por muito tempo, o suficiente para evoluirem bastante a caracterizacao funcional e fenotipica (se bem que ainda tem muito o que ser feito). A caracterizacao detalhada das celulas mieloides ainda eh um embriao.
    Abc

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