domingo, 28 de junho de 2009

Financiamento à pesquisa: Excesso de cautela?

Artigo de hoje do NYT (Playing It Safe in Cancer Research) comenta sobre o fato do sistema de financiamento favorecer as idéias que não mudam muito o que já se conhece.

Há muita coisa que nem precisava ser feita, como já comentamos aqui em outro tema:

“Among the recent research grants awarded by the National Cancer Institute is one for a study asking whether people who are especially responsive to good-tasting food have the most difficulty staying on a diet. Another study will assess a Web-based program that encourages families to choose more healthful foods.”

e outras que não avançam muito:

“... one project asks whether a laboratory discovery involving colon cancer also applies to breast cancer. But even if it does apply, there is no treatment yet that exploits it.”

O gasto não é pouco na pesquisa em cancer (o National Cancer Institute investiu USD 105 bilhões desde 1971 e a American Cancer Society USD 3,4 bilhões desde 1946), mas levou a pouca alteração da mortalidade nestes 40 anos.

Um fator limitante, segundo os cientistas ouvidos, é o próprio sistema de financiamento por projetos. O sistema teria se tornado um sistema de emprego, uma forma cômoda de manter o funcionamento dos laboratórios, através de pequenos financiamentos com pouca probabilidade de avançar na cura do cancer.

“These grants are not silly, but they are only likely to produce incremental progress,” said Dr. Robert C. Young, chancellor at Fox Chase Cancer Center in Philadelphia and chairman of the Board of Scientific Advisors, an independent group that makes recommendations to the cancer institute.”

O problema central é o fato que os projetos com maior chance de grande avanço representam um risco grande e o sistema é voltado para minimizar risco. “it has become lore among cancer researchers that some game-changing discoveries involved projects deemed too unlikely to succeed and were therefore denied federal grants,...”. Um exemplo é o HER-2 (que apresenta múltiplas cópias nas formas agressivas de cancer de mama) que levou ao desenvolvimento da herceptin (bloqueia HER-2). A proposta inicial foi negada pelo sistema federal. O financiamento foi feito pela Revlon, pela intervenção de paciente.

A mensagem importante, dada por Raynard S. Kington, diretor em exercício do National Institutes of Health, é que o sistema está voltado para remover as propostas muito ruins, mas que desincentiva as propostas realmente transformadoras.

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