Post originalmente publicado no endereço anterior doSciencia Totum em 14.fevereiro.2009. Devido a problema de acesso, reproduzo aqui para facilitar a sua citação em outro post.
No blog De Rerum Natura o filósofo Desidério Murcho colocou uma resposta muito interessante à defesa do uso da língua portuguesa feita por João Boavida no mesmoblog e divulgada no blog do LIMI-LIP em 09 de fevereiro. (Fiquei intrigado, será tudo gozação dos portugueses? Um Murcho contestando um Boavida?). Mesmo com esta preocupação, os textos me parecem bons. Vejam alguns trechos do Murcho:
“a defesa da Nossa Língua e da Nossa Cultura. E a questão fundamental que se coloca é por que haveria alguém de querer defender tal coisa; por ser Nossa?
... parece que estamos a falar de defender que não se deve matar pessoas; ... Mas matar uma cultura ou uma língua é outra coisa completamente diferente. ... As pessoas apenas deixam de usar uma dada língua e passam a usar outra; .... Imagine-se que a língua portuguesa já tinha morrido no séc. XVIII. Não teríamos Eça nem Saramago? Tolices. Claro que teríamos. Só que eles escreveriam e sentiriam as coisas noutra língua qualquer — o castelhano, por exemplo, o que seria bem melhor para eles. ....
O segundo aspecto é que muitas línguas são puras mentiras políticas, inventadas por políticos espertos que queriam dividir para conquistar. É o caso da língua portuguesa. Não é mais do que latim à toa, que depois foi trabalhosamente aperfeiçoado numa nova língua, ...
O importante, em suma, é olhar para as pessoas em vez de deixarmos de as ver porque estamos a olhar para abstracções. Perguntemo-nos o que é realmente importante para os nossos jovens estudantes. ... para eles é importante o mesmo que é importante para os jovens estudantes dinamarqueses, suecos ou israelitas: que a língua inglesa lhes seja tão própria quanto a língua portuguesa, porque isso será para eles o passaporte de acesso à maior bibliografia que o planeta já conheceu. ... E este facto é que conta. ... A única coisa má nisto é que hoje, porque não há a coragem política de fazer da língua inglesa a língua escolar oficial em Portugal e no Brasil, os alunos andam perdidos a ler tolices mal traduzidas, porque não dominam uma língua culta. E os que a dominam é porque ou são ricos e andaram nos melhores colégios, ou se esforçaram pessoalmente.”
Agora resta esperar para ver se o Boavida fica murcho ou contesta o Murcho à altura. Eu também penso que deveríamos iniciar o ensino de inglês seriamente mais cedo nas escolas.
UAU!
ResponderExcluirEssa discussão foi realmente fenomenal!
Eu sinto isto na pele aqui. Sinto o quanto fico para trás por não saber mais do mísero inglês que sei. E pago o preço nos meus textos mau escritos, e portanto medíocres. Pago ainda o preço de não ler na velocidade que gostaria, Na velocidade quei leio textos na minha língua nativa. Isso me priva de crescer mais e ser melhor.