quarta-feira, 27 de maio de 2009

"Ciência brasileira em novo patamar"

Após a notícia do aumento da produção científica brasileira medida pela Thomson Reuters, surgiram vários artigos tentando reduzir o impacto do anúncio.

Jaqueline Leta escreveu um artigo onde comenta a ampliação da base de revistas na Web of Science como fator para explicar o aumento da produção brasileira: “Em 2007, por uma série de questões, que incluíram uma intensa discussão e negociação de autoridades brasileiras e os responsáveis por esse banco de dados internacional, o número de periódicos latino-americanos nessa base cresceu enormemente..... No caso do Brasil, eram 27 periódicos nacionais indexados em 2007, número que cresceu para 64 em 2008, a maior parte dos quais estão catalogados no portal SciELO.”

Rogerio Meneghini foi mais longe no sue artigo na Folha: “Isso significa que cerca de 80% do aumento de artigos anunciado pelo ministro Haddad advieram de um setor em que o governo federal investe de forma absolutamente inexpressiva: R$ 10 milhões em 2008...”

Chamava a atenção a vontade reduzir a força do anúncio do Ministro Haddad e o papel federal no feito. Colocava-se certa sombra no aumento das revistas brasileiras na base da Web of Science, além de supervalorizar o Scielo (um excelente iniciativa, sem dúvida).

O Ministro Sérgio Rezende em 25/05 também escreveu na Folha de SP sobre o assunto, no artigo que dá título a este post.

“O fato de a nossa ciência ser tão recente é a principal razão para a surpresa da notícia de que o Brasil ultrapassou Rússia e Holanda no ranking de publicações científicas. Mas esse fato não teve comemoração unânime. Logo surgiram os céticos e críticos perscrutadores.

A primeira crítica é que a ciência brasileira não tem o impacto medido pelas citações na mesma proporção dos artigos publicados. Isso é verdade e decorre, dentre outras razões, da pouca tradição de nossa ciência.

Outra crítica, mais forte, foi a descoberta de que o grande aumento da produção de um ano para outro decorreu da ampliação da base da Reuters. O número de revistas brasileiras indexadas passou de 63, em 2007, para 103, em 2008.

No entanto, a Reuters também aumentou a base das revistas indexadas de todos os países, principalmente daqueles fora do núcleo de longa tradição científica. Em todo o mundo, a base passou de 9.000 para mais de 10 mil, e o número total de artigos indexados cresceu de 960 mil, em 2007, para 1,4 milhão, em 2008 -um salto de 49%.

O aumento do número de artigos do Brasil, proporcionalmente maior que o do restante do mundo, vem consolidar uma tendência das três últimas décadas. A contribuição do país na produção mundial, que em 1981 era de 0,44%, hoje é de 2,12%.”


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