Completar-se-ão amanhã (29 de maio) 90 anos de um experimento fundamental para comprovação da Teoria da Relatividade. Sobral, interior do Ceará, teve um protagonismo mundial.
Veja o artigo de Yanna Guimarães no O Povo: “Era quase meio-dia de uma quinta-feira que parecia ser mais um dia normal. Em Sobral, os 6 mil habitantes faziam suas tarefas corriqueiras. Até que, em pouco mais de uma hora, o sol forte ficou encoberto pela lua e o dia se transformou em noite por cinco minutos. Naquele 29 de maio de 1919, centenas de pessoas correram para as igrejas. Muitas mulheres começaram a bater panelas para espantar os maus espíritos. As grávidas se esconderam com medo de que alguma maldição caísse sobre seus filhos. Parecia o fim do mundo. Aquele 29 de maio ficou marcado para sempre na história da ciência e na história de Sobral, do Ceará e do Brasil.
Enquanto a maioria das pessoas se apavorou com o ocorrido, um grupo de astrofísicos registrava a comprovação de uma das mais brilhantes descobertas de todos os tempos: a Teoria da Relatividade Geral, do alemão Albert Einstein (1879-1955). Mas como isso foi possível? “O que o Einstein previu na teoria é que, se um raio de luz passar perto de um campo gravitacional muito forte, sofrerá uma curvatura. Será atraído. ... E o que isso tem a ver com o eclipse de Sobral? Uma das previsões da Teoria da Relatividade Geral era que a luz de uma estrela, ao passar perto de uma grande massa como o sol, seria desviada. Einstein não só previu esse fenômeno, mas também o valor do ângulo de desvio.
De acordo com o físico José Evangelista Moreira, professor aposentado da Universidade Federal do Ceará (UFC), que trabalha em divulgação científica na Seara da Ciência, na época não havia nenhuma maneira de ver isso a não ser durante um eclipse. “A lua cobre o disco solar e fica escuro. Então você pode ver as estrelas na presença do sol”. Dessa forma, era necessário registrar a posição das estrelas no período da noite e compará-la com a posição das estrelas durante o eclipse, com a presença do sol. “Se tiver uma estrela próximo ao sol, que vai ser visível durante o eclipse, você pode constatar se a luz dela se desviou um pouco e medir esse desvio”.
Duas expedições lideradas pelo astrônomo inglês Arthur Eddington - na Ilha Príncipe (África), para onde ele foi, e em Sobral - foram realizadas para comprovar a teoria de Einstein. Nos dois casos, foi conformado que o cientista alemão estava certo. Aqui no Ceará, as condições de visibilidade foram maiores. Por isso, o próprio Einstein afirmou que “a questão que minha mente formulou foi respondida pelo radiante céu do Brasil”. Como forma de celebrar esse marco da ciência, o Acordo Internacional de Cooperação Científica será assinado nesta semana durante a Conferência Internacional o sol, as estrelas, o universo e a Relatividade Geral”, em Fortaleza. Para quem quiser saber mais, o evento será aberto ao público.
Veja um relato muito interessante: Testing relativity from the 1919 eclipse— a question of bias.
Para voltar ao título. Einstein não esteve em Sobral, mas Sobral está em Einstein.
Ilustração do artigo Testing relativity from the 1919 eclipse— a question of bias
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