quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Dextrâmeros para detecção de células CD4+ antígeno-específicas por citometria de fluxo




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Post de Theolis Bessa



No final da década de 90 foram desenvolvidos protocolos para a avaliação de múltiplos parâmetros (marcadores fenotípicos e de ativação celular, produção intracelular de citocinas ou expressão de fatores de transcrição, entre outros) em células T antígeno-específicas restritas ao complexo principal de histocompatibilidade (MHC) [1]. Esta tecnologia é de grande utilidade para o estudo das respostas imunes a epítopos conhecidos, seja em modelos experimentais diversos, seja em testes de vacinas recombinantes. São utilizadas moléculas do MHC associadas em quartetos (tetrâmeros), ligadas a peptídeos marcados com streptavidina conjugada a moléculas fluorescentes: as células antígeno-específicas reconhecem o peptídeo ligado ao complexo MHC:antígeno e podem desta forma ser distinguidas dos demais clones de células T.

Uma limitação desta tecnologia reside no fato de que o reconhecimento das células antígeno-específicas limita-se às ligações de mais alta avidez ao complexo MHC:antígeno, tipicamente observadas preferencialmente para células T CD8+ (há uma dependência da ligação destes tetrâmeros tanto ao TCR como à molécula correceptora CD8) [2]. Tem-se obtido sucesso com tetrâmeros de moléculas de MHC II para a detecção de células T CD4+ com elevada expressão de CD4 e CD25 [3]. Este artigo interessante de Massilamany e cols. [3] utiliza uma nova tecnologia para detecção de células antígeno-específicas por citometria de fluxo: os dextrâmeros. Nessa abordagem, monômeros de MHC biotinilados são acoplados a moléculas de dextran conjugadas à streptavidina e a fluorocromos. Assim, pode-se obter associação de múltiplas moléculas de MHC à mesma partícula de dextran, o que resulta em 1) maior especificidade e sensibilidade para a ligação ao TCR de células com baixa avidez, já que ocorre engajamento de múltiplos TCRs, 2) capacidade de reconhecimento de células não estimuladas, 3) menor tempo de marcação, 4) menor quantidade necessária de monômeros MHC:peptídeo e 5) maior intensidade do sinal detectado pelo citômetro, permitindo melhor distinção em relação às demais células. Os autores demonstram as vantagens desta tecnologia utilizando como modelo a detecção de clones de células T CD4+ autorreativas em camundongos induzidos à encefalite autoimune experimental (EAE).

Apesar das vantagens descritas, ressalta-se que a detecção de células autorreativas foi de pouco menos de 5% em culturas de células do linfonodo restimuladas in vitro com o peptídeo específico, enfatizando-se a necessidade do uso de controles apropriados. Também foram detectadas células antígeno-específicas entre as observadas como dextran negativas, o que indica que nem todas as células alvo são marcadas pelas partículas (o que também ocorre com os tetrâmeros).

Referências:
[1] C.M. Constantin, E.E. Bonney, J.D. Altman, O.L. Strickland, Major histocompatibility complex (MHC) tetramer technology: an evaluation, Biol Res Nurs. 4 (2002) 115-127.
[2] B. Laugel, H.A. van den Berg, E. Gostick, D.K. Cole, L. Wooldridge, J. Boulter, et al., Different T cell receptor affinity thresholds and CD8 coreceptor dependence govern cytotoxic T lymphocyte activation and tetramer binding properties, J. Biol. Chem. 282 (2007) 23799-23810.
[3] Massilamany, C., Upadhyaya, B., Gangaplara, A., Kuszynski, C., & Reddy, J. (2011). Detection of autoreactive CD4 T cells using major histocompatibility complex class II dextramers BMC Immunology, 12 (1) DOI: 10.1186/1471-2172-12-40

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