terça-feira, 2 de agosto de 2011

Importance of worldwide asymptomatic carriers of Leishmania infantum (L.chagasi) in human.

Post de Kiyoshi Ferreira Fukutani (LIP-CPqGM/FIOCRUZ)

ResearchBlogging.org

Segue a sugestão de leitura da revisão de Grégory Michel sobre a Leishmaniose visceral assintomática em humanos. O primeiro aspecto a ser discutido no texto é a forma clínica que a leishmaniose visceral pode assumir: uma forma clínica caracterizada por ser sintomática “com diversos sintomas”, uma forma subclínica cujos sintomas são discretos e a forma assintomática que não possui nenhum tipo de sintomatologia.
Inicialmente a forma assintomática foi descrita na Itália por Pampiglione em 1975 e foi confirmada por Badaró em 1981 no Brasil. Estudos populacionais posteriores demonstraram a existência de uma grande parcela de pessoas assintomáticas residentes nas diversas áreas endêmicas do globo. Com esses estudos diversos questionamentos começaram a surgir: sobre os métodos de detecção utilizados, a transmissão por doadores de sangue, fatores de risco existentes, possíveis reservatórios humanos e a resposta imune dessas pessoas assintomáticas.
Os métodos de detecção mais utilizados para a Leishmaniose visceral assintomática são: ELISA, teste de Montenegro, IFAT e DAT, porem estes métodos são considerados indiretos, pois não buscam o parasito em si, mas o anticorpo produzido em resposta a esta infecção. Com o estudo de La Llave em 2011, o PCR passou a ser considerado um método direto, pois o mesmo autor demonstra que o DNA de Leishmania é rapidamente degradado quando a mesma se encontra morta, demonstrando assim que um PCR positivo pode identificar a presença deste parasita vivo.
Sobre os estudos com a população assintomática, existem 14 trabalhos nacionais abrangendo as regiões (nordeste, centro-oeste, Sudeste e norte), mais alguns trabalhos na Europa, Ásia e oriente médio. A grande maioria dos trabalhos utilizou técnicas indiretas e somente um trabalho nacional utilizou a metodologia molecular do PCR. Em todos os trabalhos a soropositividade para leishmania na população assintomática apresentou uma variação enorme de 0,7 a 36%, sendo 9% no Rio Grande do Norte, único dado referente ao Brasil.
Apesar desta forte freqüência do anticorpo anti-leishmania, a comprovação do assintomático como reservatório e possível transmissor ainda não está muito bem elucidada, pois existem dificuldades técnicas atuais em se medir a carga parasitária destes assintomáticos, que possuem uma baixa quantidade de parasitos (cerca de 0-0,2 parasitas quantificados por PCR em tempo real no trabalho de Mary et al., em 2004).
Aproveitando a oportunidade para comentar sobre o trabalho desenvolvido no LIP, com a população doadora de sangue na Bahia. Por meio do método indireto de ELISA utilizando o SLA (Antígeno solúvel de Leishmania) conseguimos encontrar uma proporção de indivíduos soropositivos na nossa localidade e, assim como outros autores, não conseguimos quantificar a carga parasitária por PCR em tempo real. Provavelmente devido a baixa quantidade de parasitas circulantes no sangue. Percebemos também que a amplificação por PCR qualitativo é influenciada diretamente pelo número de cópias da região a ser amplificada, sendo a escolha de um gene um fator importante para a detecção do parasito.




Michel G, Pomares C, Ferrua B, & Marty P (2011). Importance of worldwide asymptomatic carriers of Leishmania infantum (L. chagasi) in human. Acta tropica, 119 (2-3), 69-75 PMID: 21679680

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