A Mycobacterium tuberculosis infecta via inalação e reside em diversos fagócitos no pulmão onde usa diferentes estratégias tais como evitar a maturação do fagossomo e subverter as rotas de morte celular para poder sobreviver e replicar. A imunidade efetiva contra M. tuberculosis requer uma resposta Th1 CD4+ e linfócitos T CD8+. O pico de proliferação de células T ocorre 4 dias após a infecção, porém o combate das células CD4+ contra M. tuberculosis é retardado até 10-12 dias após a infecção por vias aéreas, dando tempo para a bactéria expandir-se.
Foi mostrado que os neutrófilos contribuem para a proteção inata contra a micobactéria. Entretanto, evidências que os PMNs exercem papel importante na modulação da imunidade adaptativa durante a infecção por M. tuberculosis não foram reportadas. Contudo, já foi observado que o pico do número de PMNs infectados precede ao pico do número de DCs infectadas. Como as DCs são importantes para ativar células T e, aparecem posteriormente aos neutrófilos, o objetivo deste trabalho é caracterizar o papel dos neutrófilos na iniciação da resposta imune adaptativa à M. tuberculosis.
Inicialmente, os PMNs foram depletados de camundongos C57BL/6 mas não houve redução da carga parasitária com 14 a 21 dias após a infecção. Além disso, houve um aumento do número de DCs, MØs e monócitos recrutados. Entretanto, a depleção de PMNs resultou na diminuição das células T CD69+ e na sua proliferação. Além disso, a ausência de PMN atrasou a migração de mDCs para o LN. Ao avaliarem a ativação de células T CD4+, não foi observada diferença quanto à secreção de IFN-g. Este resultado indica que a obtenção de antígenos de M. tuberculosis pelas DCs, através dos PMNs infectados, é tão eficiente quanto na infecção direta das DCs. Já que foi observado que a ausência de PMNs retarda a migração de DCs, a capacidade migratória das DCs foi investigada. Observou-se uma menor migração de DCs em resposta à quimiocina CCL19 e menor expressão de CCR7 (receptor de quimiocina) nas DCs diretamente infectadas do que nas DCs que continham PMNs infectados.
Neste trabalho pode-se concluir que PMNs infectados por M. tuberculosis liberam quimiocinas, que induzem aumento da expressão de CCR7 nas DCs, tornando-se aptas para migrarem para o LN, onde apresentam antígenos para células T, que são ativadas e passam a secretar IFN-g, citocina importante para o controle da infecção. Ou seja, neutrófilos contribuem para inicial ativação antígeno-específica de células T CD4+ pela cooperação com DCs no pulmão.
Blomgran R, & Ernst JD (2011). Lung neutrophils facilitate activation of naive antigen-specific CD4+ T cells during Mycobacterium tuberculosis infection. Journal of immunology (Baltimore, Md. : 1950), 186 (12), 7110-9 PMID: 21555529
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