Esperança contra a multirresistência
Projeto Fundo Global TB - Brasil
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O primeiro medicamento (TMC207) demonstrou potencial para inibir o crescimento de cepas sensíveis e multirresistentes e, já em estudo pré-clínico, que sua associação ao esquema atual para MDR-TB é mais eficaz. O segundo (PA 824) mostrou eficácia bactericida nas fases intensiva e de continuação, além de limpeza bacilar mais rápida quando associado aos medicamentos MOXI e PZA.
Brasil poderá ser pioneiroPor ter sido sítio para ensaios clínicos de alguns dos novos fármacos, o Brasil poderá ser um dos primeiros países a recebê-los sob a forma de compassionate use (uso compassionado), termo em inglês que define o fornecimento de terapia experimental para uso em humanos antes da aprovação final do FDA. Um procedimento geralmente utilizado em grupos de indivíduos muito doentes ou que não têm outras opções de tratamento. Segundo Margareth Dalcolmo, o fato de termos normas nacionalmente adotadas, com provimento governamental e universal de medicamentos, aliado a não termos conflito entre medicina pública e privada, reforça esta possibilidade. “Mas qualquer decisão sobre o uso de novos fármacos passará necessariamente pela aprovação do Comitê Nacional Assessor do Ministério da Saúde,
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Em junho, a chefe do Centro de Referência Professor Hélio Fraga representou o Brasil no encontro promovido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em parceria com o Stop TB Partnership que reuniu, em Genebra, cerca de 30 dos mais renomados especialistas de todo o mundo para reformular as recomendações terapêuticas para tuberculose, estabelecer critérios para guiar os países na introdução e no uso dos novos fármacos e regimes de tratamento para as formas sensíveis e resistentes de tuberculose, além de rever as atuais recomendações para o tratamento de formas resistentes da doença. Segundo ela, as novas recomendações são para garantir o uso racional desses novos fármacos, evitando-se seu uso comercial, e prevenir a resistência a eles, decorrente de seu uso em esquemas de associação inadequada. "Para as formas multirresistentes, a situação é bem mais complexa e o uso destes novos fármacos tem que ser muito controlado. Mas isso depende da padronização do tratamento e sua regulamentação por órgãos oficias de cada país, de programas bem estruturados e do consenso entre medicina privada, pública e academia, o que não ocorre em alguns países de alta carga de TB-MDR, como a Índia e o Paquistão", alerta.
Com um regime de associação bactericida mais eficiente e a possível redução no tempo de tratamento, a expectativa é que as novas drogas permitam conter o avanço da TB-MDR (sigla em inglês para Multi-Drug-Resistant), essa grave forma da doença, que representa 2% de todos os casos no mundo, o equivalente à 500 mil casos novos ao ano, e igualmente responsável pela alta morbidade e mortalidade de formas resistentes da doença.
A tuberculose MDR não responde aos medicamentos usados no tratamento convencional da doença, exigindo drogas mais caras, mais tóxicas e por um período muito mais longo (18 meses, em vez dos usuais seis meses).
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O processo de aprovação
A avaliação de novos fármacos em humanos é feita através de ensaios clínicos em até quatro fases. Na primeira, avalia-se a segurança e o perfil farmacocinético e farmacodinâmico do medicamento. Na segunda, avalia-se a eficácia e a segurança a curto prazo. No caso da tuberculose, nesta fase leva-se em consideração a capacidade do medicamento esterilizar a lesão (atividade bactericida precoce) e compara o esquema contendo o novo medicamento (braço experimental) com o esquema atual (braço controle). Na terceira fase, avalia-se a eficácia e segurança a longo prazo e o valor terapêutico absoluto e relativo do medicamento em variado grupo de pacientes. Por fim, realiza-se o chamado “estudo de farmacovigilância” ou “vigilância pós-comercialização” que acompanha
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Todo país tem um órgão encarregado de analisar os prós e os contras de cada remédio. No Brasil, é a Divisão de Medicamentos (Dimed) da Vigilância Sanitária, ligada ao Ministério da Saúde. Nos Estados Unidos, é o Food and Drug Administration (FDA).
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