terça-feira, 12 de abril de 2011

Malária e a memória imunológica

ResearchBlogging.orgPost de Vitor R.R. de Mendonça

Em fevereiro deste ano foi publicado pela Plos Pathogens um manuscrito denominado “Short-lived IFN-γ Effector Responses, but Long-Lived IL-10 Memory Responses, to Malaria in an Area of Low Malaria Endemicity”. Este artigo discorre sobre a formação e duração de uma resposta imune celular de memória TCD4+ do indivíduo ao plasmódio. O desenvolvimento de imunidade contra a malária é lenta e ,muitas vezes, incompleta, ainda mais na ausência de reinfecções. Portanto, o conhecimento do desenvolvimento e manutenção de células TCD4+ de memória é indispensável para o criação de vacinas efetivas.
No estudo supracitado, foram selecionados indivíduos morando em uma área de baixa transmissão da malária no nordeste da Tailândia e que tinham um caso documentado da doença nos últimos seis anos, independente da espécie do parasita. Ao estimular os PBMC desses indivíduos com o PfSE (Pf schizont extract), não se percebeu nenhuma diferença na porcentagem de CD45RO+ (células T CD4+ de memória) em relação àqueles sem história de malária. Contudo, diferenças significativas foram encontradas ao avaliar a produção de IFN-γ e IL-10. 
Após 24 horas do estímulo, os níveis de IFN-γ foram mais proeminentes nos indivíduos expostos à malária. No que se refere ao IL-10, apenas no sexto dia após o estímulo (indicativo de uma resposta de memória central) se notou maiores níveis desta  interleucina naqueles pacientes expostos ao parasita. Até então os resultados desse trabalho não passavam do já esperado e descrito na literatura. O grande “tchan” do artigo foi estimar a meia-vida dessa resposta imune.  O número de células T de memória produtoras de IFN-γ diminuiu significativamente nos 12 meses do estudo e ,sabendo o período da última infecção documentada, estimou-se a meia-vida da resposta IFN-γ em 3.3 anos. Enquanto que a resposta IL-10 foi mantida por muitos anos desde o último episódio da infecção, sem diminuição significativa em pelo menos 6 anos. 
Apesar das limitações deste estudo - follow-up de apenas 12 meses, n pequeno, somente dois mediadores imunológicos avaliados, etc - Wipasa et al conseguiram trazer novos insights sobre a memória imunológia na infecção pelo plasmódio que poderão ser úteis para entender a imunoepidemiologia da malária e auxiliar no desenvolvimento de vacinas.
Wipasa J, Okell L, Sakkhachornphop S, Suphavilai C, Chawansuntati K, Liewsaree W, Hafalla JC, & Riley EM (2011). Short-lived IFN-γ effector responses, but long-lived IL-10 memory responses, to malaria in an area of low malaria endemicity. PLoS pathogens, 7 (2) PMID: 21347351

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