Relatos de falha clínica dos tratamentos convencionais para leishmaniose vêm aumentando gradativamente. No Estado de Bihar, Índia, já foi demonstrada uma elevada falha terapêutica com o uso de Antimonais Pentavelentes. Outras limitações ao tratamento são: elevada toxicidade, alto custo, falta de prática na administração parenteral e a necessidade de câmaras frias para armazenamento das drogas. Os custos para desenvolvimento de novas drogas são elevados e o retorno financeiro é baixo, por tratar-se de doença negligenciada. Diante do acima exposto, a busca de tratamentos alternativos como a co-administração de drogas e novas formas de “delivery” estão sendo testadas.
A terapia multidrogas melhora a eficácia dos medicamentos, reduz a dosagem, levando a uma diminuição da toxicidade e ao surgimento de parasitas resistentes. Desta forma, Seifert e colaboradores [1] avaliaram a interação in vitro do Sitamaquina com Anfotericina B, Estibogluconato de Sódio, Miltefosina, Paramomicina e Pentamidina contra a L. donovani. Eles observaram interação somente entre a Sitamaquina e a Pentamidina, que apresentaram efeito sinérgico, ou seja, seus efeitos benéficos aumentaram quando foram co-administradas. É importante salientar que este resultado não é um indicador de interação in vivo, e seria necessário avaliar a toxicidade da combinação, já que esta é uma das complicações do uso de Pentamidina como tratamento.
O encapsulamento da Anfotericina B em lipossomas diminuiu significativamente a toxicidade e melhorou a eficácia da droga no tratamento da leishmaniose, com esquema de dose única. Entretanto, o seu preço é proibitivo (US$ 18/50 mg, negociado pela OMS). Um fator que contribui para o elevado custo é o uso do colesterol (matéria-prima do lipossoma), que é purificado de fonte animal, sendo assim necessário o tratamento deste para evitar contaminações por vírus e príons. Com o objetivo de desenvolver um sistema alternativo com preço reduzido em relação aos lipossomas, Prajapati e colaboradores [2] utilizaram nanotubos de carbono. Esta nova forma de “delivery” diminuiu a toxicidade da droga comparado com a Anfotericina Lipossomal, além de ter aumentado a janela terapêutica e melhorado sua eficácia. A Anfotericina-nanotubo inibiu significativamente a replicação do parasita em hamsters comparada à Anfotericina Lipossomal (89,85% e 68,87%, respectivamente). O próximo passo deste grupo é explorar a via de administração oral, já que a falta de pratica na administração parenteral é um empecilho ao tratamento em áreas pobres. Com este mesmo objetivo, Iman e colaboradores [3] avaliaram o uso de um esterol derivado de fonte vegetal como substituto do colesterol para produção da Anfotericina lipossomal. Desta forma, 32 formulações da Anfotericina lipossomal foram desenvolvidas e comparadas com as drogas de referências – Ambisome® e Fungizone®. Das 32 formulações iniciais, os autores chegaram a uma formulação que apresentou atividade anti-fúngica e leishmanicida similar às drogas de referência e menor toxicidade aguda; entretanto, sua máxima dose tolerada foi 2,3 vezes menor comparado com a droga Ambisome® e 30 vezes maior comparada com Fungizone®. Novos estudos em modelos experimentais são necessários para avaliar o potencial terapêutico desta nova formulação in vivo, pois esta apresenta um menor custo de produção, possibilitando um menor preço final da droga.
1. Seifert K, Munday J, Syeda T, & Croft SL (2011). In vitro interactions between sitamaquine and amphotericin B, sodium stibogluconate, miltefosine, paromomycin and pentamidine against Leishmania donovani. The Journal of antimicrobial chemotherapy, 66 (4), 850-4 PMID: 21393188
2. Prajapati VK, Awasthi K, Gautam S, Yadav TP, Rai M, Srivastava ON, & Sundar S (2011). Targeted killing of Leishmania donovani in vivo and in vitro with amphotericin B attached to functionalized carbon nanotubes. The Journal of antimicrobial chemotherapy, 66 (4), 874-9 PMID: 21393222
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