quarta-feira, 6 de abril de 2011

Novas tecnologias para o tratamento da leishmaniose - Parte 2

Post de Fabiana Celes (LIP/CPqGM-FIOCRUZ)

ResearchBlogging.org

A resposta imune contra antígenos de Leishmania não é suficiente para gerar uma resposta protetora contra este patógeno. Por essa razão, tem-se buscado potencializar estes antígenos com o uso de adjuvantes e sistemas de “delivery”. O principal efeito desses potencializadores é proporcionar uma maior interação do antígeno com as células apresentadoras de antígeno (APCs) e células dendríticas (CDs).

Micro e nanoesferas de PLGA (D,L-lactic-co-glycolic acid) estão relacionadas com o desenvolvimento de resposta imune Th1 e constituem um sistema promissor para delivery de proteínas, peptídeos e vacinas de DNA. Já os adjuvantes, como Saponinas Quillaja estão relacionadas com a indução de resposta Th1, CD8+, com produção de IgG1 e IgG2a.

Um estudo realizado por Tafaghodi e colaboradores (2010) avaliou a ação de nanoesferas de PGLA encapsuladas com Leishmania major autoclavada (LMA) e adjuvante saponina Quillaja na imunização contra leishmaniose. Os pesquisadores verificaram que o progresso da lesão induzida por L. major foi significativamente (p<0,001) a do grupo LMA. A saponina Quillaja foi capaz de induzir a produção de títulos elevados de IgG1 e IgG2a, entretanto não houve diferença estatística com relação ao grupo LMA. Já a produção de IL4 e INFg foi superior (p<0,001) a encontrada no grupo LMA. Estes dados sugerem que as nanoesferas PGLA usadas como sistema de delivery estão associadas a uma resposta Th1, enquanto as saponinas Quillaja deflagram uma resposta mista do tipo Th1/Th2.

Além do uso de moléculas adjuvantes, tem sido estudadas outras alternativas para a produção de vacinas. Um exemplo é a imunização com macrófagos tratados com terapia fotodinâmica (PDT). Estudos desenvolvidos por Akilov e colaboradores (2011) analisaram se a apoptose induzida por PDT poderia aumentar o número de células T regulatórias (Treg), limitando o dano tecidual na infecção por leishmania. Eles verificaram que os camundongos que receberam macrófagos apoptóticos (induzido por PDT) apresentaram menor carga parasitária e maior produção de células Treg que os animais vacinados com macrófagos necróticos ou mantidos em PBS. O grupo submetido a PDT apresentou supressão significativa das citocinas IL4 e IL6 e aumento de IL 10. Os dados deste trabalho demonstram que macrófagos apoptóticos tratados com PDT tem efeito protetor num modelo murino de leishmaniose cutânea.



Tafaghodi M, Eskandari M, Kharazizadeh M, Khamesipour A, & Jaafari MR (2010). Immunization against leishmaniasis by PLGA nanospheres loaded with an experimental autoclaved Leishmania major (ALM) and Quillaja saponins. Tropical biomedicine, 27 (3), 639-50 PMID: 21399606


Akilov OE, Wu MX, Jin Y, Zhou Z, Geskin LJ, Falo LD, & Hasan T (2011). Vaccination with photodynamic therapy-treated macrophages induces highly suppressive T-regulatory cells. Photodermatology, photoimmunology & photomedicine, 27 (2), 97-107 PMID: 21392113

Um comentário:

  1. Assunto interessante trazido por Fabiana e Diego,
    o que voces acham da possibilidade de aplicação destas abordagens no homem?
    quais as limitações ou cuidados?

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