quinta-feira, 15 de abril de 2010

Correlação entre a presença de ácido siálico na superfície de Leishmania sp. e a resistência a óxido nítrico


ResearchBlogging.org
Post de Edson Holanda Teixeira
Recente publicação sugere correlação entre a presença de ácido siálico (Neu5,9Ac2) na superfície de Leishmania sp. e a resistência a óxido nítrico.
Na edição de maio do periódico Glicobiology foi publicado o artigo: Sialic acids in different Leishmania sp.,its correlation with nitric oxide resistance and host responses May; 20(5):553-66. Fator de Impacto 2008: 4,446. Os autores identificaram e caracterizaram ácido siálico em seis espécies diferentes de leishmania sp. e realizaram experimentos para tentar correlacionar esse achado com a resistência a resposta imunológica ao parasita.
O Ácido Siálico é um termo genérico para denominar carboidratos derivados de N- ou O- substituições no ácido neuramínico, um monossacarídeo de 9 carbonos. O número de publicações envolvendo esse grupo de carboidratos vem aumentando nas últimas décadas (Figura abaixo/Fonte Web of Science/ palavra chave “Sialic Acid”) decorrente da versatilidade dessas moléculas e do grande número de funções descritas até o momento, dentre elas mediação na adesão célula-célula, mediação na comunicação intercelular, receptores para bactérias e vírus, etc.


Os autores do trabalho verificaram que as promastigotas que continham “altas” concentrações de 9-O-AcSA (Neu5,9Ac2) (K27,JISH118,L280,MON29) apresentavam maior viabilidade após a exposição a NaNO2 sugerindo correlação entre a presença desse ácido siálico e a resistência ao NO, um importante mecanismo de escape da Resposta Imune Celular (Figura 4 do Artigo).
Além disso, os autores verificaram que em culturas de macrófagos as espécies de leishmania que possuíam o Neu5,9Ac2 em sua superfície persistiam no interior dessas células escapando da resposta imunológica de forma mais eficiente. (Figura 5 do Artigo)
Como se não fosse o bastante essas leishmanias “turbinadas” com Neu5,9Ac2 regularam negativamente a produção de NO,IL-12 e INF gama em macrófagos. (Figura 6 do artigo)
Segue ainda no artigo uma boa disscussão a respeito da função dessas moléculas. Como lectinólogo de carteirinha já fico tentando imaginar o receptor e qual a via utlizada por essa carboidrato para fazer tamanho “estrago”. Boa sugestão de leitura para aqueles que querem se atualizar em relação a carboidratos de membrana e resposta imune a leishmaniose.

Prof. Edson Holanda Teixeira
Universidade Federal do Ceará
NUBIS/LIBS Laboratório de Imunologia e Bioquímica de Sobral

Ilustração: Figura 4 do artigo comentado.

Ghoshal, A., Gerwig, G., Kamerling, J., & Mandal, C. (2010). Sialic acids in different Leishmania sp., its correlation with nitric oxide resistance and host responses Glycobiology, 20 (5), 553-566 DOI: 10.1093/glycob/cwp207

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