A ciência desempenha um papel fundamental no desenvolvimento econômico e social. Por causa disto, as nações mais desenvolvidas investem uma percentagem entre 2 a 3% do seu Produto Interno Bruno (PIB) em ciência. Mais ainda, os países desenvolvidos sabem que a liderança científica é fundamental para manter liderança econômica mundial (sem mencionar toda a pesquisa desenvolvida com finalidade bélica). Vários documentos nos últimos anos, publicados por fontes estadunidenses, têm salientado o declínio do sistema educacional americano e discutido o seu reflexo sobre a pesquisa científica.
Como avaliar a importância dada pelos diversos países à ciência? Não cabe muita discussão, assim como em outros campos, o envolvimento é avaliado pela fatia do orçamento dedicada ao tema. Um trabalho recente “The United States of America and Scientific Research” (PLoS ONE 5(8): e12203. doi:10.1371/journal.pone.0012203) comparou, nos últimos 60 anos, os gastos do governo federal dos EEUU em pesquisa científica com o PIB e com os gastos realizados pela indústria.
O governo federal dos EEUU investiu 02 a 0,6% do PIB durante o período de 60 anos. A partir dos anos 1960, o gasto do governo federal, que era o dobro do que investia a indústria, caiu e os dois setores investem quantias semelhantes.
O investimento dos EEUU em ciência ao longo dos últimos 60 anos tem dois picos importantes, nos anos 1960 e outro no inícios dos 2000, como mostrado na figura acima do post (Fig. 3A do artigo). O primeiro se deve ao aumento dos recursos para a NASA e o segundo para o NIH (figura no corpo do texto).
Para comparar o desempenho estadunidense em relação à Comunidade Europeia e à China foram usados dados de quatro indicadores de atividade de pesquisa: financiamento de pesquisa e desenvolvimento (P&D); número de doutores em ciências e engenharias; patentes; e publicações científicas.
O gasto dos EEUU e da Comunidade Europeia é maior que o gasto da China, contudo a taxa de crescimento do financiamento chinês é bastante maior que dos EEUU ou da Comunidade Européia.
A Comunidade Europeia forma mais doutores em ciências e engenharia e tem mais publicações científicas que os EEUU em termos absolutos (embora não per capita).
O trabalho é bastante voltado para os formuladores de políticas públicas americanas e os autores salientam que a principais questões levantadas pelo seu artigo:
- Em relação à globalização da ciência, qual o papel internacional atual dos EEUU e qual o seu papel futuro?
- Como os EEUU continuarão a estimular a sua liderança na habilidade de produzir inovações benéficas para a sociedade?
Se os EEUU se preocupam com a manutenção da liderança científica, nós, mais ainda, devemos cuidar para manter a trajetória ascendente de produção científica, formação de pessoal e investimento em C&T. O nosso caminho, sem aspirar a liderança, é bastante longo.
Hather, G., Haynes, W., Higdon, R., Kolker, N., Stewart, E., Arzberger, P., Chain, P., Field, D., Franza, B., Lin, B., Meyer, F., Ozdemir, V., Smith, C., van Belle, G., Wooley, J., & Kolker, E. (2010). The United States of America and Scientific Research PLoS ONE, 5 (8) DOI: 10.1371/journal.pone.0012203
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