Você recebe para julgar um projeto com a seguinte situação:
Receita simples: você deseja construir um malha ferroviária em torno de uma grande cidade. Numa superfície úmida, coloque grãos de aveia em cada uma das cidades da área a ser coberta pelas ferrovias. Depois coloque o fungo Physarum polycephalum na área correspondente à cidade que será o centro da rede. Permita que o fungo cresça. O fungo deverá formar uma rede que indicará a forma mais confiável e mais eficiente em termos de custo.
Alternativas:
Você não recomenda o financiamento e passa para a próxima proposta;
Você pensa que houve um engano com algum material para uma feira de ciências numa escola próxima;
Você acha que está com fadiga e por isto não consegue entender a proposta;
Você começa a pensar como encaminhar o proponente para o psiquiatra.
Nem sei como foi o processo para aprovar tal projeto, mas o estudo foi feito por cientistas japoneses e britânicos.
Imagine onde eles publicaram o resultado? Journal of Irreproducible Results?
Errou
Publicaram na Science: Rules for Biologically Inspired Adaptive Network Design (Science 2010,
DOI: 10.1126/science.1177894).
Qual o racional empregado pelos autores? As redes de transporte são abundantes no campo social, mas também nos sistemas biológicos. O desempenho robusto de uma rede resulta de um compromisso entre eficiência de transporte, custo e tolerância à falha. Porque os sistemas biológicos podem orientar as outras redes? Simplesmente porque as redes biológicas evoluíram de vários ciclos de seleção eveolutiva com elevada pressão, pelo que devem ter desenvolvido um balanço eficiente das combinações entre os diversos elementos.
Os resultados foram bem claros: o fungo (slime mold) Physarum polycephalum forma redes comparáveis em eficiência, tolerância à falha e custo à rede transporte ferroviário de Tóquio (veja figura acima, constante da publicação).
Ou seja, é possível capturar o modelo matemático inspirado biologicamente, para orientar a construção adaptativa de redes em outros campos. |
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