Post de Evelin Oliveira
Estima-se que cerca de um terço da população mundial esteja infectada com o bacilo da tuberculose (TB). Para 90% dos indivíduos não haverá evolução do estágio de infecção para a doença, e uma das grandes dificuldades no controle da TB está em prever a transição deste estágio latente para a forma ativa, única capaz de transmitir a micobactéria para novos hospedeiros.
Na tentativa de identificar precocemente a evolução da TB latente para forma ativa da doença, Matthew Berry e colaboradores avaliaram o perfil transcricional a partir do sangue de pacientes com tuberculose ativa (antes do tratamento), indivíduos com TB latente e controles sadios. Foram identificadas 393 assinaturas transcricionais em pacientes com TB ativa as quais indicam que os genes expressos estão relacionados a uma resposta inflamatória. Cerca de 10-25% dos perfis transcricionais de pacientes com TB latente foram agrupados com os de pacientes com TB ativa, sugerindo que há um risco potencial da progressão da tuberculose latente sub-clínica para doença ativa. Este tipo de estudo pode auxiliar no diagnóstico precoce de uma possível re-ativação dos indivíduos com TB latente evitando a forma ativa da doença.
Os 393 genes expressos que compõem a assinatura da TB ativa também são observados em outras doenças, já que são preditivos de resposta inflamatória. Após o tratamento contra tuberculose nos pacientes com doença ativa houve diminuição da expressão de 86 genes, os quais foram correlacionados a uma resposta anti-micobacteriana quando comparada às outras infecções.
Segundo o trabalho, a assinatura transcricional também pode ser usada para monitorar a eficácia do tratamento, já que nos pacientes com TB ativa após dois meses de terapia houve diminuição da expressão dos genes e após um ano os genes relacionados a resposta inflamatória não foram mais expressos. Isto reflete a resposta do hospedeiro à infecção pelo M.tuberculosis.
Para avaliar o conjunto de genes que são coordenadamente expressos em diferentes doenças, o grupo de Berry definiu módulos específicos que identificaram componentes funcionais da resposta do hospedeiro durante a tuberculose ativa. Um dos resultados mostrou que o aumento de genes responsáveis pela transcrição do IFN de pacientes com TB ativa correlaciona com severidade da doença.
A busca de genes que servem como assinatura de gravidade da doença ou indicativo de re-ativação pode nos levar a melhorias tanto no tratamento quanto no diagnóstico precoce da tuberculose.

Prabéns pelo post. Muito interessante. Julio Croda
ResponderExcluir