quarta-feira, 8 de junho de 2011

PROTEIN SECRETION BY Leishmania mexicana MODULATES MACROPHAGE SIGNALLING

Post de Sarah Falcão (LIP-CPqGM/FIOCRUZ)

ResearchBlogging.orgA Leishmania é conhecida por modular a resposta imune inata do hospedeiro para multiplicar-se no fagolisossomo do macrófago, utilizando várias estratégias e fatores de virulência e, assim, alterando a sinalização celular do hospedeiro. Já foi descrito por este grupo que as rotas de sinalização JAK/STAT, TRAK-1 e MAP kinases são rapidamente alteradas pela Leishmania, levando à inativação parcial dos vários fatores de transcrição como STAT-1a, AP-1 e NF-kB. Além disso, a Leishmania cliva e ativa proteínas tirosina fosfatases (PTPs) em um processo que envolve as metaloproteases de superfície gp63 e esta ativação é importante para a patogênese da Leishmania.
A presença de promastigotas não é necessária para esse fenômeno, já que o meio de cultura do parasita também induz a clivagem de várias PTPs, sugerindo que Leishmania secreta proteínas importantes para sua virulência. A transferência do inseto vetor para o hospedeiro mamífero envolve mudança de temperatura (chega a 37ºC) e o contato com as moléculas das células do hospedeiro. Assim, este trabalho objetiva obter evidências que esta mudança de temperatura induz um aumento na liberação de proteínas pela L. mexicana e avaliar os efeitos destas proteínas no macrófago. Inicialmente, a L. mexicana foi incubada a 25 ou 37ºC. Após 2 ou 4hs, o sobrenadante foi precipitado e foi feita uma corrida com SDS-PAGE. Após 4hs de incubação a 37ºC, condição que apresentava parasitas viáveis, foi vista uma maior quantidade de proteínas e um significante aumento da atividade das PTPs. No intuito de estudar as possíveis rotas de secreção das proteínas da L. mexicana, foi feito um scanning electron microscopy (SEM), que permitiu observar à 37ºC um aumento do brotamento de exovesículas. Posteriormente, macrófagos B10R foram incubados com o "exoproteoma" ou com L. mexicana e foi observada a clivagem de SHP-1 e PTP1-B, em ambas as condições, sendo mais evidente na presença da L. mexicana. Ao mensurar a atividade da PTP em macrófagos, foi visto um significante aumento após incubação com o "exoproteoma".
Na literatura foi demonstrada a alteração na translocação de fatores de transcrição como AP-1 e NF-kB em resposta a agonistas. Para investigar se o "exoproteoma" tem um efeito similar nesses fatores de transcrição, macrófagos foram tratados com o "exoproteoma" por 16hs seguido de 1h com estimulação por LPS, resultando em uma forte inibição da translocação de AP-1 em resposta ao LPS e redução da translocação do NF-kB. A sobrevivência dos parasitas nos macrófagos depende de sua habilidade de inibir produção de NO, portanto, a dosagem de nitrito foi feita após os macrófagos serem estimulados com LPS e tratados com o "exoproteoma" ou serem infectados com L. mexicana. Após estimulação com LPS, foi observado um aumento da produção de NO, que foi reduzida após a infecção ou incubação com o "exoproteoma". Como AP-1 e NF-kB são fatores de transcrição que induzem transcrição de iNOs, esse resultado sugere que o "exoproteoma" de L. mexicana inibe a translocação de fatores de transcrição tardios em resposta ao LPS. Os resultados deste trabalho permitem concluir que a mudança de temperatura (para 37ºC) induz secreção de proteínas pela L. mexicana durante as horas iniciais de infecção e, essas proteínas secretadas, são capazes de modular a sinalização e função dos macrófagos promovendo sobrevivência intracelular dos parasitas.


Hassani K, Antoniak E, Jardim A, & Olivier M (2011). Temperature-Induced Protein Secretion by Leishmania mexicana Modulates Macrophage Signalling and Function. PloS one, 6 (5) PMID: 21559274

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