quarta-feira, 15 de junho de 2011

Visualização de leishmanias híbridas fluorescentes

Post de Leonardo Arruda
A reprodução de parasitas do gênero leishmania até pouco tempo atrás era considerada exclusivamente assexuada ou clonal. Nunca foi observado nenhum tipo de dimorfismo sexual tão pouco se pode comparar cromossomos, pois estes nunca se condensam durante a divisão celular.
Em 2009, foi demonstrada a troca genética entre parasitas, ao obter-se leishmanias resistentes a duas drogas, co-infectando o vetor com duas cepas resistentes cada uma a uma droga (aqui). 
Com uma nova abordagem para observar os eventos de recombinação, um grupo europeu publicou a alguns dias no Plos One, trabalho onde co-infectaram duas espécies diferentes de vetores (Lutzomia longipalpis e Phlebotomus perniciosus) com cepas transgênicas de Leishmania donovani que expressavam genes de resistência (higromicina ou neomicina) e dois marcadores de fluorescência (verde ou vermelho). Após repasto sanguíneo com as duas cepas, as fêmeas foram dissecadas em diferentes tempos e examinadas por microscopia de fluorescências ou FACS seguido de microscopia confocal.
Parasitas híbridos foram visualizados em ambos os vetores estudados após dois dias do repasto com as duas cepas Figs. 1 e 2. Infelizmente os autores não foram capazes de expandir estes parasitas em cultura. 

Fig. 1 – Parasitas recombinantes com duas fluorescências em C
Fig 2. Parasitas isolados por FACS.
A partir destes dados os autores reafirmaram o fenômeno da troca genética entre diferentes cepas e especularam sobre suas implicações epidemiológicas, em especial ao que se refere ao crescente aparecimento de cepas resistentes a drogas. 
Apesar da freqüência natural de ocorrência deste fenômeno ser raríssima, com o inseto fazendo seu repasto sanguíneo em dois hospedeiros portadores de cepas não isogênicas, seguido pela troca do material genético entre as cepas, já foram descritos híbridos L. braziliensis/L. peruviana no Perú (aqui). Mais ainda, híbridos de L. major/L. infantum foram encontrados no vetor Phlebotomus papatasi, vetor este que normalmente não suporta L. infantum (aqui). 
Infelizmente, a maquinaria que o parasita utiliza para efetuar este intercâmbio de material genético continua sem definição. Sabemos que as leishmanias fazem sexo ao seu modo, mas ainda temos muito que aprender sobre suas preferências e hábitos sexuais.
O artigo completo pode ser visualizado gratuitamente aqui.

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