quinta-feira, 31 de março de 2011

World Immune Regulation Meeting – V (WIRM)




post de Natalia Machado

O congresso acontece em Davos, um paraíso dos esportes de inverno, como eles dizem por aqui. No entanto, a cidade também é conhecida como “the congress city”, titulo vinculado ao Fórum Econômico Mundial que acontece uma vez por ano.

A primeira característica deste encontro é o fato de ser grande e possibilitar o aprendizado em muitas disciplinas, mas ao mesmo tempo pequeno o suficiente para conhecer pessoalmente os “experts”. Além de 10 “travel grants” para os melhores resumos e tardes livres para o “winter sports break”, a sessão de pôster tem uma estrutura diferente: “a poster walk”. Os avaliadores daquela categoria encontram os apresentadores e cada um apresenta seu pôster para todos.

O primeiro dia do encontro é dedicado à imunidade inata e homeostasia. E logo pela manhã seria uma das palestras que eu estava mais interessada em assistir: “C-type lectins in the control of innate and adaptive imune response” da pesquisadora holandesa Yvette van Kooyk.

Ela inicia a palestra ressaltando a importância das células dendriticas (DCs) no reconhecimento de patógenos e geração de imunidade, mas também seu papel na homeostasia. Dentre as lectinas do tipo C expressas por DCs, ela cita o DC-SIGN que reconhece de modo especifico carboidratos Lewis [1].



Fonte: Y. van Kooyk, T.B.H. Geijtenbeek, DC-SIGN: escape mechanism for pathogens, Nat Rev Immunol. 3 (2003) 697-709.


A composição do glicano no patógeno tem papel determinante no direcionamento da resposta imune das DCs. Recentemente, seu grupo começou a modificar antígenos com glicanos específicos para favorecer o direcionamento para DCs. Utilizando camundongos transgênicos que expressam DC-SIGN, eles demonstraram que a modificação de OVA com glicano Lewis X ou B resultou em indução de OT-II 10 vezes maior do que OVA não-modificada. Além disso, houve apresentação cruzada para células OT-I de modo significativo [2].

Além dos testes com antígenos solúveis, eles têm avaliado a modificação de lipossomos com glicanos para aumentar a resposta imune. No entanto, a formulação do glicolipossomo pode afetar negativamente o potencial de direcionamento para DCs. Por outro lado, ela mostra dados positivos ainda não publicados em modelo de pele humana utilizando glicolipossomo com antígeno MART-1 de melanoma. Eles observaram que as DCs migratórias expressam o lipossomo (principalmente Lewis).

Outra abordagem apresentada foi a sinalização via TLR juntamente com o direcionamento para DC-SIGN que não resultou em aumento da apresentação e ativação de células T. Diante de tantas possibilidades, ela conclui que a combinação entre função e perfil de expressão de lectinas e TLR em DCs pode gerar “glico-vacinas” únicas para gerar o tipo de resposta imune desejada.

Terminando sua palestra, van Kooyk apenas cita que a utilização de OVA modificada para o receptor de manose resultou no aumento da apresentação cruzada de modo independente de TLR. Ela cita também a indução de tolerância com a aplicação de OVA modificada em lipossomo na presença de prednisolona por induzir Treg.
Quando questionada sobre outras lectinas, van Kooyk revela dados também positivos para direcionamento de Dectina-1 e indução de imunidade.


Referências:

[1] Y. van Kooyk, T.B.H. Geijtenbeek, DC-SIGN: escape mechanism for pathogens, Nat Rev Immunol. 3 (2003) 697-709.
[2] S.K. Singh, J. Stephani, M. Schaefer, H. Kalay, J.J. García-Vallejo, J. den Haan, et al., Targeting glycan modified OVA to murine DC-SIGN transgenic dendritic cells enhances MHC class I and II presentation, Mol. Immunol. 47 (2009) 164-174.

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