sábado, 30 de janeiro de 2010

Status de Highly accessed para o "Severe Plasmodium vivax malaria exhibits marked inflammatory imbalance"


Fiquei na dúvida se postava ou não. Auto elogio é chato, mas é verdade que precisa ser divulgado. O trabalho do laboratório "Severe Plasmodium vivax malaria exhibits marked inflammatory imbalance" publicado no Malaria Journal (9:13, 2010) atingiu o status de Highly accessed.
O número de acessos é um dos novos indicadores usados (pela BioMed Central e pela PLoS entre outros editores) para avaliar o impacto de um artigo.

Consulta pública para IDÉIAS de pesquisa clínica.


Acabo de ver uma chamada do National Institutes of Health (NIH) para obtenção de informações de idéias sobre oportunidades de pesquisa clínica para aperfeiçoamento  do tratamento e prevenção da tuberculose, com ou sem co-infecção pelo HIV.
De saída, desejo destacar dois aspectos interessantes: 1) uma chamada para receber sugestões de temas e não um edital já pronto com os temas escolhidos por um grupo; 2) recebi a notícia da chamada no Twitter. 
Me parece um mecanismo interessante de busca de temas para um edital de financiamento, ou outro mecanismo de apoio a projetos. Pode ser uma contribuição mais rica que ouvir apenas um comitê e, certamente, muito mais barata que fazer uma grande reunião de especialistas para definição de temas de pesquisa.
O NIH não é a instituição mais ágil do mundo. Demorou bastante para implantar o envio eletronico de projetos. O fato do NIH estar no Twitter é uma demonstração que o Twitter está realmente com grande penetração. Há o NIHforfunding e o NIHforHealth, pelo menos. Aliás, vocês sabem que o CNPq também está no Twitter? veja aqui. Também estão no Twitter: CDC, WHO, revistas da Nature etc.
Durante dois meses (29 de janeiro a 29 de março) o National Institute of Allergy and Infectious Disease (NIAID) receberá idéias para: “develop innovative new strategies and also take advantage of the recent development of new candidate agents, the NIAID is seeking ideas from the scientific community on clinical research and trial opportunities to improve the treatment and prevention of drug sensitive and resistant tuberculosis (TB) with and without HIV co-infection”.
A chamada busca saber da comunidade científica (acadêmica ou não acadêmica) as maiores prioridades de pesquisa clínica e oportunidades de ensaio para diagnóstico, tratamento e prevenção da tuberculose em adultos e crianças. 
“We would also appreciate your insights in the following areas:
  1. The need for inclusion of high priority special populations in this research and related challenges.
  2. Key requirements for capacity at clinical research sites working in the area of TB prevention and treatment, including physical infrastructure, pharmacy needs, qualifications of personnel, linkages with local TB Control Programs, access to available populations, and experience with TB and TB/HIV clinical research that will be needed to implement short term research objectives in TB.  Globally, please address the most important regions that should be considered for inclusion in these clinical research activities.
  3. Types of local, regional, or central clinical laboratory capabilities required to implement short term TB clinical research opportunities in the context of local endemic settings, and in collaboration with national or private TB and/or HIV/TB control programs.
  4. Partnerships and collaborations that would contribute to achieving the highest priority goals for TB clinical research that can be initiated within this time frame.”
Confira a chamada completa.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Dia de perigeu lunar


Se olhar para o ceu hoje à noite, verá o perigeu lunar. O plenilúnio será amanhã. O que significa que amanhã é dia de observar a lua cheia (de preferência num local com pouca luz artificial) num ponto muito próximo da Terra.
Antes que me achem lunático, leiam mais sobre o perigeu no site Física Moderna.
O perigeu é o oposto do apogeu.  Fiquei um pouco confuso, a princípio, pois o apogeu para mim sempre significou o máximo e agora se relaciona aos astros no seu menor tamanho visível. Como tudo na vida, máximo e mínimo se confundem. Quando o astro está no apogeu de sua órbita (ponto mais distante da Terra) está no seu menor tamanho visível para nós terráqueos.

IlustraçãoComparação de tamanhos da Lua Cheia no apogeu e no perigeu.

Controle genetico do teste de tuberculina no homem


Post de Theolis Barbosa Bessa
O artigo “Two loci control tuberculin skin test reactivity in an area hyperendemic for tuberculosis” (J. Exp. Med., Nov 2009; 206: 2583 - 2591) foi publicado com a participação (e primeira autoria) do grupo do Dr. Jean-Laurent Casanova, do Hospital Necker-Enfants Malades de Paris, com larga experiência no estudo da contribuição de fatores genéticos na resposta imune contra a tuberculose. A linha defendida por este grupo é a de que a tuberculose é uma patologia que decorre da imunodeficiência específica do indivíduo em relação ao bacilo (a qual pode envolver uma série de genes e interações entre os mesmos), com menor papel para a virulência da própria bactéria neste processo. Em acordo com essa visão do grupo, os autores chamam a atenção para a bem documentada variabilidade interindividual e interpopulacional na transição da infecção latente para a tuberculose ativa, bem como no grau de severidade da doença, além de evidências a favor de uma herdabilidade na susceptibilidade à tuberculose. A novidade neste estudo está na investigação de uma possível contribuição genética na infecção pela micobactéria. Os autores, em consonância com outros trabalhos da literatura, consideram que em áreas hiperendêmicas os indivíduos com teste tuberculínico negativo teriam a capacidade de resistir naturalmente à infecção pelo M. tuberculosis, de forma independente da ação de células T.
“There is also interindividual variability at the earlier initial step of the infectious process, as _ 20% of long-exposed persons appear to be naturally resistant to infection by M. tuberculosis ( Rieder, 1999 ). This estimate is based on the detection of M. tuberculosis –infected and –noninfected persons by means of the tuberculin skin test (TST) or Mantoux. The test measures induration of the skin after intradermal inoculation of M. tuberculosis purified protein derivative (PPD). The TST triggers a classical T cell–mediated delayed type hypersensitivity (DTH) reaction against mycobacterial antigens (Vukmanovic-Stejic et al., 2006). In hyperendemic areas for TB, a complete lack of TST reactivity is therefore suggestive of a T cell–independent resistance to infection by M. tuberculosis (Rose et al., 1995 ).”
O estudo é feito em uma população com elevada incidência de tuberculose infantil, bem como risco anual de infecção por TB, excluindo os indivíduos que tiveram a TB ativa, e incluindo 128 famílias, correspondendo a 350 irmãos. Os autores identificam duas regiões cromossômicas com forte associação com o resultado do teste tuberculínico, a região cromossômica 11p14, associada à positividade ao TST, e a região cromossômica 5p15, associada ao diâmetro da reação de induração. Outras regiões com score de associação mais fracos são também descritas. A região 5p15 apresenta um possível gene candidato com maior participação na regulação da induração ao teste tuberculínico, o SLC6A3, relacionado ao NRAMP1, uma molécula envolvida na absorção de metais a partir dos compartimentos endossomais, que foi implicada em modelos animais como importante na patogênese da tuberculose por limitar a disponibilidade do ferro para o patógeno em macrófagos, além de participar também na resistência contra outros patógenos intracelulares (uma boa revisão é a de Cellier e cols em 2007, na Microbes and Infection). 
Comentário: Em minha opinião, o ponto de maior discussão seria como estes achados estariam realmente relacionados à susceptibilidade ou não à doença tuberculosa. Indivíduos doentes podem ter TST abaixo do limiar de 10mm, justificado por muitos autores como um recrutamento dos linfócitos T específicos para o sítio de infecção. Poderia essa característica estar sinalizando indivíduos próximos da transição para a tuberculose ativa, nessa população que é colocada pelos próprios autores como susceptível à doença? Ou ao contrário, estar sinalizando a importância exatamente da resposta de células T recrutadas (e, portanto, não-detectadas) no combate ao bacilo? Por outro lado, não conheço trabalhos que relacionem a extensão da reação de induração face ao TST com maior susceptibilidade ao bacilo, apenas com probabilidade de infecção realmente pelo M. tuberculosis, e condições onde os indivíduos podem estar expostos a outras micobactérias. Conheço trabalhos que colocam a possibilidade de relação entre esse diâmetro de induração e a ocorrência de manifestações alérgicas. 


Cobat, A., Gallant, C., Simkin, L., Black, G., Stanley, K., Hughes, J., Doherty, T., Hanekom, W., Eley, B., Jais, J., Boland-Auge, A., van Helden, P., Casanova, J., Abel, L., Hoal, E., Schurr, E., & Alcais, A. (2009). Two loci control tuberculin skin test reactivity in an area hyperendemic for tuberculosis Journal of Experimental Medicine, 206 (12), 2583-2591 DOI: 10.1084/jem.20090892

Cellier, M., Courville, P., & Campion, C. (2007). Nramp1 phagocyte intracellular metal withdrawal defense Microbes and Infection, 9 (14-15), 1662-1670 DOI: 10.1016/j.micinf.2007.09.006
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quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Orçamento 2010 é sancionado sem contingenciamento para C&T

Ministério da Ciência e Tecnologia tem previsão de aplicar R$ 7,6 bilhões 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou com dois vetos o Orçamento de 2010, publicado nesta quarta-feira, dia 27/1, no Diário Oficial da União (DOU). O valor total da lei orçamentária aprovada pelo Congresso Nacional no fim de 2009 é de R$ 1,86 trilhão.

Desse total, R$ 596,2 bilhões destinam-se ao refinanciamento da dívida pública, R$ 1,169 trilhão compõem os orçamentos fiscal e da seguridade social e R$ 94,4 bilhões referem-se a investimentos das empresas estatais federais.

O orçamento do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) recebeu um acréscimo de R$ 914 milhões de emendas parlamentares, totalizando R$ 7,6 bilhões, incluindo despesa com pessoal. Desse montante, R$ 2,7 bilhões estão previstos para o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Maior parte dos valores adicionados pelo Legislativo, 95%, foi direcionada a programas voltados à inclusão social.

A proposta original do Executivo previa R$ 6,6 bilhões para o orçamento do MCT. Desse total, R$ 2,6 bilhões para o FNDCT, mais R$ 350 milhões, que são recursos de encargos financeiros da União, alocados no orçamento do Ministério da Fazenda (MF), repassados por intermédio do fundo à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

É a primeira vez que não houve nenhum valor contingenciado em relação à arrecadação dos fundos setoriais que compõem o FNDCT. Em 2009, foram R$ 803 milhões de reserva e, aproximadamente, a metade dos recursos deixou de ser liberada. Em anos anteriores, o contingenciamento chegou a R$ 1 bilhão. 

Vetos

O Orçamento Geral da União 2010 foi aprovado pelo Congresso Nacional, em 22 de dezembro, e sancionado pelo presidente Lula, nesta terça-feira, com dois vetos. O primeiro, proposto pelo Ministério do Planejamento, trata de autorizações para a criação de cargos e funções comissionadas.

De acordo com o ministério, a inclusão dos itens não se justifica, porque o aumento de despesa não está previsto, e sim, a compensação integral com a extinção e/ou transformação de igual número de cargos ou funções existentes. O segundo veto foi proposto pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e se refere à inclusão de obras da Petrobras no rol daquelas com indícios de irregularidades.

Paralelamente ao orçamento, o governo editou um decreto de programação provisória para os meses de fevereiro e março, que valerá até a edição do decreto definitivo, previsto para março. A publicação do decreto no DOU está prevista para a próxima semana.
(Assessoria de Comunicação do MCT)

As dificuldades para o pesquisador brasileiro. Artigo de Wanderley de Souza

O Acadêmico Wanderley de Souza, professor titular da UFRJ e diretor de programas do Inmetro publicou o seguinte artigo no Jornal do Brasil, em 27/1, e reproduzido no sitio da Academia Brasileira de Ciencias:

"O nível de financiamento para a atividade científica no Brasil tem sido crescente, e alcançamos uma situação invejável no cenário latino-americano. Tem havido um apoio sistêmico através dos editais Universal do CNPq e de programas regulares das fundações estaduais de apoio à pesquisa científica (FAPs).
Alguns programas especiais têm apoiado o estabelecimento de uma infraestrutura de equipamentos modernos que terão impacto na qualidade da produção científica brasileira. Programas de pós-doutoramento, capitaneados pela Capes, vêm fortalecendo as equipes de pesquisa.
Com base nas considerações acima, poderíamos imaginar que finalmente o Brasil venceu a fase de insuficiência de recursos e entra agora em um momento em que é possível prever novos avanços. Infelizmente, nem tudo são flores. Dificuldades de ordem burocrática criam obstáculos que precisam ser removidos rapidamente.
A primeira dificuldade resulta de que, no setor público, todos, até prova em contrário, são suspeitos de estarem praticando atos condenáveis com os recursos públicos. Tal fato leva a que alguns administradores tomem decisões, talvez para evitar ações futuras dos órgãos de controle, que dificultam o desenvolvimento dos projetos científicos.
Cito alguns exemplos: (a) criar obstáculos a que pesquisadores aposentados possam apresentar projetos de médio e grande porte (tipo o Programa de Núcleos de Excelência). O país não pode se dar ao luxo de excluir a participação de nossas maiores lideranças que continuam em plena produtividade acadêmica; (b) estabelecer medidas restritivas que dificultam ao mesmo pesquisador possa coordenar vários projetos; (c) criar dificuldades para que um pesquisador possa participar de mais de um projeto, mesmo em editais para seleção de projetos interinstitucionais, o que dificulta a criação de equipes multidisciplinares; (d) exigir processo de licitação para compra de reagentes e de material de pesquisa. Todos sabem que, neste campo, o mais importante é a qualidade do produto, comprovada pelo seu uso prévio em todo o mundo, e não o menor preço.
Como superar estes obstáculos? Uma medida preventiva seria neste momento só ocuparem cargos de direção de órgãos de financiamento pessoas com vivência na área científica ou na gestão de ciência e com coragem de enfrentar as dificuldades que são impostas por órgãos de controle, a maioria das vezes sem embasamento legal. É também preciso que o dirigente tenha a coragem de esticar a corda no processo administrativo.
O segundo fator de dificuldades advém do crescimento salutar, mas desordenado, do financiamento. São dezenas de editais lançados simultaneamente, com pouca ou nenhuma articulação. Tal fato obriga os grupos de pesquisa a concorrerem a vários destes editais para obterem os recursos necessários para desenvolver seus projetos.
O terceiro problema é a dificuldade de se importar material. Apesar de várias iniciativas governamentais, o pesquisador brasileiro, cansado de lutar com cotas de importação, licença de importação, despachante etc, está optando em comprar os reagentes de representantes no Brasil, onde o custo fica cerca de três vezes mais caro. Aqui, o caminho seria um decreto presidencial rompendo a burocracia existente.
O quarto problema está relacionado com a administração dos projetos, sobretudo daqueles que envolvem maior soma de recursos. Em alguns casos, projetos envolvendo somas consideráveis estão sendo depositados em contas pessoais, ainda que especiais, do coordenador. O correto seria a utilização de fundações especializadas e que comprovadamente vêm realizando um bom trabalho.
Aqui, mais uma vez são criadas dificuldades em função de ações equivocadas de algumas fundações. As existentes estão vivendo sobre a ameaça constante de serem fechadas. Em vez de punir exemplarmente quem atuou de forma irregular, generaliza-se e se considera como suspeitas todas as fundações.
Fica, neste início de ano, este desabafo esperando que a comunidade científica se movimente no sentido de vencermos os desafios e podermos atingir novos patamares na produção científica brasileira."
(Jornal do Brasil, 27/1)

Limitações do uso de citações como indicador de qualidade de artigos científicos.

Quase todos na área científica concordam que o número de citações que um trabalho recebe é um aspecto importante na análise da sua qualidade. Se contribui para o avançado conhecimento na área, o trabalho será inevitavelmente citado. Já tratamos em oportunidades anteriores sobre o problema de usar número de citações como indicador de qualidade entre diferentes áreas do conhecimento e do risco do emprego deste indicador para avaliações individuais. Há vários outros aspectos a considerar, como o tipo de artigo científico e padrões de citações. 
Note que a citação depende do avanço do conhecimento. Este não é um aspecto importante para TODOS os trabalhos publicados. Muitas vezes o objetivo do trabalho pode ser a divulgação entre os profissionais da área. Também pode ser a informação sobre um aspecto prático de utilizar uma informação existente.
Podemos imaginar três tipos de artigos científicos: artigos científicos bona fide, com avanço do conhecimento; artigos com informações importantes para a prática dos profissionais da área e artigos de divulgação científica para o público leigo. O número de citações pode ser um indicador de impacto de um artigo pertencente ao primeiro grupo, mas dificilmente o será nos demais. Utilizamos, comumente, apenas o impacto decorrente das citações recebidas como um surrogate marker de qualidade. Um dos problemas neste campo é que não há indicadores fáceis para avaliar o impacto dos artigos voltados ao público profissional da área nem dos artigos dirigidos ao público leigo.
O exemplo mais citado sobre problemas do uso exclusivo das citações como avaliador da qualidade de um artigo é o da área clínica. Um trabalho pode ser bastante lido e ter grande importância na prática médica e não receber muitas citações.
Algumas outras áreas também referem padrões diferentes em citações. Um artigo recente (Problems of citation analysis: A study of uncited and seldon-cited influences) publicado no Journal of the American Society for Information Science and Technology (61, 1-12 DOI: 10.1002/asi.21228)comenta sobre a área de biogeografia. Nesta área, segundo os autores, não ocorrem muitas citações. Uma das formas mais comuns de divulgação do conhecimento é a elaboração de “floras” que consiste numa listagem das espécies de plantas presentes numa região. (Um padrão bem antigo, se você se lembra da extraordinária Flora Brasiliensis de von Martius, c. 1840). As floras podem ser divulgadas em livros, relatórios etc. e raramente são citadas em artigos com revisão por pares e indexados no Web of Science. Se a flora for incorporada em bancos de dados e livros, por exemplo, temos uma indicação indireta de sua importância. Contudo, o registro destas citações não é fácil de ser feito e não há indicadores para isto.
Ilustração. Capa da Flora Brasiliensis.

MacRoberts, M., & MacRoberts, B. (2009). Problems of citation analysis: A study of uncited and seldom-cited influences Journal of the American Society for Information Science and Technology DOI: 10.1002/asi.21228
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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Produção cientifica: Brasil vs Russia.




A Thomson Reuters divulgou ontem (26 de janeiro) um Global Research Report sobre a Russia. Isto faz parte da série Global Research Reports, na qual já sairam volumes sobre o Brasil (Junho 2009), India (Outubro 2009) e China (Novembro 2009). Assim, se completa o ciclo dos relatórios sobre os BRIC.
O relatório diz:
“Over a recent five-year period, Russia produced roughly 127,000 papers in all fields of science, accounting for approximately 2.6% of the world’s papers published in journals indexed by Thomson Reuters. For comparison, this is more than Brazil (102,000 papers, 2.1% of world) but less than India (144,000 papers, 2.9%) and far less than China (415,000 papers, 8.4%). Looking around the world, it is also less than Australia (150,000 papers, 3.0%), Canada (232,000 papers, 4.7%) and only slightly more than the Netherlands (125,000 papers, 2.5%).”
Aqui gostaria de fazer o primeiro comentário. A BBC Brasil hoje divulga isto (com chamada na primeira página do seu sítio)  como: “Produção científica do Brasil ultrapassa a da Rússia, indica levantamento” Poderia ser outro levantamento, mas não é: “A produção científica brasileira ultrapassou a da Rússia, antiga potência na área, caminha para superar também a da Índia e se consolidar como a 2ª maior entre os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), segundo levantamento feito pela Thomson Reuters.”. 
Fico preocupado com a qualidade do servico da BBC Brasil. O texto que reproduzi acima (“… Russia produced roughly 127,000 papers in all fields of science, accounting for approximately 2.6% of the world’s papers published in journals indexed by Thomson Reuters. For comparison, this is more than Brazil (102,000 papers, 2.1% of world)…” consta logo na página 5 do relatório. Só para lembrar, há pouco critiquei em tema bastante diverso o trabalho da BBC Brasil no post: Como não dar uma notícia científica”).
Fico preocupado também que a imprensa local reproduza esta informação sem checar a fonte. A FSP de hoje diz “Produção científica russa perde volume e é ultrapassada”: “Dados oriundos das principais publicações científicas do mundo documentam a queda de um gigante: a Rússia. Em sua encarnação soviética, o país assustava os EUA e forçou o Ocidente a correr atrás do prejuízo em áreas como ciências espaciais e física. Mas, em números absolutos, sua produção de pesquisas está estacionada no nível que tinha nos anos 1980, enquanto China, Brasil e Índia agora ultrapassam os russos.” Eles leram o relatório ou a notícia da BBC Brasil???

Contudo não é difícil entender onde está o aspecto lido e divulgado erroneamente. O Brasil apresenta um crescimento maior da produção científica. Confira a Figura 2 do relatório (ao lado). A curva de crescimento do Brasil é mais inclinada, bem mais inclinada. O que demonstra é que comparado com os valores de 1981, o crescimento da produção científica do Brasil foi maior que da Russia e India.


Dizer que o crescimento da produção científica foi maior que a da Russia e India é uma boa notícia, mas deve ser tomada cum grano salis. A India ultrapassou a Russia e o Brasil na produção científica, mas a sua curva de crescimento é baixa. Confira a também Figura 2 mas do relatório sobre o Brasil (abaixo). Neste parâmetro, superamos EEUU, Japão, Alemanha, Reino Unido além de Mexico e Argentina. Só para lembrar: A produção científica americana foi de 332.916 artigos em 2008  e a do Brasil foi de 17.500, mas a nossa curva de crescimento é maior. Pelo critério da BBC-Brasil e da FSP também poderíamos dizer que superamos os EEUU.

Interpretar um maior crescimento como um maior numero já sai do terreno do otimismo para um fenômeno típico do Dr. Pangloss. Não custa lembrar que paises com elevada produção científica têm menor chance de crescer rapidamente. Numa simplificação excessiva: um país Y que tivesse 1 artigo em  2008 e passasse para uma produção de 200 artigos cinco anos depois, teria crescido 200 vezes. Um crescimento de 2 vezes na produção dos EEUU significaria passar de 332.916 para 665.832. Ou seja, a diferença no número de publicações, neste período, teria aumentado de 332.915 artigos em 2008 para 665.632 artigos após 5 anos, mas o crescimento do país Y teria sido bem maior (200 vs 2). 
Ou seja, a notícia do crescimento científico do Brasil é boa, e deveremos ultrapassar a produção da Rússia em breve, porém convém evitar o otimismo panglossiano.
 Ilustração do post.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Muitos estudos experimentais são mal conduzidos, revela estudo.


A pesquisa científica em animais é essencial para o avanço científico, com consequente produção de conhecimentos capazes de melhorar a vida das pessoas. Evidentemente, tais pesquisas, ao implicar na utilização de seres vivos deve ser exercida com extrema cautela nas melhores condições possíveis. Devemos seguir, quando possível, as diretrizes de substituir, reduzir e evitar o sofrimento dos animais.
Apesar de tudo, ainda são essenciais pesquisas realizadas em animais. Quando isto é realizado é essencial que todo o processo seja feito estritamente  em obediência ao método científico para que as conclusões sejam confiáveis e utilizada adequadamente pela comunidade científica.
Um estudo baseado em que os experimentos envolvendo animais devem ser apropriadamente planejados, corretamente analisados e relatados de forma fidedigna foi divulgado pela PLoS One (4(11): e7824 em 30.11.2009). O relato “Survey of the Quality of Experimental Design, Statistical Analysis and Reporting of Research Using Animals” revela que as coisas não estão muito bem na literatura.
Os autores buscando informações mínimas indicadoras de qualidade que devem estar presentes em todos os estudos: examinaram o desenho experimental e a análise estatística de trabalhos publicados na literatura biomédica com uso de animais de laboratório (camundongos, ratos e primatas não-humanos) realizados nos EEUU ou Reino Unido e financiado por instituições financiadas com recursos públicos. 
Das 271 publicações examinadas eles obtiveram informação sobre: o objetivo ou hipótese do estudo, o número, sexo, idade e/ou peso dos animais usados e os métodos experimentais e estatísticos. 
Somente 59% dos estudos indicava a hipótese ou objetivo do estudo e as características dos animais usados.
No desenho experimental a situação é ainda um pouco pior: 87% dos estudos não indicava randomização e 86% não relatava cegamento para reduzir o viés de seleção animal e avaliação de desfecho.
Também terrível, somente 70% das publicações que usaram testes estatísticos descreveram os métodos e apresentaram os resultados com uma medida de erro ou variabiliadade. 
Parece que ainda tem muita gente acreditando numa frase atribuída a Rutherford: Se o seu experimento precisa de estatística, você deveria ter feito um experimento melhor.
Relembrem que só estudos dos EEUU e Reino Unido com financiamento público foram incluídos. Temo que o quadro no conjunto total da literatura seja mais desolador. 
Alguém se animou para dar uma olhada nos trabalhos recentes do seu laboratório?  Seria interessante a CEUA promover uma análise semelhante nos trabalhos de cada instituto?
Kilkenny, C., Parsons, N., Kadyszewski, E., Festing, M., Cuthill, I., Fry, D., Hutton, J., & Altman, D. (2009). Survey of the Quality of Experimental Design, Statistical Analysis and Reporting of Research Using Animals PLoS ONE, 4 (11) DOI: 10.1371/journal.pone.0007824
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Conferência: Current Opinion in Cellular Host-Pathogen Interactions


Lucas Nogueira me enviou um informe sobre a "Current Opinion in Cellular Host-Pathogen Interactions" é o primeiro título de uma nova série de conferencias a ser realizada pelas revistas da Current Opinion. A conferência será de 5 a 7 de setembro em Amsterdam.
Prazo para envio de resumos: 16 de abril de 2010.
"The first Current Opinion Conference is dedicated to host-pathogen interactions. The conference will cover all areas of molecular and clinical research within this topic including pathogen invasion, adaptation, host defense, pathogen life cycle and immune system response."
Entre os palestrantes confirmados:

Norma Andrews,
University of Maryland, USA
Alan Cowman,
University of Melbourne, Australia
Markus Engstler,
University of Dortmund, Germany
Jorge Galan
Yale University, USA
Sergio Grinstein
University of Toronto, Canada
Ari Helenius
ETH, Zurich, Switzerland
Paul Lehner
University of Cambridge, UK
Mark Marsh
LMCB, University College London, UK
Keith Matthews
University of Edinburgh, UK
David Roos
University of Pennsylvania, USA
Craig Roy
Yale University, USA
David Russell
Cornell University, USA


Declarações da OMS sobre a pandemia H1N1: nega conflito de interesse e reafirma o estado de pandemia

O tema da pandemia da influenza H1N1 e assunto recurrente neste blog. Recentemente, divulgamos as acusações de possível conflito de interesse de membros do painel de aconselhamento da Organização Mundial da Saude (OMS) e também participantes da industria farmacêutica. Ha em curso uma investigação do parlamento europeu sobre o tema.
Hoje Erika Aragão, nossa colega na FIOCRUZ-Bahia, nos enviou noticia sobre as declarações  da OMS sobre o tema. 
A OMS vem de divulgar declarações feitas no Conselho da Europa (texto completo) e sobre as alegações de conflito de interesse (texto completo).
Nas declarações, a OMS, reafirma os seus necessários vínculos com a industria farmacêutica e assegura que opera com mecanismos de salvaguarda para lidar com conflito de interesse:
"WHO recognizes that global cooperation with a range of partners, including the private sector, is essential to pursue public health objectives today and in the future. Numerous safeguards are in place to manage conflicts of interest or perceived conflicts of interest among members of WHO advisory groups and expert committees."
Reafirma ainda a existência da pandemia:
"The world is going through a real pandemic. The description of it as a fake is wrong and irresponsible. We welcome any legitimate review process that can improve our work."
A declaração do Dr. Fukuda, no Conselho da Europa, em nome da OMS, conclui com:




"In closing, I would like to reiterate the most basic point. This current influenza pandemic is a scientifically well-documented event in which the emergence and spread of a new influenza virus has caused an unusual epidemiological pattern of disease throughout the world. This is not an arbitrary matter of word-smithing, definitions or polemics. The labelling of the pandemic as "fake" is to ignore recent history and science and to trivialize the deaths of over 14 000 people and the many additional serious illnesses experienced by others.
As we go forward, the world will continue to face many difficult health challenges. The resources to face them are limited, especially among developing countries, and finding ways to do this better is the shared responsibility of Member States and organizations, such as the Parliamentary Assembly of the Council of Europe, as well as WHO."

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Geomedicina: Usar a informação geográfica do seu ambiente para o cuidado de saúde.

O ambiente influencia a sua saúde. Onde você vive, onde trabalha, para onde viaja exerce influencia na sua saúde. Como seu medico pode saber tudo isto.
Como relacionar os espaços por onde você vive e circula com os riscos ambientais? esta é a proposta da geomedicina.
Veja uma excelente palestra do TED:

Estatina na Doença Falciforme: As ligações entre hemólise, inflamação e infecção.




No último número do Journal of Clinical investigation há um artigo (Statins protect against fulminant pneumococcal infection and cytolysin toxicity in a mouse model of sickle cell disease) demonstrando o benefício do uso de estatina na proteção contra a infecção pneumocócica no modelo murino de doença falciforme (DF).
Embora pareça desnecessário lembrar, a demonstração de um efeito em modelo experimental não significa que algo semelhante ocorra no homem. Contudo, pode reforçar a necessidade de investigação semelhante no homem.
A doença falciforme é transtorno genético mais comum no mundo. Estima-se que haja 300.000 novos indivíduos afetados por ano. Além da hemólise intravascular e inflamação, a DF é caracterizada pela incidência elevada de infecção pneumocócica invasiva, o que pode levar à sepse fulminante. Há uma relação entre estes fenômenos. A hemólise leva à inflamação e a infecção invasiva é facilitada pelo estado pró-inflamatório (a inflamação aumenta a endocitose do pneumococo, via receptor, em células epiteliais e endoteliais).
Em condição de equilíbrio, a hemoglobina liberada é removida por proteínas como a haptoglobina. Nas enfermidades com elevada hemólise, a hemoglobina livre forma tetrameros os quais se dissociam em dimeros. Na presença de radicais livres, os dímeros de hemoglobina são oxidados em metemoglobina com liberação do heme. O heme livre leva a explosão respiratória intensa e dano tecidual. Este é um mecanismo presente em várias doenças que cursam com hemólise e tem sido bastante estudado na malária (veja “Cerebral malaria and the hemolysis/methemoglobin/heme hypothesis: shedding new light on an old disease”). 
Como as estatinas, além de sua atividade de redução do colesterol, possuem efeito anti-inflamatório, os autores do artigo testaram a hipótese que a redução da inflamação crônica, através do uso da estatina, resultaria em melhora da infecção pneumocócica na doença falciforme. Os resultados mostra que a hipótese estava correta: o uso da estatina levou a um aumento de sobrevida dos camundongos após o desafio com pneumococos.
A avaliação dos mecanismos de proteção mostrou:
“The protective effect resulted in part from decreased platelet-activating factor receptor expression on endothelia and epithelia, which led to reduced bacterial invasion. An additional protective effect resulted from inhibition of host cell lysis by pneumococcal cholesterol-dependent cytotoxins (CDCs), including pneumolysin. We conclude therefore that statins may be of prophylactic benefit against invasive pneumococcal disease in patients with SCD and, more broadly, in settings of bacterial pathogenesis driven by receptor-mediated endocytosis and the CDC class of toxins produced by Gram-positive invasive bacteria.”
Este estudo ilustra a necessidade de interpretar cuidadosamente a relação entre inflamação e proteção. A resposta imune tanto tem papel protetor como é capaz de promover dano tecidual e nem sempre é possível separar estes dois aspectos. A inflamação pode conferir vantagens aos patógenos, ao aumentar a expressão de receptores que podem ser utilizados para invasão celular. 
Est modus in rebus e devemos nos acautelar de conselhos como Quod abundat non nocet.



Rosch, J., Boyd, A., Hinojosa, E., Pestina, T., Hu, Y., Persons, D., Orihuela, C., & Tuomanen, E. (2010). Statins protect against fulminant pneumococcal infection and cytolysin toxicity in a mouse model of sickle cell disease Journal of Clinical Investigation DOI: 10.1172/JCI39843

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domingo, 24 de janeiro de 2010

Os negócios com o patrimônio genético da Islândia

Há quase um ano (17.02.2009) colocamos no blog o assunto do patrimônio genético da Islândia. "as ações da deCODE foram lançadas a US$ 30 e agora estão a cerca de US$ 0,45, a empresa, e principalmente o seu patrimônio, ou melhor o patrimônio genético islandês, pode ser colocado à venda em breve. É fácil constatar que o capital está bem protegido e que pode ser um bom investimento, basta não se preocupar com ética e outros pequenos detalhes..."
Em 6 de março, voltamos ao tema:
"Você que viu que o patrimônio genético da Islândia poderia ir a leilão e estava fazendo as contas da poupança para arrematá-lo, pode tirar o cavalinho da chuva. A deCOde parece que vai conseguir sobreviver aos tempos difíceis. Veja a notícia abaixo:
“Eight months after being targeted by California regulators with a ‘cease and desist’ letter, deCode Genetics, a biotech company based in Reykjavik, last week received the equivalent of the state’s blessing: a clinical laboratory licence.

deCode’s in-house laboratory has passed muster with state regulators, and the company can begin marketing genetic tests in California. Last June’s letter threatened deCode with penalties of up to US$10,000 a day for marketing to California residents (see Nature 453, 1148–1149; 2008).

Two other high-profile firms — 23andMe and Navigenics — that received the letter were granted licences in August.

Kári Stefánsson, deCode’s chief executive, says that the firm is awaiting a similar licence from the state of New York.” Nature fev.2009."
Hoje o The Great Beyond noticia:
"deCode makes a comeback - January 24, 2010
Two months after filing for bankruptcy, a subsidiary of the 14-year-old genomics company deCode, based in Reykjavik, Iceland, will be resurrected as a privately owned company.

The struggling company, which had made a name for itself with its genetic database of 140,000 Icelanders, was wracked with hundreds of millions of dollars in debt at the start of the financial crisis in the fall of 2007. In 2008, it was threatened with delisting from the NASDAQ stock exchange after its stocks dropped by 54%. DeCode challenged the delisting, but was forced to declare bankruptcy in November 2009.
Research at the new deCode will be headed by its founder, neuroscientist Kari Stefánsson, and the company will continue to develop gene-based diagnostics, perform personal genome scans, and contract with pharmaceutical firms, while abandoning its in-house drug discovery efforts. The rebirth was orchestrated by the venture capital consortium Saga Investments, which purchased the deCode subsidiary, Islensk Erfdagreining, with the approval of a Delaware bankruptcy court."



Vale a pena reduzir o sal da dieta?

Vale a pena reduzir 3 g de sal por dia na dieta? Em primeiro lugar, pouca gente deve ter idéia do que equivale a 3 g de sal na hora de preparar a comida. Equivalem, aproximadamente, a meia colher de chá. As receitas expressam as quantidades de colheres, mas imagino que cada pessoa enche a colher de uma maneira, mas vamos imaginar que todos medem corretamente a colher de chá (lógico que mais difícil ainda tingir uniformidade na meia de colher de chá).
Um estudo do New England Journal of Medicine (20.01.2010) prevê que se cada americano reduzisse 3g de sal diários na sua dieta haveria entre 60.000 e 120.000 menos novos casos de doença cardíaca coronoriana e até 99.000 novos infartos do miocárdio. Seriam entre 44.000 e 92.000 menos mortes por ano.
A metodologia do trabalho foi:
We used the Coronary Heart Disease (CHD) Policy Model to quantify the benefits of potentially achievable, population-wide reductions in dietary salt of up to 3 g per day (1200 mg of sodium per day). We estimated the rates and costs of cardiovascular disease in subgroups defined by age, sex, and race; compared the effects of salt reduction with those of other interventions intended to reduce the risk of cardiovascular disease; and determined the cost-effectiveness of salt reduction as compared with the treatment of hypertension with medications.
Temos que considerar que 3g de sal (de cozinha) equivalem a cerca de 1.200 mg de sódio. As atuais recomendações dietéticas nos EEUU são de no máximo 2.400 mg de sódio por dia para um adulto.
Os autores concluem que uma redução modesta do consumo de sal terá muito benefícios para a saúde. Um dos problemas é como tornar prática esta recomendação. Grande parte do sal da dieta não é adicionado na cozinha e sim já está contido na comida. Alguns alimentos, como carne e peixe, já contém naturalmente sal, em outros o sal é adicionado durante o preparo industrial.  A comida contém, sem adição extra, cerca de 10% do sal da nossa dieta, outros 15% são adicionados na cozinha e cerca de 75% o são pela indústria de alimentos.
A American Heart Association tem várias recomendações a respeito (não somente para o consumo de sal) que incluem atitudes e cuidados desde a compra dos ingredientes, o seu preparo e também para quando se come fora de casa. Estes folhetos estão disponíveis na internet. A Sociedade Brasileira de Cardiologia tem algumas recomendações e até algumas receitas.
Para se obter uma redução consistente no consumo de sal, além de uma reeducação alimentar e da alterações de práticas na cozinha doméstica, serão necessárias medidas da indústria de alimentos e dos restaurantes. Alguns países já implementaram controles mais restritos na indústria e os EEUU discutem algo nesta linha.



Bibbins-Domingo, K., Chertow, G., Coxson, P., Moran, A., Lightwood, J., Pletcher, M., & Goldman, L. (2010). Projected Effect of Dietary Salt Reductions on Future Cardiovascular Disease New England Journal of Medicine DOI: 10.1056/NEJMoa0907355
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